O ciclone tropical Sandy, que atingiu a Costa Leste dos Estados Unidos, foi o grande acontecimento da semana. Com a paralização de NY e região, a bolsa norte americana funcionou apenas via sistema eletrônico e muitos agentes ficaram fora do mercado. Com poucos agentes operando, não há força suficiente para defender movimentos mais bruscos de mercado.

Enquanto isso alguns fatores impedem altas consistentes. A demanda segue retraída, sem grande interesse por parte do comprador em repor estoques. O produtor brasileiro continua aguardando a melhora dos preços para colocar café no mercado e os estoques americanos não foram atingidos pelo ciclone tropical Sandy.

A divulgação dos dados norte americanos de aumento de produtividade de mão-de-obra e queda no número de pedidos de auxílio desemprego, seguraram novas perdas em commodities nesta quinta-feira (01), mas o café não resistiu.

O mercado rompeu novamente o suporte de 154,50 pela manhã. Após um movimento de recompra, novas vendas levaram o contrato 153,05, nova mínima.

Com fundos de investimento em posição vendida recorde, a resistência do mercado em dar sequência abaixo de 154,50, a chegada do inverno no Hemisfério Norte, a situação de estoques apertados e a expectativa de que o Brasil não tenha colhido os 50,4 milhões de sacas em 2012, acredita-se em uma recuperação de preços para o médio prazo.

Na bolsa de Nova York o contrato dez/12 encerrou o dia a US$154,70/lb com perda semanal de 305 pontos.

Na BM&FBovespa, o vencimento dez/12, encerrou cotado a US$ 200,15/saca, (R$ 406,70) oscilando de 199,00 a 209,00 na semana, com queda acumulada de US$ 8,40/saca.

Segundo dados divulgados pela Secretária de Comércio Exterior (Secex), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), as exportações brasileiras de café em grão obtiveram receita de US$ 570,8 milhões em outubro, com média diária de US$ 25,9 milhões. O volume embarcado totalizou 2,669 milhões de sacas. Em comparação com outubro de 2011 houve uma queda de 37,2% em receita média diária e de 15,4% na quantidade média diária embarcada. Já preço médio caiu 25,8%.

A comercialização parece andar bastante devagar, o que afasta ainda mais os participantes do mercado.

Nas lavouras brasileiras a preocupação é referente ao clima. No Paraná, a chuva volumosa prejudicou o corte e os novos plantios. Em São Paulo e Minas Gerais, a temperatura elevada e as chuvas escassas prejudicam o desenvolvimento da florada. A partir de hoje (01) uma nova frente fria promete chuvas para boa parte das regiões produtoras, até domingo, o que deve melhorar o andamento da safra.

No mercado físico, cafés com 15% de cata, base Varginha/MG, estão sendo comercializados de R$ 370,00 a R$ 375,00/saca. No Cerrado Mineiro, a saca do café arábica fino saiu de R$ 380,00 a R$ 385,00.

Vale lembrar que nos atuais preços de mercado, alguns produtores já começam ter dor de cabeça. De acordo com dados do Campo Futuro 2012, o custo operacional efetivo (COE) registrado foi de R$ 390 por saca em Manhumirim, na Zona da Mata de Minas, segundo dados do Campo Futuro 2012. Em Santa Rita do Sapucaí, no Sul de Minas, o custo foi de R$ 352. Em Guaxupé, na mesma região, foi de R$ 370,61.

Natália Fernandes
Assessora Técnica
Comissão Nacional do Café – CNA