O cenário que temos visto ultimamente no mercado de café é: consumo crescente de café, tradicional e especial, estoques apertados, diversificação de formas de preparo e consumo, safra em países produtores com quebra principalmente em função de adversidades climáticas, dificuldade de ampliação das áreas de cultivo, ou seja, oferta restrita e demanda aquecida.

A questão é que não há previsão de aumento de oferta para suprir a demanda pelo menos para os próximos 2 anos. Então a tendência é que os estoques sejam reduzidos ainda mais e os preços do produto subam.

Temos visto uma tendência de alta nos preços do café desde meados de 2010. Ok, falta café arábica, então preços sobem. Esse movimento fez com que os diferencias entre arábica e conilon aumentassem. Diante dessa situação, começou a busca por café conilon, que tem qualidade e preços inferiores, porém acabam sendo uma alternativa para momentos de valorização do arábica.

Se parar pra pensar, e não precisa de muito, a tendência para o café seria de alta, visto que a safra brasileira para 2012 já não será tão grande como se esperava, e a colheita dos centrais e Colômbia foi prejudicada pelo clima. Ou seja, menos café.

Segundo a OIC a produção mundial para 2012 deve atingir 127 mi sacas, enquanto o consumo está na ordem de 133 mi sacas.

E por que essa alta não tem sido vista nos últimos meses?

Infelizmente a economia passa por ciclos e agora estamos sofrendo com a crise nos países da zona do Euro e EUA. Passa um dia, dois, quatro, uma semana e nada de notícias positivas para esses mercados.

Bancos quebrando, rating de dívida sendo rebaixado, incertezas quanto a saúde da economia mundial, demissões em grandes empresas, troca de poderes nos governos, queda de PIB e por aí vai. Esses acontecimentos tem deixado investidores, especuladores e outros agentes do mercado receosos, fugindo dos ativos de risco como as commodities.

Além disso, as commodities agrícolas acompanham a movimentação das bolsas internacionais, e commodities como petróleo, e vão em direção contrária ao dólar. Aí está parte da explicação da queda de preços dos últimos meses.

Digo parte da explicação pois não está tão simples analisar este mercado. Tem dias que os fundamentos do café comandam o mercado, mas isso não tem sido freqüente. Os fundamentos macroeconômicos têm mandado mais, e cada dia aparece uma surpresa. E nessa, o mercado segue meio sem tendência.

Mas uma coisa é fato: vai faltar café e o preço vai ter que subir. A lei de oferta e demanda não muda. Temos que esperar passar essa onda de crise e então ver o mercado de café guiado mais por fundamentos de oferta e demanda.

Com menos negócios, tanto nos mercado físico como futuros, esse último continua sendo boa oportunidade para garantia de preços futuros desejáveis.

Vale lembrar que tudo que vai, volta, tudo que sobe, desce!