As cotações caíram muito desde o início de 2012. Agora, parece que o mercado retornou ao patamar de US$ 130,00lb e US$ 140,00/lb, para o vencimento maio/13, visto antes do forte movimento de alta de 2011.
Fatores como a crise da zona do euro que já se reflete por toda economia mundial, a falta de políticas públicas no Brasil, a grande oferta do produto no mercado interno e o fraco interesse de compra por parte dos países importadores, têm influenciado o mercado de café.
Na semana as cotações do arábica acumularam considerável alta, porém parece que o mercado está apenas se recuperando das consecutivas quedas, e não revertendo a tendência de baixa.
Nesta semana o café na bolsa de NY oscilou de US$ 135,50/lb a US$ 141,35/lb, fechando a US$ 140,45/lb na sexta-feira (05), com US$3,30/lb de valorização acumulada.
Tanto não parece que está havendo uma reversão de tendência, que a posição vendida dos fundos de investimento permanece firme. Se os fundos permanecem vendidos, é porque ainda acreditam em novas quedas.
O que pode confirmar uma reversão de tendência é no caso de o mercado dar sequência acima desses US$140,00/lb, na ICE Futures.
Enquanto isso, os agentes do mercado permanecem na expectativa e na dúvida de que rumo o café vai tomar.
Na sexta-feira (05), ministro da Fazenda, Guido Mantega avaliou que a economia mundial ainda segue conturbada com a crise na Europa, o que exige do governo brasileiro ações de redução de custos das empresas no País. Além disso, dados da geração de empregos no setor privado dos Estados Unidos e a assimilação do mercado de que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro não deverá crescer 3% como esperado anteriormente, impedem altas consistentes para as commodities agrícolas.
Sem o interesse por parte do governo que o real se aprecie demais, o Banco Central deverá usar o câmbio para controlar melhor a inflação. Em função disso, o dólar comercial caiu mais de 1% apenas na sexta-feira, cotado a 1,9870 na compra e 1,9890 na venda.
Mercado físico
Enquanto isso, os negócios no mercado interno permanecem fracos. A oferta de café arábica no mercado é grande, o que tem pressionado ainda mais os preços.
O resultado da redução da demanda por arábica e o aperto da oferta de robusta levou o diferencial de preços ao menor nível em 4 anos, de acordo com análise do Cepea/Esalq.
Em março, a diferença entre o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, bebida dura para melhor, e o do robusta tipo 7/8, bica corrida, a retirar no Espírito Santo foi de 56,19 reais por saca – vantagem de apenas 22,7% para o arábica – a menor desde março de 2009. No comparativo das séries Cepea das duas variedades, o menor diferencial foi verificado em julho de 2008, quando o Indicador do arábica tipo 6 esteve apenas 18,5% superior ao do robusta tipo 7/8. O outro extremo ocorreu em março de 2011, com o indicador do arábica 153% maior que o do robusta: R$ 524,27/sc contra R$ 207,19/sc.
No mercado físico o café arábica, tipo 6, bebida dura chegou a ser cotado a R$ 312,00/saca nesta sexta-feira, com compra a R$312,00/saca e venda a R$ 317,00/saca.
E para o curto e médio prazo...
Se de certa forma o mercado não teve força para reagir neste início de ano, período de entressafra no Brasil, a expectativa para os próximos meses não são muito positivas já que não temos notícias altistas até então.
No cenário macroeconômico ainda há muitas incertezas. Em relação ao café, um bom volume de grãos deve começar a ser colhido no Brasil nos próximos meses, enquanto os compradores internacionais têm pressionado por preços ainda mais baixos enquanto utilizam seus estoques.
Quanto ao clima para o período de colheita, não há muita preocupação. Até então o clima foi favorável ao desenvolvimento das lavouras brasileiras.
Para o mercado na próxima semana, resta ficar de olho se o mercado dará sequência à alta vista nessas duas últimas semanas. Se isso não ocorrer, as cotações podem tentar romper o nível de US$ 133,00/lb (ICE Futures).
Enquanto isso, o setor continua ansioso pela intervenção do governo quanto ao anúncio de políticas públicas efetivas.
Assessora Técnica - Comissão Nacional do Café
Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil - CNA
Breno de Mesquita
Presidente - Comissão Nacional do Café
Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil - CNA