Mesmo ainda em tendência de baixa e com grande oscilação, as cotações do café acumularam leve alta na semana.

Na terça-feira (05) o café registrou forte queda nos mercado futuros, influenciados principalmente pela especulação quanto à safra recorde no Brasil mesmo em ciclo de bienalidade baixa. Além disso, a afirmação do gerente da Federação Nacional de Cafeicultores, Luis Genaro Muñoz, de que a produção de café da Colômbia nesse ano será de 10 milhões, corroborou para o movimento.

Contudo, a segunda metade da semana foi marcada por uma recuperação nos preços, frente à estiagem no Vietnã e perspectiva de que a produção de café na América Central e no México na temporada 2013/14 despenque, à medida que um grave surto de ferrugem reduz a produção.

De acordo com Ricardo Villanueva, presidente do conselho consultivo para o setor privado da OIC e ex-presidente da associação dos produtores na Guatemala (Anacafé), comenta que o dano é tão forte e a ferrugem tão resistente que os defensivos agrícolas usados não conseguirão resolver a situação pelos próximos dois a três anos. "A única maneira de solucionar a situação é com um novo plantio”, conclui.

A desvalorização do dólar na semana contribuiu também para a leve recuperação das cotações do café, que encerrou a sexta-feira cotado a US$c144,05/lb (US$ 190,55/saca), com valorização de 105 pontos na semana, na bolsa de NY para o contrato de maio/13.


Na BM&FBovespa o vencimento setembro/13 encerrou cotado a US$ 182,00/saca, com leve alta de US$0,60/saca na semana.

O mercado tem tido dificuldade de encontrar um fundamento que segure os preços e inverta a tendência. O grande número de posições vendidas na bolsa de NY, com 33.864 contratos até quinta-feira (07), mostra que os investidores continuam apostando em novas quedas.

Observando e participando do mercado nessa tendência de baixa, os cafeicultores brasileiros se mostram extremamente preocupados com a renda no campo.

Em busca de medidas emergenciais para o setor, representantes da CNA estiveram reunidos na última quarta-feira (06) com o Secretário e Política Agrícola do Ministério da Fazenda, João Rabelo.

O presidente da Comissão Nacional do Café, Breno de Mesquita, reiterou a importância de que o preço mínimo seja imediatamente revisado de R$ 261,69 para R$ 340,00/saca. Além disso, destacou a necessidade da realização de leilões de Prêmio de Equalização Pago ao Produtor (PEPRO) para o café, prevendo-se o primeiro leilão em agosto de 2013. Foram propostas algumas outras medidas complementares como o lançamento de programa de Opções Públicas; a liberação de linha de credito de R$ 900 milhões do FUNCAFÉ para que os produtores e cooperativas possam manter o programa de estocagem; e a prorrogação de prazo de vencimento até que o preço de comercialização do café no mercado interno atinja o preço mínimo corrigido, acrescido da taxa de juros transcorrida do momento da pactuação do crédito até a sua efetiva liquidação.

Acredita-se que, em breve, o Ministério da Fazenda juntamente com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) anunciarão medidas de apoio à cafeicultura, em reconhecimento à crise que a atividade vem atravessando.

Comercialização

De acordo com o Balanço das Exportações divulgado pelo CeCafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil), as exportações brasileiras de café apresentaram um crescimento de 8% no volume de sacas embarcadas no acumulado dos meses de janeiro e fevereiro (4.713.047 sacas) em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram exportadas 4.363.413 sacas. Já a receita registrou uma queda de 19,6% na mesma base comparativa, fechando em US$ 933,434 milhões.

Guilherme Braga, diretor-geral da entidade, comenta que “este é um volume considerado bom, tendo em vista a situação de instabilidade do mercado, na qual a tendência dos compradores e dos vendedores é ficar em uma posição de expectativa e adiar as transações à espera das melhores condições de negociação”.

No mercado interno, o indicador Cepea/Esalq para o café arábica, bica corrida, tipo 6, bebida dura para melhor, variou de R$ 312,58/saca a R$ 302,91/saca, encerrando a semana com queda acumulada de R$ 2,79/saca.

Com o patamar de preço baixo, os produtores de café que estão capitalizados se mostram retraídos, enquanto os que precisam fazer caixa efetuam vendas pontuais, o que mantêm os negócios em ritmo lento.

E na próxima semana...

Com o mercado de café bastante especulativo, guiado fortemente por fatores técnicos (gráfico) e sofrendo com a ausência do anúncio de medidas emergências por parte do governo brasileiro, novas quedas de preços podem ser vistas na próxima semana.

Para o café na bolsa de NY os pontos se suporte são 143,10, 141,30, 140,50. São pontos de resistência. 145,00,147,50 e 149,50.

Confirmações sobre a quebra de produção nos países Centro-Americanos em função da incidência da ferrugem e o anúncio de medidas emergenciais por parte do governo brasileiro, podem dar sustentação aos preços de mercado.

Vale ressaltar que a demanda mundial segue aquecida e o volume a ser colhido no Brasil não será suficiente para suprir o consumo interno e as exportações.