Ainda sem medidas emergenciais para ajudar a cadeia produtiva do café no Brasil, que vem sofrendo com consecutivas quedas de preços e perda de rentabilidade, o mercado não tem encontrado sustentação.
A alta do dólar frente às incertezas do cenário macroeconômico também influenciou a queda.
Além disso, informações da Green Coffee Association (GCA) mostram que os estoques norte-americanos de café verde registraram um aumento de 116.122 sacas em fevereiro de 2013 na comparação com janeiro. Até fevereiro o volume depositado somava 4.891.683 sacas.
Diante tantos fatores baixistas, as cotações do café fizeram novas mínimas na sexta-feira (15), atingindo os menores níveis dos contratos. O vencimento maio/13 para o café arábica na bolsa de NY oscilou entre US$ 137,15/lb (US$ 181,42/saca) e US$ 144,85/lb (US$ 191,61/saca), encerrando a semana cotado a US$ 137,40/lb (US$ 181,75/saca), com desvalorização acumulada de 645 pontos.
Com poucos negócios, na BM&FBovespa o movimento não foi diferente. O contrato setembro/13 oscilou de US$ 172,65 a US$ 183,00, encerrando a semana a US$ 173,40/saca, acumulando perda de US$ 8,60/saca.
No mercado físico os negócios seguem lentos. O café arábica, tipo 6, bebida dura para melhor foi comercializado de R$ 307,28/saca a R$ 309,95/saca na semana. Segundo colaboradores do Cepea, entre 30% e 40% da última safra de café arábica ainda permanecem nas mãos de produtores/cooperativas, mostrando o desinteresse pela venda aos níveis de preços que o mercado se encontra.
Contudo, ao passo que um desaquecimento do consumo é observado principalmente pelos grandes consumidores, acredita-se em um aumento do mesmo por parte dos países emergentes como Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Segundo a torrefadora italiana illycaffè, a tendência de aumento do consumo fora do lar e o salto de 1 bilhão de pessoas para classe média até 2020 nos países emergentes, devem impulsionar o consumo.
Enquanto isso, o setor aguarda o anúncio de medidas emergenciais por parte do governo. Na quinta-feira (14), representantes da Comissão Nacional do Café da CNA se reuniram com o Secretário-Executivo do MAPA, José Carlos Vaz, para reforçar a necessidade de reajuste imediato do preço mínimo para R$ 340,00/saca, de forma que passe a cobrir os custos de produção do café, assim como a importância do lançamento de leilões de PEPRO e da prorrogação de dívidas a vencerem no fim de março.
Estiveram presentes na reunião o presidente da Comissão Nacional do Café da CNA, Breno Mesquita, a Assessora Técnica Natália Fernandes e a Superintendente Técnica da mesma instituição, Rosemeire dos Santos.
Em momento como esse, é de extrema importância a rápida intervenção do governo quanto ao anúncio de políticas públicas e de ferramentas de mercado que garantam renda ao produtor.
Assessora Técnica da Comissão Nacional do Café da CNA
Breno Mesquita
Presidente da Comissão Nacional do Café da CNA