Confirmando que esta será a maior safra de ciclo de baixa bienalidade já produzida no país, a Conab divulgou a 2ª Estimativa de safra para o café no Brasil, apresentando um volume a ser colhido de 48,59 milhões de sacas de 60 quilos de café beneficiado (arábica e robusta). O resultado representa uma redução de 4,4% (2,23 milhões de sacas) quando comparada com a produção de 50,83 milhões de sacas obtidas na temporada anterior, devido a baixa bienalidade e ao regime de chuvas bastante irregular aliado às altas temperaturas.
Então, os fundamentos do café somados às incertezas do cenário macroeconômico impediram que o mercado desse sequência ao movimento de alta das últimas semanas. A valorização do dólar contribui para a queda das commodities, inclusive o café.
O dólar foi afetado pela divulgação de dados piores que o esperado de emprego, indústria e do setor imobiliário nos Estados Unidos, que para alguns agentes afastam a possibilidade de o Federal Reserve (Fed) antecipar o processo de normalização da política monetária do país. Por outro lado, mais dois presidentes regionais do Fed, Richard Fisher, de Dallas, e John Williams, de São Francisco, disseram ontem que gostariam que a autarquia já começasse a reduzir os estímulos econômicos em vigor atualmente.
Enquanto isso, o fungo “roya” tem sido a grande preocupação dos produtores de café da América Latina. A ferrugem tem prejudicado a produção na ordem de US$ 500 milhões e deve eliminar 374.000 empregos na safra deste ano, segundo a Organização Internacional do Café (OIC). O ataque das lavouras tem dizimado boa parte dos cafés de qualidade produzido pelos países como Guatemala, Honduras, Costa Rica El Salvador e Nicarágua, fazendo com que os preços desse tipo de café subam ainda mais.
MERCADOS FUTUROS
Na semana o contrato junho/13 na bolsa de NY (ICE Futures) teve grande oscilação, indo da máxima US$ 146,85/lb a mínima de US$ 136,75/lb, encerrando a semana cotado a US$ 137,05/lb com forte desvalorização de 5,12% (715 pontos).
Ainda como fator baixista, a Green Coffee Association (GCA) anunciou um aumento dos estoques norte-americanos de café verde (em grão) em 90.759 sacas de 60 quilos no mês de abril de 2013 na comparação com março. O total de café verde depositado nos armazéns credenciados pela GCA em 30 de abril de 2013 chegava a 4.867.677 sacas, ante as 4.776.918 sacas em 31 de março de 2012.
A BM&FBovespa acompanhou o mercado internacional e também acumulou queda na semana, oscilando de US$ 178,60/saca a US$ 166,05/saca para o contrato setembro/13, encerrando a semana cotado a US$ 166,80/saca (R$ 338,60/saca), com 5,23% de baixa.
MERCADO FÍSICO
Com as desvalorizações do café no mercado futuro, a saca de café no mercado físico encerrou a semana valendo menos que a semana anterior. O indicador Cepea/Esalq para o arábica, tipo 6, bebida dura para melhor, encerou a quinta-feira (16) a R$ 300,70/saca, com queda de R$ 11,36/saca na semana.
De acordo com informações do Cepea/Esalq, a colheita da safra 2013/14 do café arábica foi iniciada nesta semana em algumas regiões de Minas Gerais. Já houve, inclusive, sacas do café novo sendo comercializadas.
Em relação ao clima, segundo a Somar Meteorologia, no período entre 22 e 26 outra frente fria avança pelo leste da Região Sudeste, com chuvas somente em áreas costeiras, não devendo prejudicar as lavouras cafeeiras.
A comercialização da safra 2012/13 segue um tanto quanto atrasada, de acordo com Safras & Mercado. Até o dia 30 de abril 83% da safra havia sido comercializada, frente a 92% no mesmo período da safra passada. Também há atraso em relação à média dos últimos 5 anos, que aponta que 93% da produção normalmente já está negociada no período.
PARA A PRÓXIMA SEMANA...
De qualquer forma vale ficar atento às previsões climáticas. Do ponto de vista técnico, o US$140,00/lb virou resistência no curto prazo. Como o mercado rompeu o nível de US$138,00/lb, agora o suporte mais próximo é US$134,80/lb, com objetivo na mínima de US$132,70/lb.
Se as condições climáticas se mantiverem favoráveis à colheita no Brasil e nenhuma política de renda for anunciada por parte do governo brasileiro, a tendência de queda deve se firmar nas próximas semanas.
Natália Fernandes
Assessora Técnica - Comissão Nacional do Café
Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil - CNA
Breno de Mesquita
Presidente - Comissão Nacional do Café
Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil - CNA