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As rentabilidades dos Cafés do Brasil

NATÁLIA SAMPAIO SENE FERNANDES

EM 10/01/2013

4 MIN DE LEITURA

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 O Brasil é o grande player de mercado quando o assunto é café. Maior produtor, maior exportador e segundo maior consumidor mundial.

Um país de muitos sabores é resultado dos diferentes climas, altitudes e relevos nas regiões produtoras. Doçura, acidez, equilíbrio, corpo e outras características sensoriais mais detalhadas são encontradas nos cafés do Brasil.

Cada produtor com sua tradição, cada região com seu diferencial, com seus valores, com suas dificuldades específicas, compõe o maior país produtor de café do mundo.

As particularidades de cada região também refletem no custo de produção e rentabilidade da atividade. Com produção de café nos estados de São Paulo, Paraná, Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais e Rondônia, as lavouras brasileiras têm sistemas que vão desde os totalmente mecanizados e irrigados, até os totalmente manuais.

Em 2011 o café teve seu pico e as cotações chegaram a ultrapassar o nível R$ 550,00/sc de 60 kg, ano em que todas as regiões conseguiram obter boa rentabilidade com a atividade cafeeira no Brasil.

Contudo, em períodos de queda de preços como foi e está sendo o ano de 2012, alguns produtores já começam a ter “dor de cabeça” para pagar as contas.

Segundo dados do Campo Futuro 2012, projeto de levantamento de custos de produção realizado pela Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil - CNA em parceria com a Universidade Federal de Lavras – UFLA, o Custo Operacional Efetivo (COE) da cafeicultura no município de Santa Rita do Sapucaí/MG é de R$ 352,52 por saca. O COE corresponde a todos os componentes de custos gerados pela relação entre os coeficientes técnicos (quantidade utilizada) e os seus preços. Também se enquadram os gastos administrativos e os custos financeiros.

De janeiro/12 a novembro/12 os preços do café seguiram em tendência de baixa, saindo de R$ 504,65/sc em janeiro, para R$ 346,60/sc em novembro, segundo indicador Cepea/Esalq para o café arábica, tipo 6, bebida dura, nível de preços que preocupa produtores de regiões como Santa Rita do Sapucaí/MG.

Santa Rita do Sapucaí se localiza no sul de Minas Gerais, sendo uma região que trabalha com manejo totalmente manual e sistema de cultivo não irrigado devido à sua alta declividade. A falta de mão-de-obra em época de colheita e a legislação trabalhista também impedem a sustentabilidade da cafeicultura desta região.

Neste município, com 100% da colheita manual, há a necessidade que “safristas” sejam contratados para a colheita e pós-colheita, o que representa aproximadamente 39% do COE. Pessoas na colheita participam em 41% do COE.

Com os altos custos de produção, as margens de lucro de regiões como Santa Rita do Sapucaí/MG, Manhumirim/MG e Guaxupé/MG (montanhosas), se mostraram negativas com a queda de preços observada em outubro e novembro do presente ano.

Segundo dados do Centro de Inteligência de Mercado - CIM da UFLA, em outubro a Margem Liquida Margem Líquida (ML = Preço - Custo Operacional Total (COT)) em Manhumirim-MG ficou negativa em R$ 84,49/sc em média, e em Guaxupé-MG ela ficou negativa em R$ 82,53/sc. A queda nos preços do café nestas regiões foi de 3,88% e 0,21% respectivamente.

Enquanto isso, outras duas regiões produtoras apresentam realidades bem distintas. Luís Eduardo Magalhães/BA e Monte Carmelo/MG, caracterizam-se por regiões planas, com sistema de cultivo irrigado e manejo mecanizado, o que permite a redução do custo de produção. Mais competitivas do que a região citada primeiramente, o COE de Luís Eduardo Magalhães/BA é de R$173,55/sc e o de Monte Carmelo/MG é de R$ 239,39/sc (Campo Futuro 2012).

Como em Luís Eduardo Magalhães/BA a colheita é realizada mecanicamente em 100%, Pessoas na colheita participam em apenas 2% do COE.

Entre as regiões mecanizadas, Luís Eduardo Magalhães/BA foi o município com maior margem de lucro, de acordo com os estudos do Campo Futuro 2012. Mesmo com queda nos preços de venda do café de 7,52%, entre agosto/12 e outubro/12 a Margem Líquida no município ficou positiva em R$ 168,27/sc, em média (CIM/UFLA).

A queda dos preços do café em 2012 foi influenciada principalmente pela pressão da safra brasileira e pelas incertezas decorrentes da crise da zona do euro e desaceleração econômica dos Estados Unidos. A média de preço do café em janeiro/12 era de R$ 485,80/sc (Cepea/Esalq). Já em 16 de novembro de 2012 o mercado atingiu o nível de R$ 352,90/sc, valor mais baixo do ano. Com mais de R$ 125,00/saca de desvalorização da saca do café no acumulado de 2012, o cenário da atividade cafeeira torna-se preocupante.

Para os diferentes sistemas produtivos empregados na cadeia do café, apresentam-se abaixo os grupos de custos e suas participações no custo operacional efetivo.




Visando preços melhores ao produto e maior renda ao cafeicultor, a adoção de boas práticas produtivas é fundamental. A produção de cafés de qualidade representa uma das melhores alternativas para a cafeicultura, principalmente em relação à viabilidade econômica da atividade. Diferenciais também podem ser obtidos através da produção de cafés certificados, sustentáveis e produto de Indicação Geográfica e Denominação de Origem.

Com isso, mesmo diante o desânimo do mercado, queda dos preços e redução da rentabilidade, algumas iniciativas brasileiras têm obtido significativos resultados.

Atualmente o Brasil é o maior produtor de cafés sustentáveis e o país que possui mais cafés com certificações.

Vale destacar também a evolução dos signos distintivos em regiões cafeeiras, como a Indicação Procedência (IP) e Denominação de Origem (DO). Nestes casos, a tradição do cultivo regional e as características dos cafés são reconhecidas e valorizadas. Até o final de 2012 o Brasil conta com três registros para IPs (Cerrado de Minas, Serra da Mantiqueira, Norte Pioneiro do Paraná), um pedido para IP em andamento (Alta Mogiana) e um para DO também em andamento (Cerrado Mineiro).



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NATÁLIA SAMPAIO FERNANDES

BRASÍLIA - DISTRITO FEDERAL

EM 14/07/2014

Muito obrigada, Jorge.

Os dados que vc precisa são referentes a que ano? Se preferir, me mande um e-mail que te passo os dados solicitados.

natalia.fernandes@cna.org.br

Abraço,
Natália Fernandes
JORGE HÉRETH

GUARANÉSIA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 14/07/2014

Finalmente alguém se arrisca a falar em custos e rentabilidade na cafeicultura dos nossos dias. Parabéns Natália!

Estou fazendo alguns cálculos e preciso te pedir um favor: cê teria como me informar o COT de Santa Rita do Sapucaí e o COE da região de Guaxupé? Me ajudaria muito.

Mais uma vez, Natália: Parabéns pela excelente matéria.


Jorge
RENATO REZENDE PAIVA

VARGINHA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 21/01/2013

Oi Natalia , muito bom e esclarecedor o artigo; lógico que a maioria das propriedades brasileiras se encontram no meio termo, ou seja , semi -mecanizadas, principalmente em se considerando que metade se encontram em M.G.; Vale ressaltar que o robusta vem aumentando a produção e produtividade , que aliado a menores custos , o colocam numa situação melhor com aumento da participação nos blends.
Mas o que mais importa é o que podemos fazer para evitar que o produtor continue perdendo a queda de braço nas politicas para o café , afinal existe concentração de volumes a serem comercializados em determinadas epocas do ano , tornando-se necessaria alguma medida que , no minimo , ordene a oferta.
No meu entender, "e nesse particular o seu artigo veio a calhar" , é necessario no momento que a conab , como orgão governamental , reveja o valor do custo de produção , tão bem colocado por voce , a um preço que seja condizente com a media supra citada , ou seja , em torno de R$ 300,00 , o que permitiria a realização de alguma politica publica que realmente traga resultado.Com este valor , mais o carrego , em torna de 10% , mais 10% permitidos por lei na elaboração das politicas publica, poderiamos aceitar o pagamento das estocagens -repasse FUNCAFÉ , EM CAFÉ, o que , com um minimo de recebimento vai balizar o preço acima dos R$360,00 , sem nenhum tipo de infrigencia a mercado , ou regras de politicas publicas.
Abraço,
RENATO PAIVA- VARGINHA - M.G.
CHARLES DOS SANTOS GIANGARELLI

LONDRINA - PARANÁ - PROVA/ESPECIALISTA EM QUALIDADE DE CAFÉ

EM 21/01/2013

natalia meus parabens pelo artigo que vc popricou eu sou corretor de cafe em londrina mas os clientes estão desanimados eles ficam perguntando por que o cafe subiu demais e agora esta preço ruim em londrina data 21012013 o praço cafe esta 335,00 continua muito rui um abraço charles dos santos gingarelli
ARTUR QUEIROZ DE SOUSA

CAMBUQUIRA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 17/01/2013

Excelente artigo, assim como em tempos de outrora trabalhava aqui mesmo neste site. Natália, eu acredito que o mercado tende a se ajustar, e evidentemente que distorções de custos entre regiões existirá, e com certeza o mercado que é soberano, vai encontrar suas saídas. Trabalho em região montanhosa, onde os custos de mão de obra, também são elevados, mas nem tanto quanto os apresentados por Santa Rita ou Guaxupé. Como disse o mercado é soberano, e tende a ajustar-se procurando alternativas. Nota-se uma grande presença, sobretudo na última colheita, do uso de derriçadeiras terceirizadas na colheita, bem como adequação de lavouras para colheita com máquinas automotriz e de arrasto. Vamos ter com certeza nos próximos anos, custos intermediários entre o totalmente mecanizado e o totalmente dependente de mão de obra na colheita, sobretudo. Grande Abraço, Artur
GINOAZZOLINI NETO

LONDRINA - PARANÁ - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 16/01/2013

Excelente artigo, sobretudo para desmistificar a idéia de que café tem alta rentabilidade. Mas, principalmente para demonstrar a complexidade da cultura que envolve inúmeros aspectos, alguns citados no artigo. Obrigado, Gino
JOSIANE COTRIM MACIEIRA

BRASÍLIA - DISTRITO FEDERAL - MÍDIA ESPECIALIZADA/IMPRENSA

EM 15/01/2013

Obrigada, Natália por divulgar informações tão importantes, embora preocupantes.
WILLIAN JOSÉ GOULART

MUZAMBINHO - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 14/01/2013

também sou produtor de café na região de Guaxupé, e concordo com seu artigo, Natalia.
mas acredito que essas certificações e esses pequenos diferenciais não serão suficientes para salvar a cafeicultura de montanha. Nossa região aqui de Guaxupé é caracterizada por pequenas propriedades, recortadas por montanhas intensamente povoadas por árvores (que não podem ser tocadas), pedras e áreas muito acidentadas, tudo isso inviabiliza a mecanização existente. Acredito que regiões com essas características irão passar por uma concentração nas propriedades, onde somente os trechos de topografia mais plana sobreviverá a cafeicultura. Ou se os produtores investirem na diversificação com outras atividades agropecuárias.
SAMUEL MENEGATTI ZOCA

EM 14/01/2013

Parabens pelo artigo Natalia. Muito bom.

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