Os produtores de café estão apreensivos com as consecutivas desvalorizações nas cotações do produto. Com negócios em ritmo lento e especulações sobre a próxima grande safra do Brasil, o mercado não estava encontrando um suporte.

Contudo, na última semana o mercado operou praticamente estável. Acredita-se que a quebra de produção no Vietnã em função da estiagem deu suporte ao café, juntamente com o menor volume colhido nos países da América Central e a redução das vendas brasileiras diante à sequência de desvalorizações do produto.

Os poucos negócios e as vendas retraídas por parte do Brasil, Vietnã, Uganda e Centrais deverá resultar em uma queda dos estoques dos grandes países consumidores.

Preocupados com a falta de rentabilidade do setor produtivo, a Frente Parlamentar do Café, presidida pelo Deputado Diego Andrade, se reuniu na terça-feira (19), às 15h, na Câmara dos Deputados, em Brasília/DF, juntamente com representantes da Comissão Nacional do Café da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), para discutir e apoiar as medidas já propostas ao governo.

Ainda em busca de sustentabilidade e políticas de renda para o setor, na última quarta-feira (20), representantes da Comissão Nacional do Café da CNA estiveram no Ministério da Fazenda com o Secretário de Política Agrícola, João Rabelo, para reforçar a necessidade da agilidade na aplicação de medidas emergenciais.

O presidente da referida Comissão, Breno Mesquita, expôs sua preocupação com o endividamento dos produtores perante a tendência de queda dos preços do café e a falta de política pública efetiva. Além disso, ele reforçou a necessidade da ampliação do prazo das dívidas vincendas em 2013 e da revisão do preço mínimo do café, o qual não sofre reajuste há 3 anos. A proposta é que o preço seja reajustado de R$ 261,69 para R$ 340,00/saca de 60 quilos, para o café arábica.

As medidas estão sendo reivindicadas pelo setor há meses, mas sem a intervenção do governo o cafeicultor se vê cada vez mais desprotegido e endividado.

Ciente da atual conjuntura, a presidente da CNA, senadora Kátia Abreu, solicitou ao ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Antônio Andrade, urgência nas ações para reverter a atual situação, enfatizando a necessidade da aprovação das medidas propostas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

Diante dos fatores positivos citados, um movimento de cobertura de posições vendidas por parte de fundos e especuladores sustentou as cotações no fim do pregão de sexta-feira (22). Movimentos como esse são comuns após consecutivos dias de queda, o que não significa que o mercado reverteu a tendência de baixa.

Na bolsa de NY o café encerrou a semana cotado a US$c135,30/lb, com 155 pontos de alta frente ao dia anterior. Mesmo com a valorização do final do pregão de sexta, a semana acumulou queda de 170 pontos.



A BM&FBovespa acompanhou a bolsa norte americana e o contrato setembro/13 encerrou cotado a US$170,00/saca, com leve valorização de US$0,85/saca na semana.



Para que as cotações tomem força e a tendência seja revertida, os fatores fundamentais como quebra de safra nos países Centrais, políticas públicas no Brasil e demanda crescente devem se manter. A crise econômica na zona do euro ainda tem influenciado o café, trazendo incertezas ao mercado que têm grande participação de fundos de investimentos e especuladores.

Agora, a expectativa é de que as medidas emergenciais sejam aprovadas na próxima quinta-feira (28), pelo CMN, e que isso dê mais segurança aos cafeicultores e firmeza ao mercado.


Natália Fernandes
Assessora Técnica da Comissão Nacional do Café da CNA

Breno Mesquita
Presidente da Comissão Nacional do Café da CNA