Não se pode continuar conceituando agronegócio como a sequência que vai da produção de insumo até o consumo, como têm tratado alguns autores que utilizam como conceito de agronegócio a caracterização da estrutura do setor agropecuário. Isto não é correto, tendo em vista que a estrutura e a dinâmica do agronegócio variam de acordo com a região, com o volume de negócio e, mesmo, com a finalidade. Consequentemente, a definição de políticas, bem como de ações a serem implementadas visando incentivo e controle, não pode deixar de se alinhar às características da estrutura e dinâmica do agronegócio.
Outro aspecto a se levar em conta, considerando o conceito, a estrutura e a dinâmica do agronegócio, é o modelo de coordenação. Com a reestruturação do setor, ele passou a exigir um modelo de coordenação focado no consumo e não na produção, como é realizado. O consumo é que deve puxar a produção, e não esta empurrar o produto para consumidor. A escassez de recursos, assim como os altos custos de produzir, nos diz que não se pode perder tempo e nem recursos produzindo além do que é demandado. Nesse sentido, a educação para o consumo, no Brasil, requer um trabalho árduo, por parte das autoridades governamentais. Tarefa que, acredito, seja o principal papel do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), nos próximos anos.
Atualmente, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) é responsável pela gestão das políticas públicas de estímulo à agropecuária, pelo fomento do agronegócio e pela regulação e normatização de serviços vinculados ao setor. O MAPA busca integrar sob sua gestão os aspectos mercadológico, tecnológico, científico, ambiental e organizacional do setor produtivo e também dos setores de abastecimento, armazenagem e transporte de safras, além da gestão da política econômica e financeira para o agronegócio. Com a integração do desenvolvimento sustentável e da competitividade, o MAPA visa à garantia da segurança alimentar da população brasileira e à produção de excedentes para exportação, fortalecendo o setor produtivo nacional e favorecendo a inserção do Brasil no mercado internacional.
Para atingir seus objetivos, o MAPA conta com uma estrutura fixa de cinco secretarias, 27 superintendências estaduais e suas respectivas unidades, uma rede de seis laboratórios, além do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) e da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), que abrigam cerca de 11 mil servidores espalhados por todo o Brasil.
Acontece que a forma de coordenação continua focada na produção, o que gera dificuldades operacionais e administrativas em face de, muitas vezes, não existir alinhamento entre os agentes da produção com o consumo. Isso é prejudicial a todos. Com a coordenação via consumo, principalmente pela educação, a população passará a ser um grande aliado do MAPA na execução das políticas voltadas par a segurança, a preservação ambiental e o desenvolvimento social. O consumidor será o principal fiscal da qualidade, da segurança e da responsabilidade dos agentes, cabendo aos profissionais do Ministério a tarefa de coordenação, agindo, assim, como maestro de um agronegócio brasileiro com qualidade e segurança.
Antonio Carlos dos Santos
Engenheiro Agrônomo, mestre e doutor em administração, graduando em direito, professor do Departamento de Administração e Economia da UFLA
Coordenador do GECAP - Grupo de estudos em Gestão de Cadeias Produtivas
Contato: acsantos@dae.ufla.br