Vila também será o instrutor do Curso Online Sucessão Familiar na Agropecuária e concedeu uma entrevista à AgriPoint sobre o assunto. Confira:
1. Qual a importância do conhecimento da natureza da sucessão familiar?
As palavras sucessão e sucesso possuem a mesma raiz semântica. Isto não ocorre por acaso. Sucesso na vida não costuma surgir de repente ou do nada. Normalmente trata-se de um esforço contínuo ao longo de muitos anos.
É nessa lógica que entra a sucessão. Só se fala de sucessão se houver algo para preservar e desenvolver. Pode ser uma tradição familiar, um negócio ou um conjunto de bens. Desta forma, a natureza da sucessão familiar reside no esforço de perpetuar um trabalho bem sucedido de anos ou gerações anteriores. Isto exige a incorporação constante de novas tecnologias e métodos de gestão e a inserção de jovens membros da família na atividade que darão sustento e ampliarão os ativos, ou seja, o patrimônio de todos.
2. Caso os herdeiros não se interessem por administrar o negócio, qual a melhor decisão a ser tomada?
É preciso separar os papéis dos herdeiros e do sucessor. A esposa e todos os filhos têm direito assegurado à chamada “parte legítima” da herança. Isto independe do seu interesse e vocação para o negócio. O sucessor pode, mas não precisa, necessariamente, ser um filho. Pode bem ser um sobrinho ou um profissional sem vínculo à família. É importante lembrar que é o negócio que gera renda para o sustento e o processo da modernização, além de ser o principal fator para a valorização da terra. Administrará a fazenda quem tiver maior capacidade profissional e gerencial. Dentro desse conceito, o “negócio” deve vir antes da “família”.
3. Que fatores são responsáveis pelo sucesso ou não do processo de sucessão familiar?
O processo sucessório é uma viagem longa, da qual só se conhece o início e não o fim. Trata-se de um dos assuntos mais complexos na vida das pessoas e das empresas. Assim, torna-se importante iniciar o planejamento no mínimo 10 anos antes da provável retirada do atual proprietário-executivo e de adotar medidas objetivas para a realização de diagnósticos, elaboração de cenários e definição de novos modelos de negócio.
4. Quais as maiores dificuldades percebidas por você no momento da sucessão familiar? Como isso pode ser solucionado?
A questão da sucessão é uma matéria muito importante, porém não urgente. As pessoas costumam estar focadas na solução de tarefas diárias e não encontram o tempo para uma reflexão estruturada sobre sua vida. Sendo assim, elas trocam o presente pelo futuro.
Outro ponto é que a sucessão está vinculada à imagem do falecimento do chefe da família. Essa é uma percepção equivocada. Pois sucessão ocorre a qualquer momento em cada nível de todas as empresas eficientes. Trata-se de mudar o velho e conhecido por algo novo que estará mais adequado às exigências do mercado e ao progresso tecnológico dos próximos anos. O comando terá que mudar com a exigência por novas competências e não com datas comemorativas ou calamidades no âmbito da família. No entanto, as pessoas costumam esperar até que o destino tome a iniciativa. Isto, naturalmente, tem seu custo material e emocional.
5. Quais são as estratégias para mudança de liderança do negócio familiar?
A sucessão demanda uma atuação simultânea em três frentes. Trata-se de prever as mudanças estruturais no âmbito da família, do negócio rural e da evolução do patrimônio. O desafio está na sincronização dessas três óticas que apresentam características, dinâmicas e prioridades distintas. Todo o processo começa com a conscientização sobre a necessidade de agir e sobre a natureza multifacetada da sucessão.
6. Quais são as principais ações necessárias no processo de sucessão rural?
A principal atitude deve ser a de não fugir do tema. Sucessão é um assunto obrigatório e não facultativo. Um dia colocar-se-á a questão. Quanto maior for o prazo de preparação, mais suave será a mudança do presente para o futuro. Isto vale tanto para a evolução da família quanto para a trajetória do negócio. Criar consciência, procurar aliados dentro e fora da família e iniciar o processo formal de diagnosticar e planejar o processo sucessório são as principais ações.
7. Que estratégias são usadas atualmente para manter o bom relacionamento, envolvimento e diálogo entre os membros da família?
As estratégias dependem da dimensão da família, da sua tradição cultural e da importância do negócio para a vida dos familiares que podem ter outras fontes de sustento. Como regra geral, deve-se criar a rotina de reuniões formais e informais de todos os familiares, de preferência uma ou duas vezes por ano na fazenda. Nessas oportunidades existe um clima adequado para tratar da visão da perpetuação do legado familiar e da fortuna que pertence ou pertencerá a todos. O envolvimento de conselheiros e mentores qualificados agilizará o processo e diminuirá o perigo de abordagens exageradamente emocionais.
8. O que os alunos poderão aprender de mais importante neste curso?
O curso procura mostrar a importância e amplitude da sucessão familiar. O conhecimento de conceitos, estratégias e exemplos, apoiado por check lists e referências bibliográficas em websites e artigos, proporcionará uma base para a tomada de decisão e o rumo da construção de um processo mais adequado à situação específica de cada participante.
O curso online Sucesão Familiar na Agropecuária terá início em 10 de julho. Para conhecer melhor o conteúdo do curso e fazer sua matrícula, clique aqui!