O manejo da fertilidade do solo está estreitamente relacionado com a produtividade das plantas, desde que os demais fatores de produção estejam adequados às exigências das culturas. O cafeeiro tem como característica grande exportação de nutrientes do solo, necessitando de adequada aplicação de corretivos e fertilizantes para alcançar altas produtividades.
Em geral, necessitam para o ciclo de vida de dezesseis nutrientes essenciais, sendo três (C, H e O) vindos do ar e da água, que compõem aproximadamente 95% do total do peso de uma planta, e os treze restantes divididos em macronutrientes (N, P, K, Ca, Mg e S) e micronutrientes (Fe, Mn, Zn, Cu, B, Cl e Mo). Como os solos tropicais, via de regra, são caracterizados pela baixa fertilidade, a nutrição da planta com esses nutrientes deve ser através da adubação.
Estes nutrientes exercem especificas e importantes funções na planta e podem ser divididos em estrutural, constituinte de enzimas, e ativador enzimático, com isso garantem adequado crescimento, desenvolvimento e produção, além de outros benefícios, como o aumento da resistência da planta ao ataque de pragas e doenças. Porém se os nutrientes não estiverem em concentrações adequadas nos tecidos da planta, podem ocorrer problemas com sintomas de deficiência ou toxidez.
Em folhas de café, esta deficiência altera os conteúdos de alguns aminoácidos, ácidos orgânicos e açúcar. Portanto, nas plantas deficientes ou com toxidez, tem-se um comprometimento no desenvolvimento de todas as estruturas de crescimento da parte aérea e das raízes, influenciando negativamente na produtividade e consequentemente na rentabilidade da atividade cafeeira.
Assim a cafeicultura necessita da adição constante de fertilizantes e corretivos. Para realizar uma adubação equilibrada, se faz necessário a realização de uma amostragem de solo correta. Pois somente através dela a correta nutrição do cafeeiro será possível, pois ela mostra a demanda dos nutrientes requeridos pelo cafeeiro, onde a determinação é feita por análises químicas. Assim se torna necessário a coleta de amostras de solo representativas do ambiente explorado pelo sistema radicular. A realização da amostragem de folhas, para análise foliar, também tem se mostrado uma ótima ferramenta para quantificação e realização das adubações no cafeeiro, principalmente nas últimas adubações.
Tipos de Amostragem
O procedimento de amostragem de solos é uma prática de grande relevância a fim de determinar a fertilidade do solo, para que se possa fazer a correção de forma mais precisa das características produtivas do solo, que afetará o potencial de rendimento final do cafeeiro. Portanto devem-se seguir critérios técnicos para realizar a coleta do solo, onde o solo deve ser coletado na projeção da saia, mais precisamente onde se aplica os adubos, atentando para coletar no mínimo 20 sub-amostras por gleba homogênea quanto ao tipo de solo, variedade, espaçamento e idade da cultura.
Para quem pretende implantar uma lavoura, devem-se efetuar amostragens de 0 a 20 cm e de 20-40 cm na mesma perfuração, pois na implantação é uma das únicas oportunidades de realizar correções do solo em maiores profundidade. Para lavouras que já se encontram implantadas, fazer coletas de 0-20 cm de profundidade, atentando para realizar essas coletas preferencialmente no período de maio a agosto. É aconselhável ainda a cada dois anos realizar amostragens de 20 a 40 cm de profundidade, na faixa adubada para verificar como está a fertilidade do solo em profundidade.
Também pode ser feita a análise das folhas do cafeeiro, visando maior eficiência na adubação, assim como o uso racional dos fertilizantes. Geralmente, a coleta das folhas é realizada no mês de dezembro, 30 dias após a segunda adubação. Com isto, serão quantificados os teores foliares de nutrientes na planta, adequando assim, a 3ª e 4ª adubação.
A amostragem deve ser feita por meio da coleta do 3º e 4º pares de folhas, no terço médio da planta, em 25 plantas por gleba, coletando-se um par de folhas de cada lado da planta.
O gesso pode substituir o calcário na correção da acidez do solo?
Apesar de muitos acharem que calcário e gesso agrícolas são semelhantes, esses dois produtos químicos possuem características e efeitos nos solos completamente diferentes. Cada um tem uma ação e efeito particular. O calcário possui baixíssima solubilidade no solo, tem a capacidade de elevar o pH do solo, além disso fornece Ca e Mg para o solo, sendo o carbonato responsável pela correção da acidez do solo. Já o gesso e constituído por Ca e S e por ser um sal e não uma base como o calcário, não tem a capacidade de elevar o pH do solo, logo não se deve fazer o uso do gesso como substituto do calcário com a intenção de corrigir a acidez do solo.
É viável a realização de uma super gessagem?
Muito tem se discutido sobre a aplicação de super dosagem de gesso no cafeeiro, porém para realizar uma prática assim é necessária a adoção de um sistema de manejo diferenciado para obter sucesso. Além disso, e necessário observar o tipo de solo, pois em solos arenosos corre o risco de, se realizada essa super dosagem de gesso, ocorrer à lixiviação dos nutrientes da camada superficial do solo para camadas mais profundas e o cafeeiro não ter acesso a esses nutrientes e ocorrer deficiências nutricionais ao cafeeiro, principalmente de potássio e magnésio. Portanto, se recomenda aplicar gesso de acordo com a análise de solo de 20 a 40 cm de profundidade, atentando-se para realizar a aplicação apenas se a análise química do solo atender aos requisitos abaixo:
- O teor de cálcio for menor ou igual a 0,4 cmolc/dm3.
- O teor de alumínio for maior que 0,5 cmolc/dm3.
- A saturação por alumínio (m) maior que 30 %.
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O artigo tem continuação! Entre o conteúdo publicado na Parte 2: qual tabela de recomendação utilizar para cálculo de adubação. Clique aqui e confira a segunda parte do artigo!
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Autores:
Giovani Belutti Voltolini – Graduando em Agronomia pela Universidade Federal de Lavras – Ufla, membro do Núcleo de estudos em Cafeicultura – Necaf e membro do Grupo de Estudos em Herbicidas, Plantas Daninhas e Alelopatia – GHPD.
Ademilson de Oliveira Alecrim – Eng. Agrônomo, Mestrando em Fitotecnia pela Ufla, membro do Núcleo de estudos em Cafeicultura – Necaf e membro do Grupo de Estudos em Herbicidas, Plantas Daninhas e Alelopatia – GHPD.
Nicolas Bedo Teodoro de Sousa – Graduando em Agronomia pela Universidade Federal de Lavras – Ufla, membro do Núcleo de estudos em Cafeicultura – Necaf