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Traqueomicose avança em lavouras de café conilon no Espírito Santo

POR JOSÉ BRAZ MATIELLO

TÉCNICAS DE PRODUÇÃO

EM 17/11/2017

3 MIN DE LEITURA

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A traqueomicose, doença que ataca o tronco de cafeeiros conilon, vem aumentando sua manifestação e já causa prejuízos, matando plantas em muitas lavouras do Norte do Espirito Santo e na área contigua do Sul da Bahia.

Foto: Gui Gomes/ Café Editora
                                          Foto: Gui Gomes/ Café Editora

Identificada a partir de 2012 em Pirapora (MG) e a partir de 2014 na região Norte do Espírito Santo, a  doença ganha importância nas regiões produtoras de conillon e causa preocupação aos cafeicultores e aos técnicos que os assistem.

Ainda existem dúvidas, mas apesar do pouco tempo já se aprendeu bastante sobre o comportamento da doença. Traqueomicose significa doença causada por fungos, que atinge os vasos da planta. O Brasil não vinha tendo problemas sérios com este tipo de doença: até uns 6 anos atrás era observada, apenas, uma fusariose branda em cafeeiros arábica, que ocorre em plantas bem velhas e progride lentamente sem apresentar problemas de natureza econômica significativa.

Os problemas do ataque em troncos de cafeeiros conillon verificados nos últimos anos, levam à morte parcial ou de um todo de plantas, sintomas semelhantes àqueles causados pela temível doença traqueomicose ou murcha vascular ou CWD (coffee wilt disease), a qual provoca severos prejuízos na cafeicultura de robusta em diversos países africanos – no Congo, em Uganda e Ruanda, sendo causada pelo fungo Fusarium xylarioides ou Gibberella xilarioides, transmitida de uma planta a outra pelos utensílios de poda, como facões.

Em visitas a campo feitas recentemente nas áreas de conilon em Aracruz, Linhares e Jaguaré, no Norte do Espírito Santo, foi possível verificar a crescente gravidade de ataque, justamente pelo uso em maior escala de podas em cafeeiros conillon. Observou-se que plantas novas, onde ainda não foram feitas podas, a doença não aparece. Já nos cafeeiros podados, seja naqueles onde se recepa hastes para a sua troca por novas, seja naqueles onde se faz o corte da ramagem lateral para a colheita de ramos, as ferramentas (serra ou foicinha) usadas ao ferir o tronco facilitam a contaminação, levando o fungo de uma planta doente para outra sadia.

Nesse sentido, pode-se ver, bem no inicio, o desenvolvimento de lesões junto aos ferimentos. Nas mesmas lavouras, logo abaixo dos cafeeiros doentes, mudas que nascem junto a eles ficam sadias, evidenciando que o fungo não consegue atacar via raízes.

As plantas atacadas mostram, inicialmente, uma ou mais hastes com folhas amareladas, depois segue-se a murcha e seca da copa. Ao cortar o tronco pode-se ver o tecido dos vasos e lenho escuros. Outra observação interessante foi a de que cafeeiros de certos clones são muito susceptíveis, enquanto de outros, ao lado, se mostraram praticamente sem a doença.

Foto: Divulgação
                                                 Foto: Divulgação

Este é o caso dos clones LB 1 e P1, muito susceptíveis, e do A1, quase sem ataque. Quanto ao agente causal, por duas vezes foi identificada a presença de Fusarium nos tecidos doentes do tronco, porém ainda não se tem uma identificação perfeita. Alguns técnicos da região levantaram a hipótese de causa abiótica, no entanto, as características de ocorrência da doença em apenas parte da planta, de atacar cafeeiros só depois de iniciadas as podas e, ainda, de ocorrer em plantas de certos clones e de outros não, embora vizinhas, dão certeza da causa biótica da doença.

Com base nas observações feitas podem ser indicadas medidas de prevenção/controle conforme em seguida:
  • 1- Desinfetar as ferramentas usadas para as podas: usar água sanitária diluída em água, podendo-se complementar por desinfecção de partes podadas;
  • 2- Eliminar plantas no início da doença, quando a planta mostra os sintomas iniciais, para evitar a contaminação de outras pelas podas;
  • 3- Replantar plantas que morrem com a doença;
  • 4- Observar o comportamento de cada clone e usar apenas clones que tenham resistência;
  • 5- Adotar sistemas de manejo com menos podas (plantios mais juntos, com condução de poucas hastes (uma ou duas/pl). 
Foto: Divulgação
                                                    Foto: Divulgação

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