Antes da década de 1970 as maiores áreas de cafezais, concentradas nos estados do Paraná e São Paulo, utilizavam espaçamento do tipo quadrado, na base de 3- 4 X 3- 4 m, com plantio de 3-4 mudas por cova. Nessa época, a manutenção de muita área de terreno livre tinha a ver com o uso de cultivos intercalares. Nesses espaçamentos se usavam menos de 800 covas por ha.
Com o plano de renovação de cafezais, a partir de 1970, com a ocorrência da ferrugem, os espaçamentos que passaram a ser indicados, à época, procuravam ser no formato mais retangular, mantendo a rua aberta, para facilitar a operação do maquinário de controle da doença e fechando um pouco na linha, ficando, os espaçamentos mais comuns, na base de 4 X 1,5-2,5m, ainda, na maioria, com 2 mudas por cova. O mais comum eram 1600 pl/ha.
A partir da década de 1980 muitos ensaios de espaçamentos foram conduzidos e resultaram na redução do espaçamento entre plantas para 1m e uma só muda por cova, tendo sido observado, na época, que duas mudas (plantas) espaçadas de 1 m produziam mais cerca de 30% do que as duas juntas nas covas a cada 2 m. Isto resultou num stand básico de cerca de 2500 pl/ha.
A evolução nas décadas de 1990 a 2000 mostrou que ainda se poderia reduzir mais a distância entre plantas na linha, para 0,5 a 0,7 m, com aumentos significativos de produtividade, especialmente nas safras iniciais. Também, nessa época, foram demonstrados muito produtivos espaçamentos adensados, com 1,7-2,0 X0,5m, muito importante para zonas montanhosas.
Assim, chegou-se, até recentemente, a dois sistemas básicos de espaçamentos mais usados na nossa atual cafeicultura, sendo o primeiro em renque aberto, com 3,5 - 4,0 m X 0,5m e o renque fechado ou plantio adensado, com 1,75-2,0 m X 0,5 m. O primeiro para zonas de mecanização plena e o segunda para áreas sem mecanização, sendo que o adensamento, sendo submúltiplo do renque aberto, pode ser transformado naquele, pela eliminação de uma linha a cada duas. Estes 2 sistemas compreendem stands de 5000 a 10000 pl/ha.
Como toda a tecnologia cafeeira, nos últimos anos, a questão do espaçamento ainda vem evoluindo, com ajustes nestes 2 sistemas básicos, partindo-se para um sistema intermediário, que resulta em um maior stand de plantas por ha e, mesmo assim, permita um bom manejo e facilidade nos tratos e na colheita. Deste modo, surgiu uma terceira via, que é o plantio semi-adensado, com espaçamentos na faixa de 2,5- 3,2 X 0,5m, combinado com o uso mais frequente de podas, principalmente do tipo esqueletamento. Este sistema compreende stand variável de 6300 a 8000 pl/ha.
Sabe-se que no café, como na maioria de outras culturas, a produtividade, dentro de certos limites, guarda relação com o numero de plantas por ha. Além disso, plantas mais próximas produzem menos e se estressam menos com a carga, podendo se recuperar melhor para a safra seguinte, resultando em maiores produtividades por área. Na tabela 1 pode-se ver que, em 3 períodos distintos de evolução nos espaçamentos, os trabalhos experimentais mostram, com clareza, a importância do stand de plantas por área sobre a produtividade
Pode-se ver que a evolução no espaçamento dos cafezais mudou até a forma de se falar da lavoura. No passado, até a década de 1990, os técnicos e os produtores se referiam à sua lavoura, sua área e produtividade, em covas de café e produção por mil plantas. De lá para cá, todos os quantitativos, índices e recomendações fazem menção somente por área de café.
Tabela 1- Efeito do espaçamento (número de plantas/área) sobre a produtividade dos cafeeiros em 3 ensaios, em 3 épocas de evolução.