A característica de vigor dos cafeeiros de uma determinada variedade é muito importante na análise prévia, visando sua escolha para plantio. O vigor das plantas de café é um atributo de natureza vegetativa, que se traduz na capacidade de se recuperarem bem após safras, se mantendo com bom crescimento e enfolhamento ao longo de muitos anos. Com isso possibilita-se a obtenção de médias produtivas mais duradouras e a longo prazo, como uma cultura perene exige. Assim, o vigor dos cafeeiros se correlaciona com sua produtividade.
Normalmente, na maioria dos materiais genéticos de cafeeiros, a falta de vigor se manifesta após as primeiras 3-4 safras, quando se mostram muito estressadas após a colheita, apresentado muita seca de ponteiros. No entanto, hoje em dia, a experiência acumulada mostra que o teste definitivo de vigor deve ser feito mais tarde, com cerca de 8 safras e, principalmente, após um ciclo de poda de esqueletamento, quando o vigor pode se manifestar através da capacidade das plantas de recuperação de sua ramagem após esse ou outro tipo de poda drástica.
Nos campo de experimentos e em algumas lavouras comerciais tem sido observada uma falta de resposta em cafeeiros podados de certas variedades que, até então, vinham com bom comportamento, demonstrando falta de vigor. Cultivares oriundos de catimores e sarchimores, com algumas exceções, demonstram falta de vigor mais precocemente, embora haja uma variação de respostas conforme condições climáticas e de manejo mais favoráveis como, por exemplo, com uso de irrigação e adensamento da lavoura.
Outros materiais aparecem com seleções de vigor um pouco mais baixo, citando-se catucaís mais antigos (F4) onde se inclui o catucaí-açu e algumas seleções de acauã, também de gerações iniciais. Por outro lado, alguns materiais genéticos de elite, como seleções de acauã, catucaí, arara, saíra, IBC Palma, japy e outros atualmente recomendados, evidenciam alto vigor – agora observados por mais de 12 safras – mantendo plantas muito vigorosas mesmo após dois ciclos de podas drásticas. Também são exemplos clássicos de cafeeiros com bom vigor aqueles de cultivares tradicionais, como mundo novo e catuaí, de icatus e do próprio conilon.
O bom retorno vegetativo das plantas e de sua produtividade após uma poda tem sido, de fato, uma característica muito importante, pois a adoção do sistema safra zero tem crescido bastante na cafeicultura brasileira. Ressalta-se que o vigor sempre tem sido uma característica positiva. Eventualmente, em sistemas de cultivo de exploração a prazo mais curto, pode-se aproveitar a falta de vigor de certos materiais em casos especiais, nos quais as plantas, ao perderem seu vigor após uma safra alta, zerariam a safra naturalmente, sem necessidade de poda.