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Silo secador-armazenador: uma solução eficiente e econômica

VÁRIOS AUTORES

TÉCNICAS DE PRODUÇÃO

EM 12/09/2006

6 MIN DE LEITURA

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A secagem a baixas temperaturas é definida como o processo em que se força a passagem do ar, à temperatura ambiente ou até 10 °C acima desta, por uma massa de grãos para a retirada do excesso de água, envolvendo, geralmente, a secagem em silos ou em tulhas.

Este tipo de secagem na fazenda tem mostrado grande potencial para a manutenção da qualidade dos grãos e para a redução de energia utilizada no aquecimento do ar de secagem.

Se bem projetado e manejado, esse sistema, além de preservar a qualidade dos grãos, é eficiente, econômico e o mais adequado para ser utilizado nas propriedades onde se deseja armazenar o produto, aguardando a oportunidade de melhores preços.

Porém, a secagem a baixas temperaturas depende muito das condições atmosféricas do local onde está localizada a unidade secadora-armazenadora.

Fatores como temperatura, umidade relativa e, em alguns casos, dependendo do produto, a velocidade de colheita podem levar ao insucesso no uso desta tecnologia. Entretanto, nenhum dos fatores mencionados tem grau de limitação que impeça a adoção do sistema na maioria das regiões brasileiras e a secagem com temperatura do ar próxima da temperatura ambiente pode, facilmente, ser aplicada em pequenas propriedades se o agricultor decidir construir o seu próprio silo secador.

Neste tipo de secagem, a pequena quantidade de ar por unidade de massa de grãos torna o processo lento e, devido ao pequeno fluxo de ar utilizado, apresenta baixa velocidade de secagem, necessitando de mais tempo para finalizar o processo que os sistemas tradicionais com o ar aquecido a altas temperaturas.

Em virtude da temperatura do ar de secagem ser baixa, a capacidade de evaporação da água contida na massa de grãos é reduzida e o processo é dificultado em regiões de alta umidade relativa (média acima de 70%).

Por exemplo, em regiões muito úmidas, como em algumas localidades na Zona da Mata mineira, os produtores devem atentar, para, nos períodos com umidade relativa do ar superior a 70%, prover alguma forma de aquecimento ao ar para que a umidade relativa caia para valores próximos a 60%.

Para contornar o problema, em locais com a alta umidade relativa do ar, pode-se utilizar fontes suplementares para o seu aquecimento (fornalha a carvão vegetal, GLP, energia solar ou outra fonte viável de energia calorífica).

Alguns valores (temperatura e umidade relativa do ar) deve ser empregados para que a umidade de equilíbrio ao final da secagem de um determinado produto seja mantida (Tabela 1).

No caso do café, para que se mantenha o produto com aproximadamente 12% de umidade no final da secagem, os valores de 18ºC e 56,0%, por exemplo, poderiam ser empregados.

Tabela 1 - Valores de Temperatura (°C) x Umidade Relativa (%) que mantém o produto com a umidade de equilíbrio ao final da secagem.


Fonte SILVA et al 2000.

No manejo do sistema de secagem à baixa temperatura deve se instalar um ventilador com fluxo de ar (m3.min-1.m-3 de grãos) adequado para determinado teor de umidade inicial da massa de grãos e realizar o carregamento adequado de pequenos silos, considerando a cadência de colheita.

Um ponto importante a ser observado nesse tipo de secagem é a forma de carregamento do silo. Para isso, deve-se observar a cadência de colheita da propriedade e planejar a altura da camada de grãos para que não haja deterioração do produto.

O silo pode ser carregado de três formas:

a) Enchimento em uma etapa - consiste em carregar o silo em até três dias. Este tempo é curto em relação ao tempo total de secagem, o qual, dependendo das condições atmosféricas, pode durar mais de 20 dias.

Vantagens: poucos danos mecânicos, em virtude da redução no manuseio do produto; baixos custos em regiões de baixa umidade relativa; pouca mão-de-obra; o recebimento do produto não está condicionado ao andamento da secagem do material carregado.

Desvantagens: elevado tempo de secagem; risco de deterioração das camadas superiores com alto teor de umidade, podendo haver condensação de umidade; risco de secagem excessiva das camadas inferiores, quando for usada fonte suplementar de aquecimento sem controle adequado.

b) Enchimento por etapas: uma nova camada só é colocada se a última já estiver parcialmente seca. Acrescentam-se camadas até o limite estabelecido pela capacidade do silo e pelo fluxo do ar de secagem.

Vantagens: secagem mais rápida que a do método de enchimento em uma etapa; menores riscos de deterioração; o fluxo mínimo necessário é menor que o do método de uma etapa.

Desvantagens: exigência de maior atenção no controle do processo. Dependendo do teor de umidade, é desaconselhável adicionar uma nova subcamada sem que a anterior tenha atingido o equilíbrio com o ar de secagem. Cada subcamada deve ser dimensionada de forma que não seja maior que uma frente de secagem calculada, ou seja, a subcamada a ser adicionada deve, preferencialmente, constituir a própria frente de secagem.

O silo secador-armazenador apresenta algumas características especiais que não são exigidas para os silos empregados apenas para a armazenagem:

- O piso deve ser construído com chapas metálicas perfuradas ou com material alternativo como tela de arame ou ripado, com no mínimo 20% de área livre, para promover a distribuição uniforme do ar.

- O ventilador deve fornecer quantidade de ar suficiente para realizar a secagem de toda a massa de grãos sem que ocorra a deterioração nas camadas superiores. As dimensões do silo (diâmetro e altura) e as características iniciais do produto determinam a potência do ventilador para o sistema.

O manejo da ventilação durante a secagem depende do teor de umidade do produto no silo e do clima da região. O ventilador deve ficar ligado continuamente enquanto o produto da camada superior estiver com umidade superior a 17% b.u.

Para teor de umidade inferior, ligar o ventilador somente quando a umidade relativa estiver abaixo de 70%. O monitoramento consiste na inspeção periódica (diária ou semanal) da temperatura e da umidade da massa de grãos, verificando se a massa está secando, ou sofrendo alguma forma de deterioração. Ao final da secagem com ar levemente aquecido, insufla-se ar natural para manutenção do produto a uma temperatura próxima à do ambiente.

Para que haja sucesso na secagem com ar natural, é indispensável que a umidade inicial nesse processo seja bem definida. Umidade inicial acima de 25% para café pode trazer alguns problemas caso o fluxo de ar não seja adequado para secar a camada de grãos em um tempo tal que não ocorra o desenvolvimento de microrganismos.

O aumento da temperatura do ar só é recomendado em regiões onde o potencial de secagem com ar natural é baixo. Tanto para uso como semente quanto para consumo humano, os métodos de secagem de grãos e café com baixas temperaturas resultam em um produto com melhor qualidade final.

Suas principais limitações, umidade inicial do produto e clima local, fazem com que o método seja substituído pela secagem com altas temperaturas, que é um método mais rápido e independente do clima.

A maior vantagem da secagem com ar natural é que, além da economia global de energia e do aumento no rendimento dos terreiros ou dos secadores na pré-secagem, o produto final apresenta coloração e umidade bastante uniformes e boa qualidade do produto seco.

Conclusão

O método pode ser empregado pela agricultura familiar com grande chance de sucesso, visto que o investimento é relativamente baixo se comparado aos sistemas tradicionais de secagem e armazenamento. Ainda vale ressaltar a redução no espaço físico exigido para pós-colheita visto que no mesmo silo em que se realiza a secagem pode se armazenar o produto seco.

ROBERTA MARTINS NOGUEIRA

CONSUELO DOMENICI ROBERTO

CRISTIANE PIRES SAMPAIO

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