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Ser ou não ser (certificado), eis a questão!

POR RODRIGO CASCALLES

TÉCNICAS DE PRODUÇÃO

EM 01/12/2012

3 MIN DE LEITURA

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Nem sempre acreditamos que uma oportunidade existe.

E, às vezes, isso acontece porque não acreditamos que somos capazes de aproveitá-la.

Surgem, então, as verdades absolutas:

"Conseguir tal feito é impossível!"

"Esse negócio não é tão bom assim!"

"Está bom do jeito que está!"

Além das afirmações acima, outra frase bem comum de se ouvir é a famosa:

"O que eu ganho com isso?"

É uma excelente pergunta. Inclusive, constantemente coloco vários aspectos da minha vida sobre essa análise. Ela remete à idéia daquilo que você ainda não tem, mas vai ter (ganhar) se fizer algo novo, como comprar um produto, serviço ou adotar uma nova maneira de agir.

O fato é que nem sempre consigo uma resposta que me satisfaça, então recorro a outras três perguntas que me ajudam a nortear a decisão. O risco que não quero correr é o de arrumar alguma desculpa para não aproveitar uma oportunidade. E, em muitos casos, essas desculpas escondem apenas o simples (e burro) medo de falhar.

As três perguntas complementares que utilizo são:

"O que eu perco, se eu obtiver isso?".

Essa questão remete àquilo que você já tem, mas vai perder se fizer algo novo. Um exemplo é a perda de privacidade quando se conquista a fama. As pessoas públicas sabem bem o que é isso. No entanto, pensar apenas por essa lógica pode fazer com que você adie uma decisão importante. Pode ser uma grande armadilha e para evitá-la é necessário aprender a minimizar o efeito das perdas. Outro exemplo típico, desta vez no universo das certificações, é a "perda" da paz, da rotina e até da honra devido aos questionamentos que acontecem durante a "encheção de saco" das auditorias. O produtor deixa de aproveitar uma série de benefícios, pois se prende ao auto martírio de 1 ou 2 dias de auditoria em 365, ao longo do ano. É uma auto sabotagem incrível!

Outra pergunta chave é:

"O que eu perco, se eu não obtiver isso?"

Remete àquilo que você ainda não tem e vai deixar de ganhar se não fizer algo novo. Um exemplo são os prêmios e o reconhecimento que atualmente muitas certificações oferecem. Alguns vão dizer que o cafeicultor brasileiro já é o mais sustentável do mundo. Essa frase me soa mais como um ato político do que vontade de ajudar. Independente da intenção, eu pergunto:

Como o consumidor pode ter certeza do nível de sustentabilidade no qual um produtor se encontra? Como o próprio produtor pode saber o que melhorar, se ele não abre seu campo de visão através de uma opinião externa?

Umas das perdas mais reais de não buscar uma certificação nos dias de hoje é o "financiamento" que o produtor recebe, através dos prêmios, para tornar seu negócio mais eficiente, rentável e permanente ao longo das gerações. É como se você recebesse dinheiro para cuidar do seu carro, deixando-o mais veloz, mais bonito e mais econômico. Incrível, não é? É justamente isso que algumas certificações proporcionam. O dinheiro é transferido das mãos do consumidor até chegar ao produtor para que este reinvista e melhore o seu próprio negócio. É isso o que você vai perder!

Por fim, a pergunta:

"O que eu ganho, se não obtiver isso?

Remete àquilo que você ainda não tem, mas vai passar a ter (ganhar) se não fizer algo novo. Pensar apenas por essa lógica também é arriscado, pois pode te oferecer um pequeno prazer em troca de não mudar uma atitude. São os ganhos secundários que te afastam do ganho mais importante. Como eu não consigo enxergar um exemplo para essa lógica nesse momento, deixo a pergunta:

"O que você não tem ainda e vai ganhar, se não obtiver uma certificação?"

Para ajudar no raciocínio, deixo abaixo os consensos que a Organização Internacional do Café chegou acerca do que a Cadeia Produtiva Café - e a sociedade por tabela - ganha com os principais sistemas de certificação.

1. Maior conscientização;
2. Uso de técnicas de melhoramento contínuo;
3. Preservação do meio ambiente;
4. Melhoria na utilização da água;
5. Aumento da produtividade;
6. Aumento da qualidade e melhora das condições de vida dos trabalhadores, com maior acesso à educação e a assistência médica

Espero que as quatro perguntas possam te ajudar nas tuas próximas decisões e, desta forma, evitar erros que tanto nos afastam de alcançar melhores resultados na vida e nos negócios.

Boa reflexão!

RODRIGO CASCALLES

Eng. Agrônomo (ESALQ/USP) e Executive Coach (Sociedade Brasileira de Coaching). Tem por objetivo contribuir no aumento da sustentabilidade e dos resultados positivos na agricultura.

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ANGELA MARIA GOMES RIBEIRO

SUZANO - SÃO PAULO - ESTUDANTE

EM 25/01/2013

Oi  Arthur.

Fico muito feliz e grata por contar com o seu retorno dando seu parecer. Para mim é muito importante conhecer os experimentos e  opiniões dos produtores.

Gostei das informações que me relatou sobre Rastreabilidade. Há 2 anos atrás, no 1º semestre do meu curso de Agronegócios, eu tive como trabalho, um artigo sobre Rastreabilidade, o qual falamos sobre as medidas e procedimentos do O SISBOV - Sistema Brasileiro de Identificação e Certificação de Origem Bovina e Bubalina, suas modernidades e contradições, e tbm, sobre a PGA - Plataforma de Gestão Agropecuária, criada pelo MAPA para substituir o antigo banco de dados existente.

Que bom que está satisfeito com a certificação. Boa sorte e sucesso nos negócios.

Se vc puder nos fale mais sobre Certifica Minas Café,

Angela.

ARTHUR MOSCOFIAN JUNIOR

SERRANIA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 24/01/2013

Tenho minha fazenda certificada desde 2008, ganhamos muito com a certificacao em termos de agilidade, diminuimos custos, nossos colaboradores sao concientes, participaram de varias instrucoes, palestras, temos custos anuais, sabemos os produtos e tecnicas utilizados nestes anos todos. Informo que a partir de 2014 nenhum produto agricola nao entra nos Estados Unidos, se nao for de fazenda certifida com rastreabilidade. Temos na propriedade o Certifica Minas Cafe e estamos preparando o UTZ. Estamos satisfeitos com a certificao. O valor vendido da saca de cafe parte da producao desta saca de menor  custo possivel.


RODRIGO CASCALLES

PIRACICABA - SÃO PAULO

EM 15/01/2013

Olá Angela, parabéns pelo tema do seu trabalho.

>
Realmente, certificação e sustentabilidade são tendências.


A sustentabilidade tem a ver com os valores que as novas gerações acreditam ser importantes.


A certificação existe para comprovar que o sistema produtivo cumpre aquilo que prega, fornecendo, por meio de selos, a mensagem ao consumidor final.


Quem paga a conta é sempre uma pergunta chave. Atualmente, a conta do desrespeito pela saúde do meio ambiente (e, por consequência, nossa saúde também) é rateada.


Todos nós pagamos por certas lógicas insanas de produção e consumo desmedidos, mas isso só vai mudar quando os nossos valores mudarem.


Estamos caminhando...
Feliz 2013!!!


ANGELA MARIA GOMES RIBEIRO

SUZANO - SÃO PAULO - ESTUDANTE

EM 15/01/2013

OlÁ Rodrigo, sou aluna da FATEC de Mogi das Cruzes do curso de Agronegócios. Parabéns pelo artigo e obrigada. Suas informações e postagens dos seus amigos e colegas já estão me ajudando a montar um trabalho de conclusão de curso que tem previsão de banca para qualificação em junho. A linha de estudo será Qualidade Industrial e tema "Certificação no caminho da sustentabilidade: quem paga por isto?". A ideia é ponderar sobre os conceitos de autores e tirar dúvidas quanto aos custos implicitos na tomada de decisão.  Embora eu concordo com o que diz sobre a necessidade de quebrar paradigmas, eu tbm acredito que Cetificação e Sustentabilidade são tendências de grande relevância, não somente na competitividade de mercado, mas também na busca pela fidelidade e confiabilidade do cliente e acredito que levam as empresas a uma emergência na busca por políticas que promovam soluções sustentáveis e justas para contexto de gestão produtiva e comercial atual.

Bom 2013 para vc "Rodrigo"

"unidos seremos fortes "
RODRIGO CASCALLES

PIRACICABA - SÃO PAULO

EM 12/12/2012

Agradeço as palavras, amigos e amigas!



Com o devido tempo, vamos construir uma grande rede de profissionais que compartilharão soluções verdadeiramente equilibradas.

Temos as certificações como um mecanismo passageiro...que incentiva e remunera aqueles que saíram na frente....os visionários....

É um longo caminho de mudança de paradigma....até que a sustentabilidade seja a regra, não a exceção.

Chegaremos lá!  
FLÁVIO MENESES SOARES

CAMPOS GERAIS - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 06/12/2012

Esse realmente é o caminho!
MARIA FERNANDA BRANDO

SÃO PAULO - SÃO PAULO

EM 06/12/2012

Rodrigo, parabéns pelo artigo! Texto claro, objetivo e que ajuda na reflexão sobre a certificação no Brasil. Abraço!


ROBSON DIAS CUNHA

TRÊS PONTAS - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 06/12/2012

Sou certificado Certifica Minas, UTZ, Fair Trade, BSCA e Nucoffee.


Como testemunho pessoal posso dizer que o Certifica Minas, onde tudo começou, fez com que eu tivesse uma visão empresarial do negócio fazenda e pudesse ter a gestão do negócio nas minhas mãos.


A propriedade que administro tem mais de 80 anos e pela 1a. vez, após a certificação, conseguimos fazer cafés de qualidade com pontuações de 82 a 85 SCAA para cafés naturais.


As técnicas que me foram apresentadas e foram adotadas tiveram importância primordial  na forma como produzimos cafés. Além disso, permitiu a conscientização dos trabalhadores para a preservação do meio ambiente e melhoria na qualidade de vida de todos. O custo para obtenção do Certifica Minas é realmente pequeno em comparação com o benefício que trouxe para a Fazenda, os trabalhadores e a qualidade do café produzido.


As demais certificações foram conseguidas com muito mais facilidade pois a fazenda já estava preparada.


Portanto, na minha opinião, a certificação é fundamental para a gestão profissional da fazenda e para a melhoria do modo de produzir, do produto produzido e para redução geral de custos.


Posso dizer por experiência própria que com certeza vale a pena ser certificado.
PEDRO MALTA CAMPOS

ESPÍRITO SANTO DO PINHAL - SÃO PAULO - INDÚSTRIA DE CAFÉ

EM 04/12/2012

Rodrigo, parabéns pelo texto. Gostei da forma direta com que vc tratou o assunto.
FRANCISCO SÉRGIO LANGE

DIVINOLÂNDIA - SÃO PAULO

EM 03/12/2012

Ola Rodrigo, muito bom te ver por aqui. Semana passada obtivemos nossa certificação Fairtrade, foi uma luta e voce sabe disso. Ser ou não ser certificado ?  Com certeza ser certificado faz uma grande diferença. A  certificação não significa apenas um conjunto de normas e regras a serem seguidas, ela significa muito mais. Significa a possibilidade de nos pequenos produtores podermos vir a participar de um mundo inteiramente novo, e quando aliada a uma proposta de desenvolvimento local, certamente trará excelentes benefícios. No entanto, aceitar as mudanças é  para nós pequenos  algo quase que impossivel. Infelizmente estes conceitos de certificação e indicações geográficas tem sido muito mal interpretados aqui no Brasil, e aqui em São Paulo as coisas são mais dificeis ainda, nossas instituições de pesquisa e extensão parecem não quererem participar deste novo momento, assim, estamos relegados a um segundo plano, no entanto, não desistiremos. Espero daqui a pouco, obter também a certificação Rainforest e um pouquinho mais adiante, nossa denominação de origem.  Diversas atividades vem sendo desenvolvidas aqui em Divinolandia no intuito disso, é certo que com muita dificuldade, mas nosso grupo parece estar disposto, espero vê-lo por aqui em breve. Desde já, Feliz Natal e um 2013 de muito trabalho e realizações.

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