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Secagem em terreiros convencionais

POR CRISTIANE PIRES SAMPAIO

TÉCNICAS DE PRODUÇÃO

EM 04/02/2011

3 MIN DE LEITURA

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O uso exclusivo do terreiro por muitos cafeicultores deve-se, á falta de informação tecnológica e, em muitas vezes, à não preocupação com as caracteristícas qualitativas do produto depois da secagem ou ao baixo poder aquisitivo e nível tecnológico da propriedade.

No terreiro, o desenvolvimento de microorganismos na superficíe dos frutos e o aumento da respiração e da temperatura do produto são fatores que aceleram o processo de fermentação. Apesar destes riscos, pequenos e médios produtores utilizam intensivamente os terreiros como única etapa na secagem do café.

No processo de secagem em terreiro, o café é secado pela ação dos raios solares. É aconselhável, durante o processo, trabalhar com lotes homôgeneos, considerando-se tanto a época de colheita quanto o estádio de maturação ou teor de umidade, para obtenção de um produto final uniforme e de boa qualidade.

De modo geral, devido às caracteristícas da maioria dos secadores mecânicos comercializados, a secagem do café logo após a colheita, ou recém-saído do lavador (alto teor de umidade),é altamente prejudicada, em razão Da dificuldade de escoamento do produto dentro do secador. Portanto, para acelerar o processo de secagem, deve-se combinar a secagem artificail com a secagem do terreiro.

Uma prática recomendada é secar o café em terreiros ou pré-secadores até o estado de meia-seca (35 a 40%), sendo a secagem continuada em secador mecânico até o ponto de tulha ou, ainda, até que a umidade caia para 22%, para que possa ser submetido a uma secagem complementar, em silos ventilados, durante o processo de armazenagem, até que atinja a umidade de comercialização.

Terreiro convencional pode ser construído de cimento, tijolos, asfalto e chão batido, devendo o produto a ser secado ser distribuído em camada fina.

O terreiro com piso de terra apresenta menor rendimento de secagem e pior aspecto visual do produto em relação àquele secado em terreiros com piso de outros materiais de construção.

Preferencialmente, a secagem deve ser feita em terreiros concretados, que são mais eficientes e apresentam menores riscos de comprometimento de qualidade.

Alguns cuidados com o uso dos terreiros são recomendados:

a) Não misturar lotes diferentes de café
b) Esparramar o café, lavado ou não, no mesmo dia da colheita em camadas finas de 3 a 5 cm e proceder-se à formação de mini-leiras;
c) Revolver o café pelo menos 8 vezes ao dia, de acordo com a posição do sol;
d) Fazer com que o café, após o segundo dia de seca, pequenas leiras de 15 a 20 cm de altura, no final da tarde, e esparramar no dia seguinte bem cedo, o que acelerá a secagem e impedirá que o sereno umedeça muito o café;
e) Fazer leiras grandes com o café, no sentido da maior declividade do terreiro, em dias de chuva;
f) Nunca amontoar o café cereja antes do ponto de meia-seca, ponto em que ele não estará mais colando na mão quando apertado.
g) Amontoar o café por volta das 15 horase, se possível, deixá-lo coberto com lona até o dia seguinte;
h) Esparramar o café por volta das 9 horas, quando a umidade do ar é adequada e, movimentá-lo até as 15 horas, quando deve ser novamente amontoado.
i) Continuar o processo até a secagem final, recolhendo o café frio pela manhã, para tulha, com 11 a 12% de umidade



Comentário: Esta foto ilustra um grande terreiro que existia no Sítio Bom Sucesso em Guaxupé-MG que foi do meu avô, Sr. Onofre Prudente (de botas), ao lado de minha avó Lourdes. Eu, Cristiane, era menininha (de saia).

Referências bibliográficas

MACHADO, M. C., SAMPAIO, C.P., SILVA,J.S., Avaliação técnico-econômica do processamento de café:secagem completa em terreiros. In: SIMPÓSIO DE PESQUISAS DOS CAFÉS DO BRASIL E WORKSHOP INTERNACIONAL DE CAFÉ & SAÚDE, 3.:2003, Porto seguro. Anais... Brasília, Df: Embarapa Café, 2003. (447p).

PINTO FILHO, G. L. Desenvolvimento de um secador de fluxos cruzados com reversão do fluxo de ar de resfriamento,para a secafem de café (Coffea arábica L.) 1993. 72p. Dissertação (Mestrado em Engenharia Agrícola)- Universidade Federal de Viçosa, 1994.

SAMPAIO,C.P. Desenvolvimento de um secador com reversão do fluxo de ar com sistema de movimentação pneumática de grãos. 2004, 97p. Dissertação (Doutorado em Engenharia Agrícola)-Universidade Federal de Viçosa, 2004).

SILVA,J.S.; NOGUEIRA, E.M. ROBERTO, C.D. Tecnologia de secagem e armazenagem para a agricultura familiar. Viçosa-MG: 2005.138p. (2005).

CRISTIANE PIRES SAMPAIO

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PAULO OLIVEIRA FERREIRA

BRASÍLIA - DISTRITO FEDERAL

EM 06/08/2020

Gostaria, se possível, de obter mais informações sobre esse tema.
Paulo de Tarso
ALISSON BUENO ROSSI

MUZAMBINHO - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 09/02/2011

Caro Lourenco
Considero este assunto de grande importancia principalmente para os pequenos produtores, neste momento em que vemos os diferenciais de precos de um bom cafe ficando cada vez mais distantes dos de pior qualidade obrigando ao produtor se aperfeicoar cada vez mais na qualidade de seu produto. Diante desse cenario solicito maiores informacoes a respeito dessas novas tecnologias que permitem levar o cafe direto do lavador para o secador com tamanha seguranca.
Obrigado!
Alisson
LOURENÇO DEL GUERRA

ESPÍRITO SANTO DO PINHAL - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 08/02/2011

Cristiane.
Convem lembrar que o Brasil é o país que mais evoluiu em sistemas de secagem mecânica e hoje, já temos equipamentos que permitem levar o café que acabou de ser lavado, seja ele fruto cereja, seja ele fruto em passa ou mesmo fruto quase seco dieretamente ao secador.
Importante também orientar que existem secadores mecânicos de tudo tamanho. Para se ter uma ideia disto, existe empresa que fabrica secador de café a partir de 100 litros (exatamente 100 litros de carga), secadores este que com o advento da "centriflux", podem ser alimentados diretamente do lavador.
Isto possibilita controle total dos danos ao café por fermentações, mesmo em regiões onde este risco é maior
De qualquer forma parabéns por suas colocações.

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