Dentre os métodos de controle, o mais utilizado antigamente era o controle mecânico, por meio do uso de roçadoras e/ou capina manual. No entanto, este método é muito oneroso e acarreta em grande demanda financeira por parte do produtor. A partir do surgimento do herbicida Glyphosate, o controle químico passou a ser o mais utilizado, sendo um método de controle mais barato e que possui um amplo espectro de controle e uma rápida degradação no meio ambiente.
Contudo, ao passar dos anos, o uso intensivo do controle químico por meio da utilização do Glyphosate vem causando alterações nas populações de plantas daninhas ocorrentes nas lavouras, o que pode favorecer o surgimento de algumas plantas resistente ao herbicida. No entanto, a resistência de plantas daninhas não se deve apenas ao uso intensivo do herbicida, mas também devido à ampla variabilidade genética das plantas, as condições climáticas do local e o uso de sub-doses do herbicida.
Dentre essas espécies as que vêm causando danos mais severos ao cafeeiro, são as buvas (Conyza canadensis e Conyza bonariensis) e o azevém (Lolium multiflorum). Sendo que, por meio das modificações naturais que ocorreram nessas plantas, o Glyphosate não possui mais eficácia no controle.
Fonte: Fundação Procafé
Na imagem é possível observar que o controle das plantas daninhas por meio da utilização do Glyphosate nas entrelinhas do cafeeiro não foi eficaz para as espécies de buva e azevém. Entretanto, as demais espécies invasoras foram controladas pelo herbicida. Normalmente as plantas resistentes são encontradas em pontos isolados, e devido à ausência de controle das mesmas, vão se disseminando, aumentando assim o número de indivíduos resistentes, até que as mesmas dominem a área.
No intuito de evitar a ocorrência de plantas daninhas resistentes ao Glyphosate, algumas recomendações são feitas, como por exemplo, o manejo associado das plantas daninhas, que consiste na combinação dos métodos de controle químico e mecânico, onde o principal objetivo é a redução da intensidade das aplicações de herbicidas, realizando aplicação somente em períodos estratégicos, como a época das águas e na arruação. Também é possível evitar a incidência de plantas daninhas resistentes pela rotação de herbicidas, evitando assim, o uso exclusivo de somente um determinado tipo de herbicida.
Outra forma de se evitar esse problema é a adoção do sistema de culturas intercalares, pois devido à maior abrangência de culturas na área a biodiversidade das plantas daninhas será maior, assim como os tipos de herbicidas a serem utilizados, diminuindo assim a possibilidade de surgimento de novos grupos de plantas daninhas resistentes.
Os prejuízos ocasionados pela ocorrência de plantas daninhas resistentes ao Glyphosate no cafeeiro são grandes, a começar pelo maior gasto do produtor na lavoura, devido ao uso do controle mecânico, que deverá ser empregado para o controle das plantas resistentes.
Outra grande fonte de perda é a possível competição por nutrientes entre a cultura do café e essas plantas remanescentes à aplicação do herbicida.
Fonte: Fundação Procafé
Na imagem é possível observar a eficácia do controle mecânico das espécies de plantas invasoras à cultura do café com resistência ao herbicida glyphosate, em área onde foi feita a aplicação deste herbicida.
Dentre as formas de controle das plantas daninhas resistentes ao Glyphosate, alguns ensaios estão sendo feitos, sendo que os herbicidas Clethodin, Haloxifope Metílico e Clorimuron ethil (produtos comerciais Select, Verdict e Classic, respectivamente e também outros similares) apresentam resultados promissores no controle das mesmas e também são seletivos ao cafeeiro, evitando assim, possíveis injúrias devido à fitotoxidez destes herbicidas.
Contudo, o que vem preocupando os cafeicultores é a falta de pesquisa que comprove a eficiência destes herbicidas no controle de espécies resistentes ao Glyphosate, e consequentemente, os prejuízos causados pela ausência de controle irão influir de forma direta na produção do cafeeiro, e também na lucratividade do cafeicultor.
Neste sentido, são necessárias novas pesquisas a cerca destes herbicidas, que provavelmente, de maneira análoga ao uso do Glyphosate, serão os herbicidas utilizados no controle das plantas daninhas ocorrentes na cultura do café e resistentes ao Glyphosate.
Uma solução mais prática e eficiente que o produtor pode adotar para o controle de plantas daninhas resistentes ao Glyphosate é a utilização do controle mecânico, mesmo sendo esse um método de controle oneroso, é um dos mais eficientes em casos de resistência. É importante ressaltar que o cafeicultor deve sempre optar pelo manejo integrado de plantas daninhas, buscando a integração dos métodos de controle e evitando o surgimento de plantas daninhas resistentes.
Autores:
Giovani Belutti Voltolini, coordenador geral do Grupo de Estudos em Herbicidas, Plantas Daninhas e Alelopatia (GHPD/UFLA), graduando em Agronomia pela Universidade Federal de Lavras – Ufla.
Laís Sousa Resende, graduanda em Agronomia pela Universidade Federal de Lavras – Ufla.
Dalyse Toledo Castanheira, Eng. Agrônoma, coordenadora de pesquisa do Grupo de Estudos em Herbicidas, Plantas Daninhas e Alelopatia (GHPD/UFLA), Doutoranda em Agronomia – Fitotecnia pela Universidade Federal de Lavras – Ufla.
Adenilson Henrique Gonçalves, Professor de Plantas Daninhas da Universidade Federal de Lavras – Ufla.