Diante dos ataques severos do bicho mineiro em cafeeiros e as dificuldades no controle químico dessa praga, a viabilidade presente de contar com a resistência genética no seu controle soa como uma verdadeira dádiva para o setor da lavoura cafeeira. Porém, para alcançá-la, foi preciso muito tempo e trabalho.
O bicho mineiro (Leucoptera coffeella) tem sido a principal praga do cafeeiro, com ataques associados a condições de desequilíbrios nas lavouras, seja através de períodos mais quentes e secos, seja através do uso de defensivos, utilizados para controle das pragas e doenças da cultura. Em muitas regiões cafeeiras, como no Triângulo Mineiro, Alto Paranaíba, Norte de Minas e Bahia, o ataque se expandiu muito, causando severos prejuízos, redução da área foliar e desfolha das plantas.
O uso de controle químico da doença, através de inseticidas de solo e mediante pulverização na folhagem, vem se tornando difícil. Nos últimos anos, tem sido necessário incluir e alternar grupos de inseticidas, ampliar doses dos produtos, reduzir intervalo nas aplicações e até associar produtos de ação sobre a larva e o adulto da praga, aumentando o custo dos tratamentos, mas nem sempre com a eficiência desejada, como ocorria antigamente. Por isso, existe, sem comprovação científica, desconfiança sobre resistência da praga a certos grupos de inseticidas. Tem havido casos de quase desespero, com tratamentos semanais, com o objetivo de “limpar a lavoura”.
Com viabilidade de curto prazo, surge a possibilidade de se contar com uma nova ferramenta no controle do BMC através de material genético com resistência à praga. Existem trabalhos de pesquisa em fase final do material denominado Siriema, que associa a resistência à ferrugem e maior tolerância a stress hídrico. Este material está próximo do seu uso em lavouras comerciais, restando apenas a instalação de campos de adaptação e multiplicação. Outros materiais vêm sendo desenvolvidos por instituições estaduais de pesquisa, mas ainda não se conhece suas perspectivas de uso comercial.
Os cafeeiros de Siriema têm origem do híbrido entre Coffea racemosa e Mundo Novo e depois com cruzamento com Catimor, isto na década de 1980. Em seguida, foram derivadas várias gerações com seleções sucessivas, procurando associar resistência ao bicho mineiro e a ferrugem, com porte baixo das plantas e, especialmente, com a característica de boa produtividade, semelhante aos padrões Catuaí e Mundo Novo. A maioria das seleções hoje disponíveis tem plantas com frutos amarelos, existindo algumas também de frutos vermelhos. A forma de reprodução vem sendo desenvolvida tanto por clonagem como por sementes.