Frutos de café de menor tamanho estão presentes em maior quantidade na safra cafeeira atual, que agora está sendo colhida. Esta condição de frutos pequenos tem sido objeto de inúmeras reclamações, que temos recebido de cafeicultores, de diferentes regiões de Minas Gerais.
Para verificar e dimensionar esse problema, foi efetuado um levantamento, no final de maio de 2015, através de amostragem em lavoura da cultivar Catuai vermelho 144, na Fazenda Experimental de Varginha. A análise dos frutos coletados evidenciou a seguinte situação:
a) Nos frutos maduros (42%):
- 65% de frutos normais
- 35% de frutos pequenos
b) Nos frutos verdes (58%):
- 26% de frutos normais
- 74% de frutos pequenos
Frutos chochos = 7%
A avaliação dos dois diferentes tipos de frutos, normais e pequenos, mostrou que existia um diferencial médio de peso entre eles, da ordem de 39%, o qual, obviamente, vai se refletir no peso dos grãos beneficiados, com perdas previstas no café produzido.
Aplicando-se este diferencial médio de peso sobre a percentagem total de frutos pequenos (maduros e verdes), chega-se a uma redução provável de produção, por esse efeito, de cerca de 21,8%.
Uma vez demonstrado e quantificado, no exemplo da lavoura amostrada, o problema da ocorrência anormal de frutos pequenos, vamos ver as prováveis causas do problema.
Os fatores que podem influenciar o tamanho dos frutos de café estão ligados ao suprimento de água e de nutrientes às plantas. Neste ano houve uma condição de estresse hídrico, associado a altas temperaturas, no período de crescimento dos frutos, em dezembro de 2014 e janeiro de 2015. O déficit hídrico foi menor do que o do ano passado, tanto que não afetou, de forma grave, o chochamento dos frutos, tendo-se verificado, na amostragem, 7% de chochos, o que está apenas ligeiramente acima do nível normal, de 3-5%.
Com relação ao tamanho dos frutos chamou a atenção o grande percentual de frutos pequenos. Nesse aspecto, verificou-se que o diferencial foi maior nos frutos da 2ª e 3ª floradas, que se apresentavam verdes em maio de 2015. Isto indica que o problema de déficit e temperaturas altas influenciou no suprimento de água e nutrientes aos cafeeiros, afetando menos a parcela de frutos da 1ª florada, os quais já se encontravam mais desenvolvidos na época do estresse.
Por sua vez, os frutos da 2ª e 3ª floradas, que constituíam a parcela de verdes na época da coleta, além do maior efeito sofrido pelo estresse hídrico, acabaram sendo prejudicados, também, pelo carreamento e uso das reservas preferencialmente pelos frutos da 1ª florada.
Pode-se ver, nas fotos 1 e 3, os frutos normais, os maduros (fotos 1 e 2) e os verdes (fotos 3 e 4). Nas 2 e 4, em comparação, aparecem os frutos pequenos, nos 2 estágios de maturação, os quais, na média pesaram 39% a menos.