A lavoura cafeeira no Brasil melhorou muito nas três últimas décadas, depois da renovação promovida nos cafezais, havendo incorporação de novas tecnologias, com variedades mais produtivas, novos sistemas de plantio e de tratos mais adequados, com maior profissionalismo dos cafeicultores. No entanto, persistem problemas, ainda em boa parte das áreas, provocados pelo envelhecimento das plantas, pelo fechamento da lavoura e por maltratos, agravados pelos problemas de pragas e doenças e por anormalidades climáticas, levando ao desgaste das plantas e do solo.
Deste modo, o cafeicultor, sempre que possível assessorado por Técnico experiente, precisa, anualmente, efetuar uma análise de suas lavouras, para verificar a necessidade de recuperação dos talhões problemáticos, visando um conjunto mais produtivo nas suas lavouras de café. Deve ter em mente que, aquelas lavouras ruins, improdutivas, comem o lucro das demais.
A análise dos talhões, visando verificar sua condição e a necessidade ou não de recuperação, passa pelo exame de 3 grupos de fatores a recuperar – o solo, as plantas e o ambiente.
No solo – a avaliação deve se basear na análise química e, eventualmente, na verificação de impedimentos físicos. Os resultados obtidos vão indicar o uso de corretivos adequados, para formar a base para o desenvolvimento dos cafeeiros e para o melhor funcionamento da nutrição em seguida. Nesse aspecto, o mais comum tem sido o fornecimento de calcário ou outro material corretivo, de boa reatividade, para o curto prazo exigido, promovendo, ainda, o reequilíbrio nas bases Ca, Mg e K. Em alguns casos a sub-solagem pode, também, ser necessária.
Nas plantas – na lavoura em si, o histórico da produtividade da área é muito importante, devendo-se considerar ,ainda, a variedade, a idade dos cafeeiros, o espaçamento/alinhamento, as falhas e a localização adequada. Os aspectos de pragas/doenças do sistema radicular e a estrutura vegetativa das plantas, a presença de hastes em excesso, a ausência de ramagem lateral e a má formação ou acinturamento da copa devem, também, ser analisados. Na recuperação das plantas são indicadas podas corretivas, controles de problemas sanitários nas raízes e, eventualmente, replantios/repovoamentos.
No ambiente – deve ser analisado o balanço hídrico, para verificar a condição de disponibilidade de água para as plantas, avaliando, caso haja problemas sérios de stress hídrico, a possibilidade de implantação da irrigação, sempre que possível devendo-se optar por uma irrigação suplementar, mais econômica. Na condição de altas temperaturas, deve-se adequar com variedades/espécies mais adaptadas, também atenuar pela irrigação e, em último caso, usar a arborização.
A avaliação conjunta dos fatores - do solo, das plantas e do ambiente - é essencial para a definição de 3 tipos de lavouras – As boas, nas quais se deve somente continuar a dispensar os tratos normais, as recuperáveis, nelas sendo preciso efetuar práticas especiais de recuperação, e aquelas nas quais a recuperação não compensa, estas devendo ser eliminadas e substituídas por novas lavouras.