A adoção das podas em cafezais tem aumentado muito nos últimos anos, visando promover a recuperação de lavouras e facilitar o manejo dos tratos e da colheita. E, neste processo, a boa brotação e recomposição da ramagem das plantas podadas é essencial, para o retorno mais rápido da produção e, assim, para o sucesso da poda.
A capacidade de rebrota dos cafeeiros está ligada ao vigor das plantas, influenciado, principalmente, pela característica genética da variedade/cultivar e pelo estado nutricional da lavoura.
O vigor é a característica do cafeeiro definida como sua faculdade de recuperação após situações de estresse, seja por carga alta, seja por falta d’água, seja por ataque de pragas/doenças, seja por maltratos na lavoura. A condição da planta podada de início é, também, uma situação de estresse, pois, com a poda ocorre a perda de reservas, pelo corte da folhagem e ramagem dos cafeeiros e, verifica-se, ainda, a morte significativa de raízes das plantas podadas.
No aspecto da genética, existem cultivares/variedades de cafeeiros que possuem maior ou menor vigor, verificando-se, na prática, que respondem de forma diferenciada na sua capacidade de brotação pós – poda.
São exemplos de cultivares muito vigorosos o Mundo Novo, o Conilon, e ligeiramente inferior o Catuai. Nas cultivares novas existe o temor quanto ao vigor das plantas, pois muitas delas tem origem em cruzamentos com materiais menos vigorosos, como o Caturra e o Villa Sarchi (um Caturra da América Central), apesar de retro-cruzamentos com materiais mais vigorosos.
Na pesquisa, o vigor das plantas tem sido avaliado mediante o acompanhamento da produtividade média, por um número maior de safras e através da execução de podas drásticas nas parcelas, para avaliar a recuperação da brotação e da produção em seguida.
Dos novos materiais com tolerância à ferrugem, temos avaliado várias cultivares, tendo evidenciado menor recuperação pós-poda de Sarchimores e Catimores. No caso dos Catucais verifica-se que, provavelmente, pela origem no Icatu (hibrido de arábica x robusta) cruzado com Catuai, a sua capacidade de recuperação pós-poda drástica, seja na recepa, seja no esqueletamento, tem sido bastante superior ao Catuai.
Efeito do vigor da cultivar sobre a recuperação de plantas recepadas. Parcela de cafeeiros com baixo vigor e com alto vigor. Ensaio em Marechal Floriano-ES, fevereiro de 2016
Recuperação de cafeeiros esqueletados três meses pós poda. Planta de Catuai vermelho/81, mostrando ramos laterais inferiores pouco brotados e planta de Catucai amarelo 2 SL com boa brotação. Marechal Floriano-ES, fevereiro de 2016.