Por José Braz Matiello, Allisson V. Fagundes e André Garcia – engenheiros agrônomos da Fundação Procafé e José Eustáquio G. Vieira – técnico da Agrop. Paraiso

Uma prática simples pode salvar o cafezal de uma poda drástica por recepa. Trata-se de aproveitar os ramos ladrões, que saem da parte baixa do tronco dos cafeeiros, para recompor os ramos laterais/produtivos, que foram perdidos na saia das plantas.

As recomendações normais para uso de podas em cafeeiros indicam que ao se observar nas plantas muita perda da ramagem lateral em sua parte baixa, na saia, a poda mais adequada seria a recepa. Isso para reformar, através de novos brotos conduzidos, a ramagem lateral necessária para a frutificação ao longo de toda a altura da planta.

Acontece que a aplicação da recepa apresenta várias desvantagens como maior perda de produção, operação mais onerosa, necessidade de retirada de madeira, aumento de mato, falhas na rebrota, etc. Assim, esse tipo de poda deve ser evitado ao máximo, dando-se preferência a podas menos drásticas e de retorno mais rápido, como o decote e o esqueletamento/desponte.

Como nos cafeeiros, especialmente os plantados em renque e mecanizados, com o passar dos anos vão sendo reduzidos os ramos da saia, ficando as plantas assim chamadas de engaioladas. Uma boa alternativa tem sido deixar que saiam brotações de ramos ortotrópicos, também conhecidos como ladrões, para, através da emissão dos seus ramos laterais, reformar a saia dos cafeeiros podados. Nessa indicação devem ser deixados 2-3 ladrões/planta, saídos na parte baixa do tronco e, para melhorar ainda mais essa recuperação, quando eles atingirem altura necessária até onde se deseja cobrir a falta de laterais, cortar essas brotações no seu terminal ainda herbáceo para que elas cresçam mais sua ramagem produtiva. Uma vez assim podados, os ramos ladrões deixam de tombar pro meio da rua e, mais, deixarão de embatumar a planta em sua parte mais alta.

Os ramos ladrões terão seu tronco mais engrossado e ficarão paralelos à haste principal da planta, ali fornecendo seus ramos laterais, os quais vão florescer e produzir. Em podas futuras esses laterais receberão o esqueletamento normal como se fossem da próprio tronco principal.

Detalhe de broto ladrão, saído junto à saia de cafeeiro, cortado e com emissão de ramos laterais. Na ponta pode haver alguma rebrota, o que vai favorecer novos laterais.


Detalhe do ramo ladrão já engrossado, com sua ramagem lateral abundante, ao lado do tronco principal.


Mostra da saia e toda lateral de cafeeiros já recompostos pela ramagem produzida pelos ladrões deixados e podados. Pirapora (MG), junho de 2016.