Estes solos são representados principalmente por Latossolos que são solos intemperizados com baixos valores de pH, baixa saturação por bases e altos valores por saturação de alumínio. Grande parte da cafeicultura brasileira está implantada neste ecossistema e, em sua maioria são solos ácidos, onde a correção e o manejo da fertilidade são imprescindíveis. Sendo importante também frisar que, para se fazer a correção pH do solo, pode-se utilizar inúmeros corretivos no mercado, sendo a técnica de calagem através do calcário a mais barata. E, a faixa ideal de correção de pH deve ser mantida pra não haver indisponibilização de nutrientes como pode ser visto na figura 1.
CALAGEM
A calagem é uma prática de correção do solo utilizada para neutralizar a acidez e fornecimento de nutrientes, basicamente Ca e Mg. Para o manejo em profundidade é recomendado a utilização de gesso agrícola para melhorar as condições da subsuperfície.
A calagem confere inúmeros benefícios: elevação do pH, correção da toxidez por Al, Mn e Fe, fornecimento de Ca e Mg, aumento de cargas negativas no solo elevando sua CTC efetiva, aumento da atividade microbiana, diminuição da fixação do fósforo e melhoria da eficácia das adubações.
O principal corretivo utilizado é o calcário, um insumo barato, entre outros disponíveis no mercado. A calagem requer uniformidade de aplicação, considerando que o calcário possui uma reação lenta no solo, aplicado preferencialmente antes das adubações e evitar calagens excessivas. Em lavouras adensadas recomenda-se a aplicação do calcário em toda área, já em lavouras novas ou com espaçamentos maiores é feita na projeção da copa. Entretanto, o resultado é melhor quando a calagem é feita sempre em área total.
A necessidade da calagem é determinada de acordo com a análise química do solo, relembrando que é preciso realizar uma amostragem representativa da área. Em Minas Gerais é calculada pelos métodos da neutralização do alumínio e elevação dos teores de cálcio e magnésio, ou pelo método de saturação por bases (V%) sendo este o método mais utilizado. Para o cafeeiro a saturação de bases esperada é Ve ou também chamado de V2 é de 60%.
A quantidade de calcário sempre deve ser ajustada de acordo com o PRNT (Poder Reativo de Neutalização Total) do calcário, atentando pelo custo x benefício, não priorizando apenas as análises econômicas e sim se fazendo a escolha certa para sua lavoura. Por exemplo, para implantação de lavoura nova podemos usar calcários com PRNT mais baixo, para obter um efeito residual nos próximos anos. Já em lavouras formadas devemos utilizar calcários com PRNT mais alto, para se ter uma correção mais rápida.
A fórmula para cálculo da necessidade de calagem (NC) pelo método da saturação por bases é:
Em que:
V2: Valor da saturação de bases trocáveis que queremos elevar;
V1: valor da saturação das bases trocáveis do solo;
T: capacidade de trocas de cátions a pH 7,0;
f: fator de correção do PRNT do calcário; f = 100 / PRNT
Observação: Para áreas já implantadas, onde não há condições para incorporação do corretivo, deve-se calcular a quantidade de calcário (QC) a ser aplicada em função da superfície de aplicação (área total ou em faixa), da profundidade de “incorporação” (+/- 10 cm) e do PRNT do calcário*.
GESSAGEM
O gesso agrícola é um subproduto da indústria de fertilizantes fosfatados concentrado e contém cerca de 20% de Ca, 15% S, 0,7% P2O5 e 0,6% F. Portanto, sendo uma ótima fonte de Ca e S para o cafeeiro, além de outros minerais. A gessagem é uma prática de manejo em profundidade, e que, na presença de umidade ocorre à percolação do gesso no perfil do solo, devido sua alta solubilidade. Promove uma reconfiguração nas camadas da subsuperfície, neutralizando o alumínio tóxico, disponibilizando K e Mg, fornecimento eficiente de Ca e S, facilitando o desenvolvimento e aprofundamento do sistema radicular das plantas. Assim, o aproveitamento de água e nutrientes é intensificado, obtendo maior resistência a períodos de estresse hídrico, minimizando os efeitos de veranicos.
Na aplicação do gesso recomenda-se aplicar sempre em conjunto com a calagem. A relação entre o tipo de solo e a quantidade a ser aplicada de gesso agrícola é essencial, sendo importante não exagerar nas dosagens para não ocorrer a lixiviação de K e Mg. Em solos arenosos com baixa CTC é necessário cuidado, podendo ocorrer um desbalanço de bases.
O cafeeiro com raízes mais profundas possuem maior resistência a períodos de estresse hídrico, minimizando os efeitos de veranicos com a prática da gessagem.
Ainda não existe nenhum método consagrado para se avaliar a necessidade de gessagem (NG), sendo possível encontrar na literatura diferentes sugestões para aplicação de doses deste insumo, dentre estas, a classe textural do solo pode ser seguida no Quadro 1.
QUADRO 1 - Recomendação de gesso agrícola em função da classificação textural do solo para o cafeeiro e demais culturas perenes.
Adaptado de Sousa et al. (2005).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A calagem é uma das práticas com melhor custo x benefício, aliada a gessagem promove uma melhoria no ambiente radicular contribuindo para o aumento de produtividade, por melhorar a eficácia das adubações, fator importante para uma cafeicultura rentável.
*Vale lembrar que em qualquer dúvida deve-se consultar o engenheiro agrônomo ou técnico agrícola mais próximo de você.
REFERÊNCIAS
GUIMARÃES, P.T.G.; REIS, T.H.P. Nutrição e adubação do cafeeiro. In: REIS, P.R.; CUNHA, R.L. da (Ed.). Café arábica: do plantio à colheita. Lavras: EPAMIG Sul de Minas, 2010. v.1, cap. 6, p.347-414.
SOUSA, D.M.G. de; MIRANDA, L.N. de; OLIVEIRA, S.A. de. Acidez do solo e sua correção. In: NOVAIS, R.F. et al. (Ed.). Fertilidade do solo. Viçosa, MG: Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, 2007. p.205-274.