A poda do cafeeiro consiste na eliminação parcial ou total da parte aérea da planta após a colheita. Em função das diferentes variedades de cafés, essa prática ocorre, geralmente, no período entre agosto e outubro, e tem como principais objetivos a renovação por indução de ramos produtivos de plantas debilitadas pela idade, lesões causadas por fenômenos climáticos e/ou pela incidência de pragas e doenças.
O cafeicultor, por meio desta prática agrícola, também poderá programar com eficiência a condução e a produção de cafeeiros em sistemas de lavouras adensadas, reduzir a incidência de pragas e doenças do cafezal, facilitando o seu controle, promover mais luminosidade e arejamento dos cafeeiros em lavouras com fechamento, melhorar a arquitetura das plantas por renovação e ajuste da estrutura da copa, reduzir a altura e partes laterais das plantas para facilitar os tratos culturais e a colheita nos próximos anos. Assim, o cafeicultor terá aumento da vida útil de produção do cafeeiro com vigor e produtividade.
Com esses objetivos, os cafeicultores podem realizar, de acordo com as condições do cafeeiro, diferentes técnicas de poda ou a combinação delas, tais como o decote, o desponte, o esqueletamento e a recepa. O decote é uma poda alta e menos drástica, aplicada em plantas que ainda possuem saia, mas que apresentam esgotamento ou deformações na parte superior ou altura excessiva. Pode-se adotar um decote alto com corte da planta realizado de 1,80 m a 2,40 m de altura ou um decote baixo com corte de 1,20 m a 1,80 m de altura.
Com relação ao desponte, trata-se de uma técnica que consiste em cortar na lateral da planta, no sentido de cima para baixo (descendo), nas extremidades dos ramos plagiotrópicos (ramos produtivos), deixando-os com comprimento médio de 0,60 m a 1,20 m para estimular ramificações para aumento da produção. O esqueletamento consiste também em cortar na lateral da planta, porém no sentido de baixo para cima (subindo), nas extremidades dos ramos plagiotrópicos, próximos ao tronco do cafeeiro, deixando-os com comprimento médio de 20 cm a 30 cm, com o objetivo de promover a abertura da lavoura e renovar as hastes produtivas.
Já a recepa é uma poda baixa e mais drástica, aplicada em plantas que perderam os ramos produtivos inferiores que formam a saia da planta ou em plantas totalmente depauperadas ou deformadas. Pode ser aplicada uma recepa com pulmão ou recepa alta com o corte da planta a uma altura média de 60 cm a 80 cm do solo, ou uma recepa sem pulmão ou, ainda, recepa baixa com o corte de 30 cm a 40 cm do solo. Contudo, se a recepa for mais alta, por exemplo, a 60 cm do solo, e a brotação “nova” estiver acima de 25 cm do solo, é recomendável que se faça a 2ª poda imediatamente abaixo do broto emitido após a 1ª poda. Porém, se o broto estiver muito próximo do solo, o melhor será cortar acima da inserção do broto, pois, nesse caso, há poucas gemas para emitir novas brotações.
Tradicionalmente, esses tipos de podas são conhecidos pela maioria dos cafeicultores, tanto é que o Consórcio Pesquisa Café, coordenado pela Embrapa Café, pesquisaram e desenvolveram várias técnicas sobre essa prática. Como exemplos, o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) e a Embrapa Rondônia desenvolveram pesquisas relacionadas à poda do arábica e canéfora. A Poda Programada de Ciclo de Café Arábica, desenvolvida pelo Incaper, tem como base tecnológica a técnica da Poda Programada de Ciclo do Canéfora (Conilon), a qual é muito utilizada pelos produtores do estado do Espírito Santo desde 2007.
Poda Programada de Ciclo do Café Arábica – inicia-se após a recepa conduzindo-se de 8 mil até 12 mil hastes ortotrópicas (caule principal) por hectare. Essas hastes permanecem nas plantas por até quatro colheitas e, nessa ocasião, 50% a 75% desses caules serão removidos para indução de novas brotações. Dessa forma, novos brotos serão selecionados na base das plantas e estarão viáveis para produzir por mais quatro ou até seis safras, completando o ciclo da poda.
Poda Programada de Ciclo do Café Canéfora (Conilon) – consiste na eliminação das hastes verticais e dos ramos horizontais que se tornam improdutivos, para a substituição por outros mais novos. Os ramos estiolados, de baixo vigor, e o excesso de brotações também são eliminados. Após o plantio e na condução dos dois primeiros anos da lavoura, recomenda-se a desbrota, deixando um número de hastes verticais em torno de 12.000/ha a 15.000/ha. Em ambos os casos, buscam-se lavouras revigoradas e produtivas.
A Poda de Formação dos Cafeeiros, desenvolvida pela Embrapa Rondônia, é uma técnica indicada para a formação precoce da copa de cafeeiros conilon e robusta que visa evitar a formação de hastes finas e alongadas, padronizando o estádio de desenvolvimento das hastes produtivas, com vistas a obter mais produtividade ainda na primeira safra.
A poda dos cafeeiros pode contribuir para reduzir custos com mão-de-obra no período das colheitas, facilitar a desbrota e os tratos culturais, proporcionar uniformidade das floradas e maturação dos frutos, tornar mais eficiente o manejo de pragas e doenças, e aumentar em torno de 20% a produtividade média da lavoura, além de melhorar a qualidade final do produto.
Mais informações sobre o tema podem ser encontradas no Manual do Café: manejo de cafezais em produção, da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG); no Café Conilon, do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper); e no Café da Amazônia, da Embrapa Rondônia. Todas essas publicações estão disponíveis na íntegra para download no Observatório do Café.
As informações são da Embrapa Café.