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Qualidade, desenvolvimento regional e a cafeicultura brasileira

VÁRIOS AUTORES

TÉCNICAS DE PRODUÇÃO

EM 13/08/2007

6 MIN DE LEITURA

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Desde o período colonial, o café tem sido uma das principais atividades que contribuem para o desenvolvimento econômico do país, via geração de produto e de renda, com reflexos positivos na balança comercial do país e na absorção da força de trabalho ociosa. O desenvolvimento da cafeicultura foi marcado por diversas crises, em razão da volatilidade da produção, decorrente da bienalidade típica da cultura e de sua alta sensibilidade às condições climáticas, que propiciam alterações na oferta do produto, com conseqüências sobre seu preço.

O fim da regulamentação estatal da oferta de café no mercado internacional por meio do incremento dos estoques governamentais, acentuou o ambiente de livre mercado na economia cafeeira do Brasil, e vislumbrou-se a tentativa de uma reorganização da cadeia produtiva. Essa adaptação exigiu grandes investimentos em diversos setores dessa cadeia, especialmente nos sistemas de produção, tendo em vista a melhoria dos índices de eficiência agronômica para aumento da competitividade nesse mercado globalizado e de livre concorrência.

Os produtores começaram a se preocupar mais com a qualidade de seu café, com sua produtividade e com a busca de novos nichos de mercados. Apesar da maioria dos produtores serem de pequeno porte, houve o ingresso de grandes empresários na cafeicultura, com elevado nível tecnológico. As diferentes regiões produtoras iniciaram processos de estabelecimento de parâmetros de qualidade do produto e novas cultivares de café foram desenvolvidas e adaptadas às condições edafo-climáticas dessas regiões.

A dinâmica da cafeicultura brasileira permitiu uma grande evolução nas últimas décadas, pois a adoção de novas tecnologias, incluindo adubação, tratos culturais, adensamento da lavoura, cultivares melhoradas e irrigação, entre outros, contribuiu para o expressivo aumento de produtividade, o que permitiu o aumento da produção nacional, a despeito do decréscimo da área plantada.

Nesse contexto, as inovações tecnológicas permitiram, em primeiro lugar, a consolidação da cafeicultura nas tradicionais regiões produtoras, como a Mogiana Paulista e o sul de Minas Gerais, de forma a possibilitar a continuidade da cultura mesmo em solos exauridos, cujo cultivo de café remonta ao século XIX. Em segundo lugar, propiciou a expansão dessa cultura para locais com restrições edafo-climáticas, mediante a utilização de tecnologias de superação, como irrigação, associada aos sistemas de produção inovadores, focados no uso de variedades adaptadas, melhoramento das características físico-químicas do solo, aumento da densidade de plantio, adubação modular, manejo integrado de pragas, doenças e plantas daninhas e uso racional de todos os fatores de produção.

Fruto de todo esse processo econômico, social e tecnológico, o desenvolvimento da economia cafeeira ocorreu em quase todos os estados brasileiros, porém de forma heterogênea e adaptada às particularidades de cada Estado e de cada região produtora. Essa diversidade do desenvolvimento regional propiciado pela economia cafeeira é dinâmica e exige visão sistêmica da cadeia produtiva, visando subsidiar o planejamento eficaz e efetivo de investimentos e de políticas públicas direcionados à cafeicultura.

Nesse contexto, a noção do desenvolvimento regional, mais que base física e monetária para a produção do café, decorre de uma estrutura social formada por agentes sociais e econômicos com raízes históricas e tradicionais, por configurações políticas e identidades que detêm uma contribuição ainda pouco compreendida no próprio desenvolvimento econômico regional. Assim, o desenvolvimento regional da cafeicultura precisa ser compreendido como a interação entre diversos fatores externos e internos inerentes a cada região, capazes de transformar um impulso externo de crescimento econômico em desenvolvimento para toda sociedade.

O atual estágio desenvolvimentista de cada uma das regiões cafeicultoras é diretamente influenciado por fatores econômicos (como preço do produto, custo da produção e forma de comercialização do café), sociais (como nível de escolaridade e distribuição de renda entre agricultores) e ambientais (como degradação dos recursos naturais e grau de pressão preservacionista). Um diagnóstico das principais áreas produtoras de café do Brasil, com foco na interação dessa atividade socioeconômica com as características de cada uma das regiões e com as oportunidades e desafios frente ao competitivo mercado do produto, indicou que:

A economia cafeeira desenvolveu-se influenciada por complexo conjunto de fatores, tais como cotações internacionais, concorrência de outros países produtores, incentivos governamentais, condições climáticas, disponibilidade de solos férteis, e até mesmo a própria bienalidade da cultura.

Regionalmente, as principais transformações no cenário da cafeicultura intensificaram-se a partir da década de 70, com o surgimento de novas fronteiras agrícolas em virtude de fatores climáticos e incentivos públicos. Ocorreram mudanças importantes na geografia da produção cafeeira, como deslocamento do eixo produtor Paraná - São Paulo para o Espírito Santo e principalmente Minas Gerais, além de Bahia e Rondônia - principalmente em função das adversidades climáticas que afetaram a cafeicultura do Paraná, como a geada de 1975, com menor efeito sobre os cafezais de São Paulo e de parte de Minas Gerais.

Atualmente, variações geográficas, dimensão continental e características de clima tropical do país aliadas às intensas pesquisas, favorecem a adaptação regional da cultura, permitindo que o Brasil produza, a custos competitivos, os tipos de café exigidos pelo mercado mundial. Devido ao investimento em tecnologia, ao clima e relevo privilegiados, à disponibilidade de recursos hídricos, que resultam em produtividade elevada, o Cerrado mineiro e o oeste do Estado da Bahia representam as novas fronteiras da cafeicultura brasileira.

Considerando-se a razoável homogeneidade das condições edafo-climáticas e do café produzido, pode-se destacar as principais regiões produtoras de café no país: sul de Minas, cerrado de Minas, matas de Minas, Mogiana Paulista, Garça-Marília, Espírito Santo, Rondônia, cerrado baiano e Paraná.

No agronegócio café brasileiro, têm se destacado algumas estratégias competitivas bem sucedidas, voltadas às certificações de qualidade, preservação ambiental e responsabilidade social, visando diferenciação de produtos, conservação de posição sustentável ou aumento significativo de suas respectivas parcelas de mercado, especialmente no exterior. Tais estratégias têm sido adotadas principalmente por grandes empresas, mas há tendência bem definida dentre as demais empresas desse segmento, inclusive cooperativas e associações, nos diferentes estados produtores.

A diferenciação de produtos também ocorre via denominações de origem ou processo, como nos casos dos Cafés das Montanhas do Espírito Santo, Cafés das Matas de Minas Gerais, Cafés do Cerrado e Café da Bahia, dentre outros. Tais ações podem afetar o preço e a concorrência.

As características estruturais nos principais estados brasileiros produtores indicam grande participação de produtores familiares na cafeicultura. Assim, estratégias visando o desenvolvimento dessa cadeia produtiva deverão considerar as peculiaridades da produção familiar e o incremento do sistema público de extensão rural e transferência de tecnologia. Quanto à composição relativa dos segmentos do sistema agroindustrial do café, no curto e médio prazo, o mais importante para a sobrevivência dos cafeicultores é a produção de cafés de boa qualidade aliada à eficiência técnica e administrativa, independente do tamanho da propriedade.

Há necessidade de formação de modelos organizacionais que possibilitem a inserção dos pequenos produtores no mercado de produtos diferenciados. O número de Associações de Classe nessa cadeia produtiva vem crescendo e sua intensificação deverá contribuir para a sobrevivência do segmento e para aumentar a competitividade do agronegócio café. Nas regiões brasileiras que permitem produção não irrigada e colheita em épocas de menor umidade relativa, o crescimento do sistema agroindustrial do café e a manutenção ou aumento de sua competitividade podem estar relacionados à diferenciação da produção via qualidade.

Em outras regiões do país, o desenvolvimento setorial deve considerar a disponibilidade de orientação e assistência técnica, com base em pesquisas científicas e nas características regionais, desenvolvendo ou adaptando sistemas tecnológicos mais apropriados, importantes para aumento da rentabilidade. Ou seja, maior produtividade das lavouras a menor custo de produção, com foco na boa qualidade, visando melhores preços nos mercados nacional e internacional.

Bibliografia consultada

CARVALHO, A.; ANTUNES FILHO, H.; MENDES, JET.: LAZZARINI, W.; REIS, A. J.; ALOISI SOBRINHO, J.; MORAES, M. V. de; NOGUEIRA, P. K. & ROCHA, T. R. da. Melhoramento do cafeeiro. Campinas: Bragantia 1957.

CARVALHO, G. Análise setorial: o mercado do café. Gazeta Mercantil, São Paulo, 2002. 229p.

COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO. Central de informações agropecuárias. https://www.conab.gov.br 03/04/2007.

IAPAR - Instituto Agronômico do Paraná. https://www.iapar.br

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Produção agrícola municipal. https://www.sidra.ibge.gov.br 30/03/2007.

MALAVOLTA, E. História do café no Brasil. São Paulo: Ceres, 2000. 464p.

PIRES FILHO, G.B.A. Retrospectiva - 50 anos de Café e Brasil: produção, comércio, indústria, consumo - 1950-2000. Associação dos Amigos do Museu do Café do Brasil: Santos, 2006. 112p.

UNITED STATES DEPARTMENT OF AGRICULTURE. Foreign agricultural service. https://www.usda.gov 02/04/2007.

FLÁVIA MARIA DE MELLO BLISKA

ELESSANDRA APARECIDA BENTO MOURÃO

PAULO CÉSAR AFONSO JÚNIOR

SERGIO PARREIRAS PEREIRA

Agrônomo - Mestre em Fitotecnia - Pesquisador Cientifico do IAC - Centro de Café - Mediador da Comunidade Manejo da Lavoura Cafeeira no PEABIRUS - Doutorando da Universidade Federal de Lavras - UFLA - Coordenador do Núcleo de Manejo do CBP&D/Café

CLEIDE HELENA SANTOS CARDOSO

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