As lavouras de café conilon são, normalmente, cultivadas em regiões de baixa altitude, de clima quente e seco, como ocorre nas áreas do Norte do Espirito Santo, Sul da Bahia , Vale do Rio Doce em Minas Gerais e em Rondônia. Mas, ultimamente, o interesse no plantio do conilon vem se expandindo para outras regiões, como alternativa para condições de zonas mais frias, porém secas e para as áreas de arábica onde tem sido difícil produzir cafés de boa bebida.
Tanto nas regiões quentes como nas frias, nas duas condições, têm sido observadas dificuldades para o pegamento e desenvolvimento inicial das mudas de conilon no campo, especialmente aquelas de origem de estacas, as mudas clonais. As pesquisas e a prática mostram que, para o sucesso inicial da lavoura, é quase imprescindível fazer uma proteção com sombra no pós-plantio. Pode-se ver os resultados, sobre o efeito da proteção, em trabalho de pesquisa cujos dados constam do quadro 1. Verifica-se que o melhor desempenho no plantio, seja na percentagem de pegamento, seja no crescimento das mudas, esteve relacionado ao tratamento com o sistema de proteção pelo sistema de sombra mais efetivo, no caso através de lascas de bambu. Várias outras pesquisas, em diferentes regiões, confirmam isso.
A proteção é necessária tendo em vista que as mudas novas de conilon parecem ser mais susceptíveis à insolação, indicando que elas não conseguem um bom nível de fotossíntese com luz solar direta. Em consequência, transferem menos reservas às raízes e estas, enfraquecidas, não suprem adequadamente a parte aérea e, assim, se fecha o ciclo problemático. Também no frio, as plantas de conilon são mais sensíveis e muito prejudicadas pelo vento.
Para a proteção das mudas são mais utilizados pedaços de folhas de palmeiras, fincados de um ou dois lados da muda plantada, observando o caminhamento do sol, para melhor proteção. Ultimamente foi adaptado o uso de colmos de bambu gigante rachado e até, diante da dificuldade de obter estes materiais vegetais, vem sendo usados em alguns plantios pequenos pedaços de TNT. No caso das folhas de palmeiras, além do elevado custo do corte e transporte na maioria dos casos a longas distâncias, existe o problema ambiental, pois o material, mais comumente, é oriundo de palmeiras nativas.
Também podem ser usados pedaços de folhas de palmeira
Um novo tipo de proteção, a custo mais baixo e que parece bem adequado, foi idealizado e testado, recentemente, em duas áreas piloto de café conilon, no Sul de Minas, na Fazenda Experimental de Varginha e na Fazenda Santa Helena, em Areado. Trata-se do uso de folhas de bananeira como material de sombra. Para isso, pequenas estacas de bambu comum são fincadas ao longo da linha de plantas, ficando distantes a cada 5-6 m e com altura de cerca de 30cm.
Sobre essas estacas coloca-se na horizontal, varas de bambu rachado ao meio, sendo fixadas nas estacas. Em seguida, apenas sobre as mudas, são colocados um- dois pedaços de folhas de bananeira, de forma que eles fiquem apoiados na vara de bambu e passe pro outro lado, sendo que nas pontas da folha de bananeira, junto ao chão, coloca-se um pouco de terra para fixação, evitando sua retirada pelo vento. Essa proteção fica no campo, por cerca de 3-4 meses e na medida em que as folhas de bananeira vão secando e diminuindo sua sombra, elas vão proporcionando uma ambientação natural das mudas de café no campo, agora já adaptadas, pelo melhor equilíbrio folhas/raízes.
Indica-se, ainda, acoplar este tipo de proteção ao plantio profundo, deixando o local de colocação da muda na cova ou sulco, com uns 10 cm de fundura abaixo do nível do solo, a muda tendo sua posição do colo mantida na superfície.
Quatro 1- Pegamento de mudas e altura das plantas do ensaio de tipos de proteção no pós-plantio de conilon, Varginha (MG), 2010.
Vista do jardim clonal da cultivar Colatina de conilon, com plantio protegido no sistema de folhas de bananeira, na Fazenda Experimental de Varginha.
Na Fazenda Santa Helena (Areado-MG), detalhe da proteção. Já com dois meses de idade, a primeira planta protegida e já desenvolvida, enquanto a segunda, sem sombra de folhas bananeira, com fraco desenvolvimento, apesar da irrigação.