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Produtores rurais brasileiros experiência e juventude unidas na estruturação da sucessão nas empresas rurais familiares

POR CILOTER BORGES IRIBARREM

TÉCNICAS DE PRODUÇÃO

EM 05/02/2010

6 MIN DE LEITURA

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O empreendedorismo é uma característica incontestável entre os produtores rurais de sucesso no Brasil.

No entanto, ocupados com a realização de seus sonhos, algum destes produtores não colocam sua família a par deste processo, deixando de transmitir e de compartilhar com ela os seus sonhos.

Empresários de sucesso são também pais e administradores dos seus negócios.

Enquanto o produtor fundador da empresa está isolado no comando, a família aceita e respeita a sua liderança, até porque ele não é somente o chefe, mas também pai ou mãe.

O empresário, chefe, pai ou mãe, não pode esquecer que sua empresa, se for muito eficiente e bem administrada cresce aritmeticamente, enquanto a sua família cresce geometricamente.

Raramente o dono se dá conta que veste vários chapéus, de proprietário, de administrador, de chefe de família, de pai ou mãe.

Os anos passam, a família cresce e os conflitos começam a surgir e o fundador administra o negócio e a família como fosse uma coisa só.

O que pode acontecer com o futuro dessa empresa?

Conflitos familiares se não resolvidos, são como iceberg, acima do nível da água está uma pequena parte do que está abaixo.

A conseqüência desta forma errada de administrar as Empresas Familiares é que 65% delas terminam, não por causa do negócio que trabalham, mas sim por causa dos conflitos familiares.

Qual é o segredo do sucesso da Empresas Rurais Familiares na Agricultura Brasileira?

Talvez o mais importante deles seja a preocupação em passar as novas gerações à paixão pelas raízes da família e pelo próprio negócio.

Como quem planta sementes, quem está no comando da empresa deve preocupar-se em formar sucessores cedo, quando eles são ainda meras crianças.

Como estava a sua empresa alguns anos atrás? E qual era a idade de seus filhos?

Tudo passou tão rápido, a boa gestão fez a sua empresa crescer, mas seus filhos também cresceram e atualmente querem participar do negócio, sendo que alguns deles já estão casados, portanto já existem agregados pertencentes a outras famílias que hoje estão ligados à sua.

Até aqui falamos em empresas e famílias independente dos setores da economia, agropecuária, indústria, serviços e comércio, mas todos eles com mais ou menos dificuldades, dependendo de sua complexidade enfrentam os desafios da relação, negócio família.

Nós da SAFRAS & CIFRAS, que atuamos a mais de 20 anos, quase que exclusivamente no setor agropecuário brasileiro, preferimos centrar nossas análises e sugestões neste setor que é um dos mais importante da economia brasileira.

Entendemos que o setor agropecuário é o que apresenta as maiores dificuldades para estruturar a relação negócio e família.

A produção é feita em cima de uma ou mais propriedades, contiguas ou não, que apresentam solo, topografia, infra-estrutura, áreas inaproveitáveis etc. diferentes dentro das mesmas.

Nenhum outro setor da economia apresenta a terra como fator de produção.

Soma-se ao local que é feito a produção, a paixão dos pais pela terra onde está a produção, seja por ter recebido por herança que vem passando de geração por geração, mas em muitas vezes pelas dificuldades que passaram para que chegassem aos dias atuais, com um bom patrimônio adquirido com tanta obstinação, já que iniciaram suas vidas em muitos casos dentro de pequenas propriedades.

Os pais, além das propriedades, enxergam em seus filhos mais velhos, como os que mais trabalharam inicialmente para adquirir as primeiras áreas de terra.

Como acertar os interesses dos pais, que querem retribuir o esforço dos filhos mais velhos, assim como os demais que trabalham na propriedade, sem prejudicar e ferir a relação com os demais filhos que estão fora do negócio?

Como dividir as propriedades entre os filhos, já que a infra-estrutura existente atualmente serve a todas (silos, armazenagem, etc.) e no momento da divisão isto não vai acontecer?

Como fazer com as fontes de irrigação e os pivôs no momento da divisão?

E os compromissos assumidos com os investimentos?

Como diferenciar o que receberão os filhos que trabalham na propriedade com relação aqueles que atuam em outros serviços fora do negócio da família?

Como proteger o patrimônio que os filhos vão receber com relação aos seus conjugues, caso ocorra no futuro incompatibilidade entre os mesmos?

Quando ocorrerem novas compras de terras e fizerem novos investimentos em nome de quem deverão ser colocados?

Como os pais poderão ficar protegidos financeiramente e com poder sobre o patrimônio até o final de suas vidas?

As respostas para cada uma das perguntas formuladas anteriormente são diferentes dependendo da família e do negócio.

Nós da SAFRAS & CIFRAS, que temos vivenciado estas situações por atuarmos no meio rural, além do assessoramento que temos prestado a várias famílias, vimos que muitos dos questionamentos são resolvidos satisfatoriamente, quando os pais entendem que o processo de Organização do Negócio Familiar e de Sucessão (Transição) deve ser iniciado quando os mesmos se encontram em plena atividade e que o relacionamento com os filhos, genros e noras não apresentam incompatibilidade de relação.

O início do processo, não deve acontecer somente após a morte de um dos pais ou quando os mesmos já encontram-se fragilizados, por problemas de saúde, idade ou dificuldades de relacionamento com a família, fase que dificultará muito mais a perspectiva de manter o negócio e a família unida.

Os pais devem entender que a Organização do Negócio Familiar e da Sucessão (Transição) não significa sinalizar o afastamento dos mesmos do negócio ou a própria morte, já que essa é inerente a partir do nascimento do ser humano.

A partir da Organização do Negócio Familiar, estrutura-se uma relação Empresa X Família, que prepara ao longo dos anos a futura Sucessão (Transição), a qual caracteriza a continuidade e crescimento do negócio assim como a unidade familiar, objetivos dos pais inteligentes e dos empresários rurais bem sucedidos.

Quando é estruturada a Organização do Negócio Familiar, ficam definidos entre outros os seguintes pontos:

• Participação dos filhos no negócio ajustando os que trabalham na propriedade com aqueles que estão fora do negócio.
• Os novos investimentos que serão realizados.
• Remunerações e Distribuição dos Resultados.
• Poderes da Administração.
• Estruturação Tributária.
• Estruturação Fundiária.
• Código de Conduta da participação da família no negócio.

Poderíamos enumerar vários outros pontos que a SAFRAS & CIFRAS adota quando trata da relação Família X Negócio nas Empresas Rurais Familiares no Brasil, mas por ser um simples artigo para reflexão, não achamos conveniente detalhar demais o tema, para não tornar-se cansativo aos leitores do mesmo.

O próximo passo é a preparação para a Sucessão (Transição), que leva em consideração a transmissão de parte do poder dos pais assim como a transmissão do patrimônio terra para seus filhos onde devem ser levados em consideração alguns cuidados, entre outros, para que a empresa continue crescendo com a família unida, que a seguir apresentaremos:

• Como ocorrerá a transmissão de terra, dos pais para os filhos?
• A transmissão se dará através da Pessoa Física ou de uma ou mais Pessoas Jurídicas?
• O patrimônio transferido para os filhos será localizado ou não? Vantagens e Desvantagens
• O poder da administração ficará com os pais? Com pais e filhos? Com pais e alguns filhos?
• Como será protegido o patrimônio que vai ficar com os filhos no futuro, perante os conjugues, embora os mesmos possam participar do negócio.
• Em nome de quem serão feitos os novos investimentos?
• Como se dará a estruturação, para que possam ser reduzidos os custos inerentes a transmissão do patrimônio
• Formalização do acordo de cotistas e do código de conduta com relação aos sócios da nova empresa ou empresas.
• Formalização da relação entre os proprietários da empresa e a exploração do negócio, já que são coisas diferentes.
• Formatação da nova tributação e da parte fundiária, que traga como conseqüência, redução dos impostos e proteção do patrimônio.

Ainda existe muito mais para ser discutido sobre as melhores práticas de Gestão das Empresas Rurais Familiares, mas o que foi apresentado neste artigo já é suficiente para elucidar a importância do tema.

Salientamos que o mundo é dinâmico e que o sucesso do passado não garante o sucesso do futuro.

Portanto, é importante que a experiência dos pais somada à juventude dos filhos, concentre esforços para o desenvolvimento contínuo e consistente das relações família e negócio.

Ser feliz é a suprema aspiração humana e é o que todos os pais querem para seus filhos, netos e futuras gerações pertencentes a sua família, sendo que para conseguir esta causa tão nobre é necessário que os pais atentem para o tema tratado neste artigo.

CILOTER BORGES IRIBARREM

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CILOTER BORGES IRIBARREM

OUTRO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 09/02/2010

Sr.Wilson
Boa tarde
Agradeço o seu comentário sobre o nosso artigo.
Nós da SafraseCifras prestamos consultoria a produtores rurais desde 1990, portanto 20 anos se passaram e temos acompanhado as dificuldades dos produtores rurais do nosso país, embora muitos da nossa sociedade olhem para os mesmos como milionários e destruidores do meio ambiente.
Embora todas as dificuldades, muitos produtores venceram os desafios e hoje são bem sucedidos, o que não modifica o nosso comentário anterior.
Atenciosamente
Cilotér
WILSON MENDES RUAS

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE OVINOS

EM 05/02/2010

Parabéns ao Sr. Cilotér Borges, Consultor da SAFRAS & CIFRAS, pelo excelente artigo publicado, por abordar uma questão tão relevante à continuação da gestão sustentável, das fazendas/empresas rurais no Brasil, pela sua importância sócioeconômica para o sucesso do nosso País. Por razões históricas, a classe rural é muito estigmatizada no Brasil. Nós produtores rurais, por desejarmos a felicidade para os nosssos filhos, regra geral, os aconselhamos a estudar e buscar uma profissão fora da atividade agropecuária, porque temos receios de que eles não conseguirão vencer os desafios que, atualmente, enfretamos para sobreviver. Estou falando de um segmento que tem sua origem no meio rural. Ter sucesso na atividade rural, em especial, a partir da década de 80, significa enfretar montanhas de desafios de toda natureza. Em 1997, em companhia de outros fazendeiros, visitei umas 10 propriedades rurais, nos Estados Unidos e Canadá, produtoras de leite, com caracteristicas mais próximas da nossa realidade, ou seja, fazendas, tipcamente familiares, que recriam, plantam lavouras para alimentar o rebanho, etc. Entre outras coisas fantásticas que vi por lá, que não vem ao caso agora, duas me chamaram a atenção: 1º) a constatação de que algumas daquelas fazendas já estavam na 4ª geração de sucessores; 2º) o fato gratificante de observar o envolvimento de toda a familia no negócio, tais como: pais, filhos, noras e, em alguns casos, até netos. Por tudo isso que acabo de relatar, entendo ser o artigo altamente impactante à nossa realidade, na busca de novos horizontes para transformar a agropecuária brasileira, em um negócio, nacionalmente, tão atrativo como outro qualquer. Para caminharmos nessa direção, é oportuno lembrar que precisamos da vontade política dos nossos governantes. Isto virá, se organizarmos e promovermos um clamor nacional em favor do segmento. E como fazer isso? Mediante a estruturação de campanhas de conscientização, muito bem fundamentadas, enfatizando a importância real da agropecuaria para o nosso País, como para qualquer País do mundo que preze os interesses nacionais. Nada de artificialismo.

Wilson Mendes Ruas
Produtor de Leite
GERALDO VARGAS DE MORAS

RIO DE JANEIRO - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 05/02/2010

Sou Sergio Vargas, filho de Geraldo Vargas , meus pais tiveram a feliz ideia de levar eu e meus outros 2 irmaos para nosso sitio. Eu tinha 16 anos ,ele nos ensinou a cuidar e administrar nossa fasenda, hoje somos produtores de cafe respeitados em nosso municipio temos uma produçao de leite e estamos agora engajados em uma torrefaçao de cafe: Cafe Vargas, que leva o nome de nosso pai por reconhecimento de todas as oportunidades que ele nos deu. Graças a ele, eu e meus irmao temos um futuro, um plano de vida e objetivos bem definidos para alcançar.

Parece que meu pai ja tinha lido esse artigo a uns 20 anos atraz!!!!Espero que todos os pais leiam essa obra. Parabens ao seu Escritor.

Somos conhecidos como Irmaos Vargas, Varre Sai RJ, participamos do curço Empreendedor Rural do Senar RJ, nosso projeto realizado durante o curso ficou entre os tres melhores do Brasil o Senar fez um filme contando nossa historia .

Escrevi esse comentário para mostrar que esse artigo foi nada menos o que meu pai adotou como meta de vida.

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