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Produção Integrada de Café (PIC): origem, impactos esperados, normas e ferramentas para implantação

VÁRIOS AUTORES

TÉCNICAS DE PRODUÇÃO

EM 13/03/2007

7 MIN DE LEITURA

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O Consórcio Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento do Café (CBP&D/Café), administrado pela Embrapa Café, atento às exigências do mercado, apresenta uma nova forma de gerir a produção cafeeira, a partir de um conjunto de diretrizes técnicas com a finalidade de garantir sustentabilidade econômica, social e ambiental ao agronegócio café: a Produção Integrada de Café (PIC).

A elaboração da norma para a PIC é organizada para permitir a rastreabilidade da produção e o desenvolvimento de uma certificação nacional, com normas que atendam às exigências internacionais, com custos reduzidos e de fácil aplicabilidade.

A liderança brasileira na produção mundial de café pressupõe cada vez mais uma postura correta em relação ao meio ambiente, ao trabalhador e à segurança dos produtos. O que se propõe com a PIC é a apresentação de uma norma que incentive o aperfeiçoamento gradativo de um maior número de cafeicultores que desejam ter seus produtos reconhecidos através de certificação.

A PIC foi desenvolvida com base em diversos códigos já existentes para a cafeicultura e no modelo de sucesso proposto pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) para Produção Integrada de Frutas (PIF), que se inspirou na IOBC (sigla em inglês, comumente chamada de Organização Internacional de Controle Biológico).

A PIC, além do aporte oficial do Ministério da Agricultura, tem o apoio institucional e tecnológico do CBP&D/Café, que congrega 45 instituições de pesquisa. Isso significa que os produtores, prioritariamente reunidos em associações ou cooperativas, terão mais acesso às informações e oportunidades de capacitação, aproveitando-se o corpo técnico especializado e a infra-estrutura das Instituições pertencentes ao Consórcio.

A PIC é uma iniciativa brasileira de oferecer um café com valor social e ecológico agregado e vem ao encontro das exigências dos países consumidores que começam a cobrar e a valorizar condições apropriadas de produção e rastreabilidade do produto.

De acordo com o especialista em tecnologia pós-colheita da Embrapa Café, Paulo César Afonso Júnior, o desenvolvimento e conservação ambiental deixaram de ser vistos como forças necessariamente opostas nos caminhos que levam à competitividade econômica. "Em todo o mundo, uma tendência em curso é a crescente consciência que responsabilidade sócio-ambiental serve de garantia para o crescimento sustentável", afirmou.

Certificação partindo do produtor

Grandes certificadoras internacionais já encontram no Brasil demanda crescente por seus selos, como Fairtrade, Orgânico, Rainforest Alliance e Utz Kapeh. O mercado consumidor também tem sinalizado maior valorização por produtos certificados, que garantam o aumento da qualidade de vida no meio rural e benefícios efetivos ao meio ambiente e à economia de países em desenvolvimento. São os consumidores impondo códigos de conduta, quando deveria partir do produtor a iniciativa de oferecer um produto com valor agregado.

Embora a PIC não tenha interferência na formação de preço, a certificação dará ao cafeicultor maior poder de negociação. Para isso, o marketing da certificação deverá ser um item prioritário, diferenciando o café com selo PIC na preferência dos consumidores. Outra vantagem advém da gestão da propriedade. A propriedade de café adepta da PIC deverá ter o custo reduzido, com menos intervenções químicas e mais controle biológico das lavouras. Além do respeito ao meio ambiente, cuja tendência é se tornar obrigação e não vantagem competitiva, o trabalhador rural também ganha mais qualidade de vida, que poderá ser revertida em maior eficiência de produção.

Além disso, o produto com certificado PIC estará apto a participar da concorrência internacional quando estiverem em vigor códigos de conduta exigidos pelos países consumidores, como o Common Codes for the Coffee Community (CCCC ou 4C - Código Comum para a Comunidade Cafeeira). A intenção é que o produto brasileiro com certificado PIC, automaticamente venha a receber o selo do código internacional de conduta CCCC, por respeitar princípios semelhantes de dimensões social, ecológica e econômica que permeiam a sustentabilidade da produção.

Com a implantação da PIC, a pesquisa científica também deverá dedicar mais atenção aos temas ligados à sustentabilidade. De acordo com gerente geral da Embrapa Café e coordenador do CBP&D/Café, Gabriel Bartholo, o Edital de 2006 do CBP&D/Café incluiu dentre seus focos temáticos sustentabilidade, certificação e estudos sobre a cadeia agroindustrial do café e a evolução da demanda por esse produto, visando ampliar a competitividade do setor produtivo. "Devemos realizar ações que permitam à cafeicultura brasileira adequar-se aos princípios de produção sustentável, para acompanhar as exigências cada vez mais rigorosas dos mercados", acrescentou.

O próximo passo será o estabelecimento de áreas piloto de produção integrada, que serão comparadas a áreas de manejo convencional. O objetivo é oferecer aos produtores e técnicos exemplos de manejos adequados à PIC, com resultados práticos de sua aplicação. Essas áreas servirão como experimentos de pesquisa, onde deverão ser estudados aspectos como alterações no solo, ciclagem de nutrientes, grau de infestação de pragas e doenças, entre outros impactos econômicos e sociais.

A adoção de práticas sustentáveis é uma tendência inevitável perante as exigências do mercado que começam a impor barreias fitossanitárias. A iniciativa brasileira de produção integrada incentiva à adoção de tecnologias com menor impacto ambiental, maior eficiência produtiva e que ainda poderão trazer economia ao produtor.

Impactos esperados com a adoção da PIC:

- Organização da propriedade agrícola e, conseqüentemente, da cadeia produtiva;

- Melhoria na gestão do processo produtivo;

- Redução da vulnerabilidade e gerência do risco;

- Produto com qualidade;

- Redução do uso de agrotóxicos de maior risco;

- Utilização de técnicas produtivas com baixo impacto ambiental;

- Registro e documentação do processo produtivo (Rastreabilidade);

- Exercício da responsabilidade social;

- Competitividade no mercado externo;

- Treinamento e capacitação técnica;

- Certificação.

Em maio de 2006 aconteceu em Belo Horizonte, o primeiro Workshop para o aprimoramento da norma sugerida pela Produção Integrada de Café (PIC). O evento reuniu cerca 40 representantes da cadeia produtiva do café, convidados para analisar e discutir a versão da PIC na época.

O relatório do I Workshop da PIC, além de apresentar várias sugestões e discussões relacionadas à implementação da norma, trás a definição das atividades futuras para consolidação da proposta de Produção Integrada de Café do CBP&D/Café.

Com base nas informações colhidas no Workshop e em outras fontes, a Norma PIC será ajustada, utilizando o máximo possível da orientação da PIC. Isso inclui o seguinte:

1) Preparar uma Norma Técnica I - Exigências de Organizações e seus membros para a prática da Produção Integrada de Café de acordo com os padrões IOBC.

2) Preparar uma Norma Técnica II e III combinadas válida para aplicação em propriedades agrícolas e até a fase de pré-processamento de café.

3) Incluir na Norma o glossário de termos.

4) Ajustar o sistema de avaliação de conformidade à Norma PIC revista.

Isso servirá de base para a instituição do marco legal da PIC. Paralelamente, será estruturado o que vem sendo chamado de "caixa de ferramentas" (tool Box) para sua implantação. Trata-se de definir ou desenvolver uma série de instrumentos para facilitar sua implementação, que incluem cadernos de campo, boas práticas, fotografias de pragas e doenças para identificação no campo, grade de pesticidas, critérios para análise de risco de infestação de pragas e doenças, modelos de contratos, etc.

O projeto fará a definição desses instrumentos, mas a maior parte será desenvolvida sob orientação técnica de pesquisadores, extensionistas, consultores e técnicos do Consórcio Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento do Café / Embrapa Café, com participação do Comitê Gestor e de organizações externas ao Consórcio, interessadas em contribuir para a consolidação da Proposta. Na construção do modelo de Produção Integrada de Café, conta-se com a direção do Comitê Gestor.

De acordo com o Plano Diretor do Conselho Nacional do Café (CNC), devem ser incentivadas as informações relativas à sustentabilidade na cafeicultura. No entanto, é necessário que sejam realizados estudos que forneçam ao CNC e seus associados, informações e análises estruturadas, que subsidiem uma tomada de posição com relação ao tema. Esses estudos deverão enfatizar as iniciativas já em andamento, como o 4C, liderado pelos governos Alemão e Suíço e organizações européias; o PIC - Produção Integrada de Café, liderado pelo MAPA / EMBRAPA e as ações desenvolvidas pela Organização Internacional do Café (OIC).

Quanto aos estudos referentes à PIC, há três Unidades Piloto de Produção Integrada de Café, na Zona da Mata de Minas Gerais, financiadas pelo MAPA. Além disso, estudo coordenado por pesquisadores do Instituto Agronômico, com a parceria de outras Instituições de Pesquisa do CBP&D/Café, encontra-se em fase de seleção de propriedades para instalação de novas Unidades Piloto.

A análise das Unidades Pilotos os seguintes objetivos: a) Comparar às áreas das Unidades de Produção Integrada de Café - PIC com as áreas de manejo convencional;

b) Estudar aspectos relacionados à produção, como alterações no solo, ciclagem de nutrientes e grau de infestação de pragas e doenças dentre outros;

c) Analisar os impactos econômicos e sociais da implementação da PIC nas propriedades onde forem instaladas Unidades Piloto.

Espera-se, com esse estudo, oferecer aos produtores e técnicos, análise exaustiva de manejo integrado, com resultados práticos da aplicação da PIC.

SERGIO PARREIRAS PEREIRA

Agrônomo - Mestre em Fitotecnia - Pesquisador Cientifico do IAC - Centro de Café - Mediador da Comunidade Manejo da Lavoura Cafeeira no PEABIRUS - Doutorando da Universidade Federal de Lavras - UFLA - Coordenador do Núcleo de Manejo do CBP&D/Café

ARTUR BATISTA DE OLIVEIRA ROCHA

FLÁVIA MARIA DE MELLO BLISKA

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SERGIO PARREIRAS PEREIRA

CAMPINAS - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 21/03/2007

Prezado Ricardo,

Acompanhamos a distância, o projeto piloto de adequação ao Programa 4C´s liderado pelo Instituto Totum no Brasil. Infelizmente, devido a outros compromissos, não pudemos participar do Workshop no dia 16, mas já estamos com o Relatório Técnico Piloto 4C Brasil em mãos, e pudemos notar a efetiva participação da Cocapec na iniciativa.

Em relação às Unidades Piloto de PIC - Produção Integrada de Café, foi encaminhado um projeto para a Chamada 2006/1 do Consórcio Brasileiro de Pesquisa Cafeeira e no momento, aguardamos o resultado final do processo.

Trata-se, na verdade, de um grande programa voltado para o desenvolvimento sustentável da cafeicultura brasileira e conta com quatro planos de ação:

1 - "Gestão do projeto e de conhecimentos"

2 - "Levantamento e analise das iniciativas de cafeicultura sustentável e certificações"

3 - "Instalação, acompanhamento e análise de unidades piloto de PIC - Produção Integrada de Café"

4 - "Definição de um Índice de Sustentabilidade (IS) para a cafeicultura brasileira",

A inovação do projeto está na sua governança participativa, com objetivo de oferecer à equipe, uma ferramenta de gerenciamento do projeto, de forma a manter seus membros comprometidos a verificar seu desempenho, possibilitando a auto-regulamenção.

É uma ferramenta na qual serão utilizados conjuntos de práticas que têm por finalidade otimizar o desempenho do projeto, ao planejar, executar e concluir as metas. Esta governança participativa será conduzida por um comitê gestor que será composto por pesquisadores das diversas áreas do conhecimento e por agrônomos de diferentes cooperativas de café do Brasil.

A participação efetiva dos técnicos das cooperativas, que estão na frente de batalha junto ao produtor é o diferencial para atingirmos com êxito os objetivos do projeto. Aguardamos o resultado da Chamada 2006/1 para começarmos a trabalhar, e a parceria com Cooperativas como a Cocapec, com certeza, fará deste, um projeto que resultará em bons frutos (de café, sustentável).

Abraço,

Contamos com vocês,

Sérgio Parreiras Pereira
IAC- Instituto Agronômico
RICARDO LIMA DE ANDRADE

FRANCA - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 19/03/2007

Caros, Sérgio e Flávia,

Finalizamos, aqui no ambiente da COCAPEC, em Franca/SP, o projeto piloto de adequação ao Programa 4C´s liderado pelo Instituto Totum a nível Brasil, no qual a cooperativa teve participação importante na validação junto as verificadoras, oferecendo duas propriedades que refletissem a realidade da produção regional e também a própria estrutura da cooperativa como unidade 4C´s.

O Sérgio, em tempos passados, havia me contatado para participarmos do desenvolvimento piloto do PIC. Esclareço que estamos muito mais maduros para discutirmos, principalmente relatando que as normas 4C´s serão aplicadas em nossa região com apoio da COCAPEC, que se estrutura em pessoal e foco para esta importante fase da cafeicultura mundial, contribuindo para que nosso cooperado esteja a frente das tendências e obrigações da produção agrícola mundial.

Um abraço,

Ricardo Lima de Andrade
Diretor Cocapec
Franca / SP
FERNANDO SORDI TAVEIRA

FRANCA - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 13/03/2007

Caros autores,

Interessei-me muito pela proposta da PIC e gostaria de saber mais sobre o assunto. Onde posso encontrar? Como faço também para disponibilizar minha propriedade para realizarem o projeto piloto, visto que já trabalhamos a sustentabilidade em nossa propriedade.

Aguardo contato.

Fernando


<i>Caro Fernando,</i>

Haverá um Dia de Campo na TV sobre a PIC, talvez em maio. Assim que tivermos a data informaremos o Renato, para que ele possa divulgar a notícia no CaféPoint, de qualquer forma, enviaremos um e-mail a você também.

Além disso, está sendo elaborado um filme sobre a PIC, com imagens de duas unidades experimentais, uma em Viçosa e outra em Três Pontas. Nos comprometemos a comunicá-lo assim que o filme estiver disponível.

A região onde você está localizado faz parte da área aonde pretendemos instalar unidades piloto da PIC. Assim que estivermos definindo as propriedades entraremos em contato com você. Ficamos muito felizes com o seu interesse. Esperamos estar definindo isso até maio. Estamos aguardando a liberação de recursos do Consórcio Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento do Café para viagens.

Estamos à sua disposição caso queira nos visitar para conversar e conhecer nosso trabalho, ou mesmo para contato telefônico. Sugiro conversar com Sérgio Pereira, que entende mais do assunto e irá coordenar a implantação das unidades piloto.

Atenciosamente,

Flávia Bliska

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