Neste ano, agora em setembro/outubro, teve início a florada nas lavouras, em algumas áreas onde já choveu, mas existiam e permanecem dúvidas sobre o volume, a abertura e o pegamento desta florada.
O que se tem visto no campo já pode começar a aclarar estas dúvidas.
Primeiro, havia o receio de que o stress hídrico, mais cedo, em fevereiro até maio, poderia dificultar a indução floral, na fase inicial de formação das gemas. Pode-se observar, sobre isso, que houve a indução normal, pois, agora, os ramos e as rosetas estão com grande número de botões florais, com boa uniformidade no amadurecimento das gemas, pelo próprio efeito da seca, de maio a setembro.
Como as chuvas, na maioria das regiões, ainda foram em pequeno volume e mal distribuídas, existem variações no comportamento da florada. Em muitas áreas houve uma pequena florada, de ponteiro e mais nas lavouras novas. Em outras, com um pouco mais de chuvas, a florada foi maior, com cerca da metade dos botões abrindo, precisando de mais chuva para a abertura total. Neste ponto surgem indagações e afirmações diversas, dos produtores e dos técnicos. Será que estas flores, por terem ocorrido em período de pouca chuva e pela persistência da seca, vão pegar, ou seja, vão se transformar em frutos.
A primeira resposta a esta indagação depende do que virá de chuva em seguida. Se dentro de pouco tempo as chuvas se normalizarem, a falta de chuvas no período da pós-abertura das flores não causará prejuízos, de certo modo até favorece, pela menor ocorrência de fungos, que atacam no momento da floração e na formação inicial dos chumbinhos. O stress prejudicial à frutificação ocorre quando os frutos começam a crescer rapidamente e a formar as sementes, que acontece a partir de 60-80 dias pós florada, aí que mora o perigo.
A segunda resposta diz respeito às lavouras em áreas mais quentes e secas e que chegaram a secar ramos, sofrendo muita desfolha Nestas, é claro, a floração vai ficar prejudicada pela morte de gemas e pelo menor pegamento da floração, pois as reservas que se acumulam nas folhas, ficaram prejudicadas.
Por último, existe, em campo, uma terceira situação, onde a florada ocorreu com pouca chuva, com 5-20 mm apenas. Aí já podem ser observados alguns problemas com a floração. Onde a água foi pouca estão ocorrendo os botões chamados de grãos de arroz. Eles foram estimulados a crescer, pelo diferencial hídrico ocorrido, porem a pouca água não foi suficiente para o crescimento completo e para a abertura dos mesmos. Então estes botões ficam amarelecidos e acabam caindo, sem que se abram em flores. Nas condições com um pouco mais de água as pétalas das flores ficam menores, algumas abrem parcialmente e outras abrem normalmente, com flores de pequeno tamanho. Nesta última condição não se espera perdas.
Em conclusão pode-se dizer que, apesar de não conhecermos perfeitamente o processo de florescimento e o que está acontecendo na fisiologia, internamente, nos cafeeiros voltando, nesses próximos dias, a ocorrer chuvas normais, as lavouras que produziram pouco em 2014 estão preparadas para dar uma boa safra em 2015. Aquelas que produziram bem em 2014 se encontram desfolhadas e tem poucas condições de florescimento e de pegamento da florada. De fato, a estiagem pode prejudicar a próxima safra de café. O quanto vai depender da retomada das chuvas e só mais a frente é que poderemos avaliar melhor.