Problemas graves no desenvolvimento de cafeeiros jovens, plantados em áreas de renovação antes ocupadas com cafezais velhos, vêm sendo observados devido à alta população de nematoides da espécie Meloidogyne exígua nas raízes dos cafeeiros novos. Isso vem acontecendo, até de forma surpreendente, por essa espécie ser considerada menos danosa.
A espécie de nematoide M. exígua é de ocorrência bastante ampla, podendo ser observada na maioria das lavouras cafeeiras mais velhas em diversas regiões de café arábica do País. Nos cafezais adultos, esse nematoide permite certa convivência, podendo-se manter nas plantações com perdas pouco significativas de produtividade. Já outras espécies do gênero Meloidogyne, como a M. paranaensis e M. incognita, provocam danos severos, ocasionando até a morte das plantas, mas apresentam ocorrências mais localizadas.
Na renovação de cafezais com substituição por novos plantios em áreas infestadas por nematoides, práticas especiais têm sido efetivamente utilizadas para os casos de ocorrência das espécies mais danosas, citando-se o uso obrigatório de variedades resistentes, de pé franco, ou emprego de mudas enxertadas sobre porta-enxertos resistentes. Por outro lado, no caso de infestações pelo nematoide exígua, pouco ou nenhum cuidado vem sendo adotado.
Mas, pelos exemplos de danos que temos visto recentemente, é preciso sim prestar atenção quando da substituição de lavouras velhas de café em áreas infestadas por M. exígua. Nessa condição, a alta população desse nematoide, presente nas raízes velhas e no solo, passa rapidamente para as mudas recém-plantadas na área. Assim temos observado um bloqueio rápido no desenvolvimento das raízes finas dos cafeeiros novos, os quais passam a apresentar baixo crescimento nas plantas e amarelecimento da folhagem, sintomas semelhantes àqueles provocados por deficiências de nutrientes e de água. Na realidade, trata-se de uma carência induzida.
As plantas novas de cafeeiros em formação (até os 2 anos de idade), quando bem infestadas, oferecem pouca resistência ao seu arranquio manual, e quando se observa o sistema radicular delas, depois de arrancadas, mostram pouco desenvolvimento de suas raízes finas e ainda se apresentam quase totalmente tomadas por galhas, típicas do nematoide exígua.
Diante da constatação de problemas devidos ao nematoide exígua, na substituição de lavouras velhas é indicado tomar medidas preventivas, como adotar o descanso da área por um ano com plantio de outra cultura, por exemplo o milho, para reduzir a população de nematoides. No plantio do café deve-se usar uma fonte de matéria orgânica no sulco/cova e, se possível, aplicar um nematicida. Ainda deve-se dar prioridade ao emprego de variedades resistentes nessas áreas de renovação.
No pós-plantio, uma vez constatado o mau desenvolvimento das plantas, indica-se, igualmente, usar mais adubos orgânicos em cobertura e a aplicação de nematicidas, sendo indicados produtos nematicidas químicos ou biológicos, ou combinação de ambos.
Cafeeiros renovados em área antes com cafezal velho infestado por nematóide M. exigua, apresentando plantas, aos 20 meses, com pouco desenvolvimento e amareladas – Sta Maria de Marechal (ES) - nov/18
Na mesma lavoura nova, à esquerda plantas com desenvolvimento normal, com linha plantada em local situado na margem da lavoura onde não haviam cafeeiros velhos, portanto sem população de M. exigua. Na foto à direita, cafeeiros de linha em local sobre área anterior de lavoura velha infestada
Facilidade no arranquio de plantas de cafeeiros novos com alta infestação do nematóide exigua (esq) e sistema radicular fino muito infestado com galhas pelo nematóide M exigua - Sta Maria do Marechal (ES) - nov/18