Palha de café amontoada, seja próximo à instalação de beneficiamento, seja junto a carreadores na lavoura, é uma forma errada de manejo dessa importante fonte de adubação para os cafezais. Ela, o quanto antes possível, deve ser aplicada junto aos cafeeiros para ser bem aproveitada.
Nas propriedades cafeeiras a palha de café é o principal adubo orgânico produzido. Sendo o mais econômico para retornar à lavoura como fonte nutricional, com liberação lenta de nutrientes e, ainda, melhorando física e biologicamente o solo. Já dentro da propriedade, ela não exige gastos maiores com transporte. Sua quantidade é relativamente elevada, correspondendo ao mesmo peso do café (grãos) produzido. Cada 100 sacas de café comercializadas deixam na propriedade cerca de 6000 kg de palha.
Palha de café amontoada, no carreador (primeira foto) deve ser logo aplicada, sendo que, em terrenos montanhosos, pode ser distribuída em cobertura, do lado de cima da linha de cafeeiros (segundo foto)
A palha de café comum de frutos em coco secos, a mais produzida, contém cerca de 1,5 % de N, 0,15% de P e 3,0 % de K, além de cálcio, magnésio, enxofre e micronutrientes. Seu retorno pra lavoura representa cerca de 35% dos nutrientes retirados pela produção, com economia na adubação química suplementar e com a vantagem, conforme já dito, da liberação lenta dos nutrientes.
O melhor manejo da palha é aquele onde, assim que o café vai sendo beneficiado, a palha vai para a lavoura e lá é distribuída, rapidamente, junto aos cafeeiros. Quando isso não for possível, o monte de palha deve ser protegido, com algum tipo de cobertura, para não tomar chuva, pois a água lava e retira boa parte do potássio existente na palha. Quando molhada, também ela começa a fermentar e pode atingir elevadas temperaturas, podendo até pegar fogo.
Da mesma forma, quando vai para o campo, sendo depositada, em montes, junto aos carreadores, ela deve ser imediatamente distribuída, pois ali, também, pode perder os nutrientes, e o chorume dela saído, um líquido de cor escura, chega a matar plantas de café que ficam próximas aos montes.
Na lavoura a palha deve ser aplicada em cobertura, não precisando de enterrio, como muitos pensam. Sobre o solo ela vai sendo decomposta lentamente, servindo como fonte nutricional e, ainda, como cobertura morta, preservando umidade no solo. A dose empregada vai depender da disponibilidade de palha e da necessidade do solo, conforme análise. A regra ideal é usar menores doses em mais áreas, pela vantagem do seu efeito orgânico e provedor de nutrientes letamente disponíveis. O uso da palha deve, sempre, considerar o equilíbrio entre o potássio e cálcio e magnésio no solo, visto que essa matéria orgânica possui alto teor de K.
Durante a formação do cafezal e na fase de produção, a palha de café deve ser distribuída na linha, mais debaixo da saia do cafeeiro, em camadas finas, sem formar montes, nos quais poderiam se desenvolver larvas de moscas, prejudiciais a animais bovinos. Nas áreas montanhosas, colocar na parte superior do declive. Para as áreas mecanizadas, existem carretas distribuidoras de palhas, que facilitam todo o trabalho, antes considerado difícil. A aplicação deve ser feita, de preferência, após a colheita e antes da esparramação. A quantidade de nutrientes aplicada através da adubação orgânica deve ser descontada da adubação química. No quadro aqui incluído pode-se ver a vantagem produtiva adicional da lavoura em experimento quando com doses crescentes de palha de café, de 2,5 até 20 t/ha, sendo que o aumento foi vantajoso até 5-10 t/ha.
Fonte – Fernandes, Santinato, Ticle e Santinato – In - Coffee Science, V.8, n.3, p.324-326,2013