O óleo, usado como adjuvante, em pulverizações na folhagem de cafeeiros, pode favorecer a ação do sol, provocando queima na superfície das folhas. Esse tipo de queima tem sido observada, de forma eventual, em lavouras em diferentes regiões e, especialmente nesse último ano, com maior frequência, devido à condição de maior insolação e altas temperaturas observadas.

Nas pulverizações o uso de óleo é indicado em caldas aquosas, na base de 0,25 a 1,0%, como adjuvantes na veiculação de alguns defensivos, inseticidas/fungicidas, aplicados em cafeeiros, e ainda adicionados para uso de certos herbicidas, visando aumentar a eficiência dos produtos.

Os óleos podem ser de três tipos:
a) Óleos minerais –compostos por frações de cadeias parafinicas, aromáticas, saturadas e insaturadas, de hidrocarbonetos (Triona, Assist, Joint, Nimbus etc);

b) Óleos vegetais comuns, de sementes como soja, algodão etc (Natural’s, Agróleo, veget oil, Agrex oil, óleo Nortox etc);

c) Óleos vegetais metilados (Aureo etc.). Praticamente todos esses óleos já são formulados com emulsificantes, para poderem ser “misturados” à calda aquosa.

Os óleos tem ação molhante, por terem afinidade com as ceras que recobrem a superfície das folhas. Têm efeito espalhante, reduzindo a tensão superficial das gotas e ajudam na formação de um filme sobre as folhas. Por essa característica, de menor tensão, apresentam efeito penetrante, favorecendo sua entrada em espaços entre plaquetas cerosas. Eles, ainda, agem anti-deriva e anti evaporante e, por último, aumentam a adesividade e diminuem a deriva.

No cafeeiro o uso do óleo visa duas principais funções - melhorar a adesão e a penetração dos defensivos nas folhas. No entanto, apesar de existirem experimentos sobre o efeito do óleo na eficiência de controle, estes trabalhos de pesquisa não estão disponíveis para se poder avaliar o quanto influem na ação dos defensivos. Existe, ainda, necessidade de definir eventuais resíduos deixados e o efeito deles sobre a camada cerosa das folhas,importante no mecanismo de defesa das plantas.

As observações feitas, em campo, sobre o modo de ocorrência da queima de folhas pelo óleo adjuvante, das caldas pulverizadas em cafeeiros, indicam que ela só ocorre na condição de presença de raios solares fortes. O efeito, assim, parece físico, não uma fito-toxidez. A película de óleo, formada sobre a superfície foliar, provavelmente funciona como uma lente, aumentando a temperatura.

Diante de alguns problemas verificados com o uso de óleos, cuidados devem ser adotados em dias de sol forte, especialmente em regiões mais quentes.

Queima de poucas folhas, por ação de óleo, restrita ao lado do cafeeiro batido pelo sol da tarde (esquerda)






Detalhe da queima de folhas por ação da película de óleo combinada com os raios solares