Quer saber mais sobre os sintomas causados pela praga, regiões com maior incidência, prejuízos e como monitora-la? Leia a parte 1 deste artigo
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Controle
A fim de evitar a ocorrência do bicho-mineiro ou ameniza-lo é importante que seja feito o monitoramento da área pelo produtor ou técnico responsável. Dessa forma pode observar a presença ou não de ovos e larvas nas folhas do cafeeiro, como também a presença da mosca. A partir desse levantamento é indicado, de acordo com a necessidade, as formas de controle para o bicho-mineiro visando à diminuição dos níveis de infestação e controle do patógeno. Dentre estas formas de controle, os mais comumente utilizados são o químico, cultural, genético e em alguns casos o controle biológico.
Contudo, o controle químico por meio da utilização de inseticidas é o mais utilizado, pois seu resultado é rápido e na maioria das vezes é o mais eficiente no controle do inseto. Desta forma, os inseticidas de ação sistêmica são os mais utilizados e podem ser aplicados junto a pulverizações foliares, para diminuir os custos operacionais. Assim como mencionado anteriormente, o controle químico somente deve ser realizado quando aos níveis de infestação atingirem 30%. Importante ressaltar que o cafeicultor não deve lançar mão da pulverização com inseticidas sem a recomendação adequada, pois o custo é elevado, além dos possíveis riscos de contaminação e desequilíbrio ambiental, ou até mesmo causar fitotoxidez à planta.
Já o controle genético consiste em busca por cultivares que sejam resistentes ao ataque do bicho-mineiro. O mercado dispõe de várias pesquisas, e em diversas regiões, para alcançar o resultado esperado pelo melhoramento genético, onde podemos citar os trabalhos da Fundação Procafé, que recentemente lançou a cultivar Siriema, com alelos que lhe conferem resistência à infestação deste patógeno.
Por meio de técnicas como a estruturação de plantios intercalares ou até mesmo quebra ventos a incidência do bicho-mineiro é reduzida, assim como em locais onde as plantas são submetidas a sistemas de produção com sombreamento, visando maior umidade no micro clima e consequentemente, menor propensão ao ataque do patógeno. Sobretudo, as formas de controle citadas anteriormente são caracterizadas por meios culturais de se controlar o bicho-mineiro.
Por fim, há o controle biológico, feito com inimigos naturais da praga, sendo eles algumas espécies de parasitas, entopatógenos ou predadores. Porém, geralmente são as vespas os maiores inimigos naturais do bicho-mineiro. O uso de feromônios sexuais, em armadilhas, também é uma forma de controle biológico, podendo atrair o macho e evitar a reprodução das moscas. Esse tipo de controle necessita de condições ideias para um bom resultado, e muitas vezes, dependendo da incidência do bicho-mineiro, pode ser inviável.
Relação nutricional com o surgimento da praga
Sabe-se que diversos fatores influenciam na disseminação e instalação do bicho-mineiro na cultura do café, sendo eles o clima, a sanidade da lavoura e também o equilíbrio nutricional da planta.
Sobretudo, esta relação de equilíbrio nutricional é algo que vem sendo muito estudado e ainda carece de muitas pesquisas. A correlação entre a incidência de bicho-mineiro no café e o “desbalanço” nutricional entre os elementos N e K já é estudada e tem seus efeitos elucidados parcialmente.
Salvo exceções, na maioria dos casos, o desequilíbrio entre N e K acentuam a infestação de bicho-mineiro, isto quando os teores de N estão muito elevados quando comparados aos teores de K. Justifica-se esta infestação devido à atividade metabólica desempenhada pelo nitrogênio dentro da planta, estruturando e formando aminoácidos, e consequentemente acarretando em maior vegetação na planta. Sobretudo, pela associação do N no metabolismo, as folhas tornam-se mais frágeis, isto pelo intenso crescimento, e são mais suscetíveis ao ataque desta praga.
Por outro lado, quando em baixas quantidades de K, o desbalanço inibe a lignificação. Neste sentido, sabe-se que a lignificação é favorecida pela presença do potássio, que torna a folha mais rígida e menos exposta ao ataque deste patógeno.
Outro fator que é associado à presença e infestação do bicho-mineiro é a aplicação de cobre (Cu), por meio de pulverizações foliares a base de fungicidas cúpricos, em épocas de estiagem, ou seja, em períodos secos. Neste caso, a atuação do cobre sobre as folhas do cafeeiro implicam na maior propensão ao ataque da praga, visto que as mesmas se apresentam mais suscetíveis. Outra explicação pode ser a alteração do micro ambiente na área de cultivo, onde a ação cúprica possa inibir/prejudicar os inimigos naturais deste patógeno, aumentando assim sua eficiência reprodutiva e consequente disseminação.
Problemas com incidência atípica nos últimos anos
Nestes últimos anos foi observada elevada incidência de bicho-mineiro nas lavouras cafeeiras, inclusive em regiões como o Sul de Minas e Alta Mogiana, que comumente não apresentavam problemas graves com esta praga. Como mencionado anteriormente, a ocorrência da praga está associada ao clima mais quente e seco, e por isso, regiões como a do Cerrado Mineiro são tão atacadas por este patógeno.
A causa desta infestação severa do bicho-mineiro nestes anos está associada as mudanças do clima que ocorreram, onde as chuvas se iniciaram mais cedo, no final de agosto e começo de setembro, porém a estiagem acompanhada de veranico também se iniciou mais cedo, no final de dezembro, gerando assim maior propensão a disseminação da praga.
Esta ampla disseminação foi favorecida porque a praga adiantou seu ciclo de reprodução em uma fase, isto devido ao clima favorável ao bicho-mineiro, fazendo com que a população dos insetos e a instalação dos mesmos na cultura já tivessem adiantados no momento em que comumente as aplicações com inseticidas são realizadas, ou seja, no final de dezembro/começo de janeiro.
Como consequência disto, as formas de controle foram pouco eficientes, pois a partir do momento que a infestação atinge níveis elevados de danos às lavouras, ou seja, alta porcentagem de folhas infestadas, os inseticidas não têm tanta eficácia, somente “segurando” a infestação por um curto espaço de tempo.
Os danos observados pela presença de bicho-mineiro nas lavouras cafeeiras nos anos de 2014 e 2015 foram muito severos, porém devido ao retorno da chuva depois do ataque à cultura, o fluxo de seiva dentro da planta permaneceu elevado, assim como sua atividade metabólica, gerando essa condição atípica, onde mesmo com a presença de “minas” nas folhas, as mesmas não caíam.
O manejo adotado com maior eficácia foi por meio da pulverização com inseticidas, e de preferência antecipadamente à época que até então eram utilizados, visando a prevenção no momento de menor infestação do bicho-mineiro nas plantas de café.
AUTORES:
*Giovani Belutti Voltolini – graduando em agronomia pela Universidade Federal de Lavras – Ufla, membro do Grupo de Estudos em Herbicidas, Plantas Daninhas e Alelopatia – GHPD e Núcleo de Estudos em Cafeicultura – Necaf.
giovanibelutti77@hotmail.com
**Larissa Cocato da Silva – graduanda em agronomia pela Universidade Federal de Lavras – Ufla, membro do Núcleo de Estudos em Cafeicultura – Necaf.
lari.cocato@hotmail.com
***Danyanne Mariano Dias – graduanda em agronomia pela Universidade Federal de Lavras – Ufla, membro do Núcleo de Estudos em Melhoramento e Clonagem – NEMEC e Núcleo de Estudos em Cafeicultura – Necaf.
danymarianoAV@hotmail.com