A introdução das novas variedades de café, ao nível dos produtores, encontra dificuldades principalmente pela tradição no uso das variedades já consagradas: mundo novo e catuai.
O cafeicultor e até mesmo os técnicos de assistência acham que o novo sempre traz riscos. Por isso, a implantação de campos e áreas de demonstração, com as cultivares lançadas nos últimos anos, traz conhecimentos locais sobre elas e aceleram o processo de sua adoção.
Na década de 1970, época da renovação de cafezais promovida pelo ex-IBC (Instituto Brasileiro do Café), a cafeicultura brasileira era composta principalmente por variedades antigas, como Caturra, Bourbon e Sumatra. Nessa ocasião, a introdução, através de credito rural orientado, de cultivares melhoradas, como catuai e mundo novo, também encontrava resistência e considerava riscos, especialmente em relação ao catuai. Em seguida, o sucesso alcançado mostrou a validade dessa inovação e até os dias atuais pode-se comprovar isso, com o bom desempenho delas em produtividade e vigor.
Surgiu a ferrugem e houve evolução no controle químico da doença, permitindo a convivência com a praga. Agora, nos últimos anos, o processo de substituição ou combinação gradual de variedades susceptíveis e outras resistentes traz nova ferramenta para auxiliar no controle da doença.
Além de facilitar o controle da ferrugem, as novas cultivares possuem capacidade produtiva e vigor semelhantes ou até superiores às variedades tradicionais, isto comprovado em experimentos em variadas regiões usando essas cultivares tradicionais (catuai e mundo novo) como padrões de comparação.
As características mais importantes a serem observadas na escolha de uma nova cultivar para plantio são: boa produtividade, vigor das plantas, porte baixo, boa qualidade dos frutos/grãos e resistências a doenças e pragas. As novas cultivares, tendo como exemplos mais destacados a Arara, Acauãs, Asabranca, Catucais, Saira, Bem-te-vi e outras, possuem estas características. No caso da cultivar Siriema, sua resistência múltipla à ferrugem e ao bicho mineiro aumenta mais sua importância.
A introdução desses novos materiais genéticos em campos de demonstração e em pequenas áreas comerciais vem dando bons resultados. Algumas Associações e Cooperativas de Cafeicultores estão estimulando esse trabalho. Parabéns pra elas.
Essa matéria é também uma homenagem póstuma ao colega Iran, batalhador na melhoria de nossas cultivares, que embora ainda muito novo nos deixou.