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Não se pode brincar com a broca do café

POR JOSÉ BRAZ MATIELLO

TÉCNICAS DE PRODUÇÃO

EM 23/01/2013

2 MIN DE LEITURA

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A broca (H. hampei) foi, no passado, a principal praga do café e, ainda hoje, pode causar sérios prejuízos, ao produtor e ao país.

A literatura conta que antes do aparecimento de inseticidas eficientes, os clorados, a broca era um terror, chegando a perdas de mais de 50% no rendimento de grãos no beneficiamento do café.

No café conillon o problema da broca é grave. Se a colheita atrasar, os grãos ficam bem destruidos (direita) e acabam indo para a escolha.

Na época, tentou-se, até, o controle biológico, com a introdução da Vespa de Uganda, mas a prática não vingou, pois, para a Vespa se multiplicar era necessário ter, ao longo do ano, insetos da broca e para as brocas sobreviverem precisava ter frutos no campo o tempo todo. Isto é impossível diante do nosso tipo de colheita única, que retira os frutos, e, consequentemente, reduz a população de insetos da broca no campo e o seu parasitismo pelas vespas.

Pois bem. Agora estamos ficando sem os inseticidas que se mostraram eficientes ao longo de muitos anos, pois está sendo retirado do mercado o último do grupo, o Endossulfan. Os estoques ainda disponíveis do produto, quase que triplicaram seu preço, atualmente já estão praticamente esgotados. Assim, o problema da Broca, que vinha sendo mantido sob controle, pode, novamente, causar graves prejuízos, não só ao produtor como ao país, uma vez que na exportação o limite de grãos brocados é de 10%.

A curto prazo, até que sejam registrados novos produtos inseticidas, teremos apenas 2 inseticidas tradicionais, oficialmente liberados, à base de Clorpirifós(várias marcas) e de Etofenproxi- Éter difenilico (Trebon e outros) e mais um natural a base de óleo de Neen (Azamax). Esses produtos não apresentam a mesma alta eficiência do Endosulfan, especialmente na residualidade de controle, por isso sendo necessário usar um maior numero de aplicações.

Nas regiões cafeeiras mais quentes e na cafeicultura de Conillon a evolução da Broca é rápida e muito problemática. Nas regiões de arábica mecanizáveis, o uso de colhedeira mecânica em 1-2 passadas, mais a recolheitadeira de café do chão, sem qualquer repasse manual, vai deixar muito café pra trás, e, ali, a Broca vai se manter e se multiplicar, para atacar a próxima safra.

Nesse momento temos que fazer com maior atenção o monitoramento do inseto nas lavouras, uma vez que o controle está ficando mais difícil. Estoques remanescentes de Endosulfan deverão ser utilizados com inteligência, nas áreas onde os demais inseticidas não surtirem um bom controle.

As autoridades que regulam o uso de defensivos deveriam analisar melhor a questão da Broca e, antes de proibir o uso de um produto, deveriam liberar outros. Não podemos brincar com um problema sério. Sem boas alternativas de controle, perde o produtor e, também, o país.

Fases da broca do café

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EDUARDO HERON SANTOS

SÃO PAULO - SÃO PAULO

EM 16/08/2013

Caros leitores,



Se alguém tinha dúvida que o café não faz parte das prioridades do Governo, vejam qual foi a deliberação do Comitê Técnico de Assessoramento para Agrotóxicos, formado pela ANVISA, IBAMA, MAPA e MMA, sobre a solicitação de priorização de produtos para o controle de broca do café em substituição aos produtos a base do endossulfan:







https://www.agricultura.gov.br/arq_editor/file/12424_7._memoria_da_vii_reuniao_ordinaria_do_cta_2013.pdf







É lamentável o descaso com o setor que mais gera emprego no agronegócio Brasil!!


ARTUR QUEIROZ DE SOUSA

CAMBUQUIRA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 31/07/2013

Hoje 31 de julho de 2013 foi o último dia de uso do endosulfan. Se o produto causa danos e não deve ser utilizado, ponto passivo e não se discute mais, pois temos que seguir a legislação e mitigar os riscos.

O que me deixa perplexo é saber que o produto tinha tempo de vida para sair, e nada foi feito para ser substituido, com eficácia e atendendo as normas estabelecidas.

Que pesquisa é essa que temos no país, que resposta é essa que temos para solução no campo. É preciso ter responsabilidade e se responsabilizar pela falta de produto que possa evitar os danos causados ao produto e ao produtor.
BÉRTHALO FRANCO

CARATINGA - MINAS GERAIS

EM 31/01/2013

Parabéns Matielo pelo seu artigo. Vamos atrás de mais pesquisas então, com vespas, parasitóides, etc. Porque a produção e o mercado age e reage de acordo com a pressão dos compradores, grandes produtores de defensivos agrícolas ( vamos parar de usar o termo agrotóxicos, caros produtores), etc. Uso na minha lavoura, nada em segredo, há algum tempo com bons resultados um inseticida natural a base de água, sabão de coco e fumo curtido durante 30 dias, em um tambor. Por favor, testem em suas propriedades e vamos continuar discutindo e trocando informações.
OTACILIO FERREIRA

BRASÍLIA - DISTRITO FEDERAL - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 30/01/2013

caro LUIZ SIMOM, tenho muito interesse de comprar ENDOSULFAM.



Favor copie meu email:    otacilio@grupozancanaro.com.br



Se souber quem tem, informe via email;



No mais, meus agradecimentos...
WALTER JUNIOR

SÃO SEBASTIÃO DO PARAÍSO - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 29/01/2013

Vera, voce pode citar o nome atraves de meu email? Se sim ai esta:


walterpadua@reginafestas.com.br.


Desculpe-me a insistência,


Walter Padua.
VANDERLEI MARQUEZ

SANTA MARIA DE JETIBÁ - ESPÍRITO SANTO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 29/01/2013

Com certeza fica difícil o controle da broca do café com a extinção do endosulfan do mercado,uma vez que não existe outro produto que o substitua, mas como discrito acima temos que ter mercado e não podemos prejudicar os consumidores, por isso o Governo federal ou estadual tem que investir em pesquisa, para que desta forma, conseguiremos produzir um produto sem residuos.
VERA LUCIA GOMES MORAES

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 28/01/2013

Em resposta ao Walter, testei um produto conhecido no mercado, mas não posso citar o nome devido a problemas publicitários. Estou testando os princípios ativos para ter certeza qual é eficiente. Pedi ajuda,e como não obtive resposta e nao posso esperar,estou arriscando por conta propria no meu café.
LEONARDO SANTA ROSA PIERRE

PIRACICABA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 28/01/2013

Se a Vespa de Uganda não deu certo não foi pela falta de broca no campo e sim da falta de continuação da pesquisa na produção massal deste importante inimigo natural da broca. Existem outros, como Phymasticus coffee que também é uma vespa mas ataca a fase adulta da broca no inicio do dano ao fruto. Molécula, molécula, molécula... só isso os produtores conhecem... Dra. Vera Lucia Benassi do Incaper estuda a criação massal da Vespa da Costa do Marfin... procurem ela... incentivem a pesquisa com controle biológico com parasitoides!

A cana de açúcar também tem lá as suas brocas...e como controlam? Criando vespinhas (Cotesia) em laboratório e liberando em campo em grandes quantidades. Efeito colateral disso? Prejuízo para as empresas do veneno.

No inicio do artigo diz-se que a Vespa não dá certo pois não tem praga na entressafra para ela se desenvolver e depois abaixo diz que os frutos que não são colhidos pela máquina aumentam o inóculo da praga... contrassenso.

VAMOS PESQUISAR O CONTROLE BIOLÓGICO COM PARASITOIDES: OS CAFEICULTORES AGRADECEM, O TRABALHADOR RURAL AGRADECE, O CONSUMIDOR AGRADECE O AMBIENTE AGRADECE!

Sem falar do Bicho-mineiro que tem mais de 11 espécies de parasitóides (VESPINHAS) catalogados que são capazes de controlar a praga... é só criar em laboratório e liberar no campo... já ouviram falar do Tricograma que controla a traça do tomate? Pois então, só pesquisam VENENO porque as industrias ganham fácil com isso...

Cadê o Programa Nacional de Controle Biológico de Pragas do Café???

Não funciona ou não querem que dê certo???

VERA LUCIA GOMES MORAES

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 28/01/2013

Este produto que estou usando nao é a base de cloro. Eu nao sou agrônoma, sou dentista e comecei a fazer testes por necessidade. Precisava combater a broca e o endosulfan é muito toxico e perigoso na aplicação manual(meu terreno é acidentado), além do problema com os resíduos que comprometem a água e o solo.

Pessoalmente posso garantir que nao faz nehum mal ao organismo humano, pois acidentalmente ingeri uma rasoavel quantidade. Voltando da fazenda, à noite, após uma freada no carro, a garrafa deste produto que estava no chão do carro, se misturou a outras de agua mineral. Inadivertidamente peguei a garrafa errada e virei uma boa quantidade. Ainda bem que não estava dirigindo, fiquei um pouco sem voz no princípio, e por um tempo em observação, mas não tive nenhuma reação.
WALTER JUNIOR

SÃO SEBASTIÃO DO PARAÍSO - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 28/01/2013

Vera Lucia que produto e este que voce esta usando em subtituição ao Endosulfan???
SÉRGIO CAIXETA GONÇALVES

MACHADO - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 27/01/2013

Realmente fica difícil o controle da broca do café com a retirada do endosulfan do mercado,uma vez que não existe  outro produto que o substitua. Na década de 70  começou-se a proibição dos inseticidas clorados , alegando-se que são cancerígenos, o primeiro deles foi o DDT, depois nos anos 90, chegou a vez do BHC, ALDRIN, LINDANE, BIDRIN e PARATHION.  Não consigo entender,  se todos estes produtos a base de cloro estão proibidos, como continuar usando este produto nos tratamentos de água das cidades e em nossas piscinas ?
VERA LUCIA GOMES MORAES

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 25/01/2013

Estou pulverizando meu cafezal com um produto caseiro que testei primeiro em graos contaminados colhidos e conferidos apos uma semana.

Antes,ao abrir alguns graos,encotrei o besouro e larvas, que morreram instantaneamente ao contato com o produto.

Nos graos pulverizados,conferidos posteriormente, quando abertos,nao encontramos mais larvas.Pulverizei alguns pés e nao houve nenhum conprometimento com as folhas.

Como precisava tratar com urgencia o cafezal,pois, apos a seca no periodo de dezembro a janeiro deste ano,senti que aumentou  a incidencia de broca estou pulverizando os graos e o chao, pois tenho certeza que os besouros vão morrer, e espero que os ovos e as larvas também.

Acho que tambem o bicho mineiro pode ser combatido com este produto,pois, o cupim também morreu instantaneamente e nao mais apareceu na fazenda.

Tenho endosulfan na fazenda,mas estou tentando não usar, por causa da grande toxidade. Estou apostando neste produto, que como disse,é um desinfetante caseiro,e sem nenhuma toxidade.
ARTUR QUEIROZ DE SOUSA

CAMBUQUIRA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 25/01/2013

Na safra passada, usei outro principio ativo, e o resultado foi péssimo. Estou entre Cruz e a espada
FERNANDA

CAMPOS GERAIS - MINAS GERAIS - MÍDIA ESPECIALIZADA/IMPRENSA

EM 25/01/2013

Segundo noticiários o endosulfan foi proibido devido a analise feita em leite materno no qual foi encontrado resíduo do produto, no qual as mães ingeriram  soja contendo agrotóxico ,os produtores e pesquisadores devem ter consciência dos agrotóxicos presente no mercado e a forma que eles são usados no campo. Foi justa a retirada do endosulfan, ele é com certeza um produto muito bom mais tem as consequências ruins.
LUIZ SIMONI

UMUARAMA - PARANÁ - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 24/01/2013

Certas coisas acontecem por problemas políticos ou até por interesses financeiros. Aqui no Paraná o glifosato chegou a ser proibido (só o da marca Roundap da Mosanto), o restante das outras marcas eram comercializados livremente. O Endosulfan ainda é vendido. Como é um inseticida barato, dá para se estocar, por ex., 3 safras adiante. Por que senão é o que o Matielo fala, prejuizo grande na certa. O pior é que o produtor se acorda quando ve a amostra geral do seu café limpo. Aí, dependendo dos níveis de broca

Seu café fica fora de mercado. Este ano principalmente em que o comercio do café está andando de lado, é bem fácil para acontecer isto.
CARLOS ALBERTO AMARAL

ESPERA FELIZ - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 24/01/2013

Retirar um produto eficiente, sem ao menos um motivo contundente e sem liberar outros,é praticamente um crime contra nossa  humilde inteligencia e principalmente contra o produtor que já tem tantas perdas por n motivos.   
EDUARDO HERON SANTOS

SÃO PAULO - SÃO PAULO

EM 24/01/2013

Caros Luís Américo e Albino João,

Com relação aos comentários acima gostaria de fazer algumas ponderações, a saber:

1. Em 2012, cerca de 88% das exportações brasileiras de café foram realizadas na forma de grão verde (arábica e conillon);

2. Também em 2012, 81% de nossas exportações foram destinadas aos nossos principais mercados, ou seja, Europa, EUA e Japão , sendo este último, o mercado mais exigente no que refere-se a LMR; e

3. Os banimentos ou suspensões de moléculas e produtos químicos ocorrem com antecedência. No caso do Endossulfan, os europeus anunciaram o seu banimento em 2011.

Não se trata apenas de desprezo sobre o tema por parte do governo, mas de mercados que baniram o produto. Não adianta utilizarmos Endossulfan internamente se não teremos para quem vender, tendo em vista que o nosso grande volume embarcado é de café verde.

Na minha opinião, a grande responsabilidade do governo é dispor de instituições burocráticas e morosas que dificultam o registro de novas moléculas de forma mais rápida e ágil, deixando o problema na mão do produtor e do comércio.

Saudações,

Eduardo
ALBINO JOÃO ROCCHETTI

FRANCA - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 24/01/2013

A retirada do Endosulfan do mercado é mais um exemplo de como os órgãos do governo tratam com desprezo (quiçà repulsa) os assuntos ligados à agricultura.


Apenas os técnicos e os cafeicultores mais velhos se lembram como era difícil  produir café sem endossulfan.


Além disso, as condições mudaram muito: a mão de obra já escassa é muito cara para fazer boa varrição e pós colheita do café.


Se o Dr. Matiello, uma das grandes autoridades em cafeicultura no Brasil, está preocupado, é porque a situação pode ficar muito séria mesmo e os srs. da Anvisa e Ministéio da Agricultura poderiam dar-lhe aatenção que merece quando faz seus alertas.


Dr. Matiello, por favor continue alertando!


LUÍS AMÉRICO PASETO

COROMANDEL - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 24/01/2013

Parabéns pela parceria firmada com os competentes eng. agro do Procafé e em especial ao Dr. MATIELLO pelo artigo.
CARLOS EDUARDO DE ANDRADE

VIÇOSA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 23/01/2013

Não consegui entender até a presente data as razões para se retirar o Endosulfan do mercado. O café para ser consumido é torrado a altíssima temperatura e a temperatura elevada, mais ou menos 400 gaus, faz com que  o resíduo  de endosulfan que por acaso existisse  no grão de café simplesmente desintegre. Vai entender esses órgãos regulamentadores.....


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