A literatura conta que antes do aparecimento de inseticidas eficientes, os clorados, a broca era um terror, chegando a perdas de mais de 50% no rendimento de grãos no beneficiamento do café.
Na época, tentou-se, até, o controle biológico, com a introdução da Vespa de Uganda, mas a prática não vingou, pois, para a Vespa se multiplicar era necessário ter, ao longo do ano, insetos da broca e para as brocas sobreviverem precisava ter frutos no campo o tempo todo. Isto é impossível diante do nosso tipo de colheita única, que retira os frutos, e, consequentemente, reduz a população de insetos da broca no campo e o seu parasitismo pelas vespas.
Pois bem. Agora estamos ficando sem os inseticidas que se mostraram eficientes ao longo de muitos anos, pois está sendo retirado do mercado o último do grupo, o Endossulfan. Os estoques ainda disponíveis do produto, quase que triplicaram seu preço, atualmente já estão praticamente esgotados. Assim, o problema da Broca, que vinha sendo mantido sob controle, pode, novamente, causar graves prejuízos, não só ao produtor como ao país, uma vez que na exportação o limite de grãos brocados é de 10%.
A curto prazo, até que sejam registrados novos produtos inseticidas, teremos apenas 2 inseticidas tradicionais, oficialmente liberados, à base de Clorpirifós(várias marcas) e de Etofenproxi- Éter difenilico (Trebon e outros) e mais um natural a base de óleo de Neen (Azamax). Esses produtos não apresentam a mesma alta eficiência do Endosulfan, especialmente na residualidade de controle, por isso sendo necessário usar um maior numero de aplicações.
Nas regiões cafeeiras mais quentes e na cafeicultura de Conillon a evolução da Broca é rápida e muito problemática. Nas regiões de arábica mecanizáveis, o uso de colhedeira mecânica em 1-2 passadas, mais a recolheitadeira de café do chão, sem qualquer repasse manual, vai deixar muito café pra trás, e, ali, a Broca vai se manter e se multiplicar, para atacar a próxima safra.
Nesse momento temos que fazer com maior atenção o monitoramento do inseto nas lavouras, uma vez que o controle está ficando mais difícil. Estoques remanescentes de Endosulfan deverão ser utilizados com inteligência, nas áreas onde os demais inseticidas não surtirem um bom controle.
As autoridades que regulam o uso de defensivos deveriam analisar melhor a questão da Broca e, antes de proibir o uso de um produto, deveriam liberar outros. Não podemos brincar com um problema sério. Sem boas alternativas de controle, perde o produtor e, também, o país.
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