Na execução das práticas na lavoura de café, do plantio à colheita, é essencial que haja atenção, capricho e interesse, para que elas tenham bom rendimento e qualidade. O modo de fazer – como o titulo diz – colocando vontade e amor no trabalho, contribui muito para alcançar resultados mais eficientes, seja no melhor desenvolvimento e produtividade das plantas, seja na redução dos custos operacionais.
A execução do trabalho com uso da mão de obra efetuando as tarefas diretamente, de forma manual, ou indiretamente, manejando o maquinário, constitui o item de custo mais importante no processo produtivo do café, representando cerca de 70% das despesas totais necessárias ao custeio da lavoura.
Somos técnicos e, talvez por isso, por não termos formação teórica sobre psicologia e comportamento humano, fica mais difícil compreender e lidar com a gestão dos trabalhadores. Por outro lado, a vivência na prática nos dá capacidade de observar que é preciso conscientizá-los e motivá-los a prestar atenção e ter cuidado na hora de executar suas tarefas. Vemos frequentemente que ao desempenharem os trabalhos, os empregados, em boa parte, o fazem de forma simplesmente mecânica, sem a necessária combinação com seus pensamentos e com sua inteligência, para que promovam maior rendimento e qualidade no fazer.
Alguns exemplos podem aqui ser citados, onde a falta de cuidados, de interesse e mesmo de amor pelo que é feito pode resultar em prejuízos:
- No plantio, a muda transportada, descarregada, jogada de mal jeito e plantada com a quebra do torrão, pode levar à formação de um sistema radicular menos desenvolvido e aprofundado, influindo na sua produtividade por longos anos;
– Na adubação, em seguida, as plantas novas, no campo, podem receber o adubo muito localizado, longe ou muito perto da muda, o que pode resultar em deficiência, salinização e até morte de plantas;
- No controle do mato, ainda nas plantas novas, trabalhar com enxada e sem cuidado pode causar ferimentos no tronco. Com herbicida, o descuido leva a fito-toxidez, que reduz o crescimento das plantas. Nas pulverizações são frequentes os erros, ora pelo uso de produtos trocados, ora por molhar demais e deixar escorrer a calda aplicada;
- Na colheita, ao derriçar os frutos, as mãos devem deslizar pelos ramos apenas na parte do ramo frutificado, livrando-se de sua parte terminal, onde só existem folhas. Caso contrário, vão representar maior desfolha das plantas e menos produtividade no ano seguinte. Nesse caso, além do cafeicultor, o próprio colhedor será prejudicado, no menor rendimento de colheita na safra seguinte.
Então quais seriam as soluções? O treinamento e a motivação do trabalhador com certeza auxiliam na melhoria operacional, porém não são suficientes. O maior acompanhamento do trabalho, pelo próprio produtor ou por seu encarregado, também ajuda. A maior fixação da mão de obra, reduzindo os volantes, também tende a criar maior comprometimento com os resultados. O trabalho familiar ou as parcerias também aumentam o interesse. A evolução em equipamentos de mecanização com controles automatizados tem sido uma tendência para maior eficiência e qualidade do trabalho.
No final, o conjunto dessas soluções indicadas deve ser compreendido por legislação ou orientações onde possa existir diferenciação pelo mérito. Hoje em dia isso é falho. O pagamento por tarefa ou produção é dificultado. Normalmente, o trabalhador que opera de bem possui direitos semelhantes aos de outro que procede ao contrário.