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Mudanças climáticas na cultura cafeeira

POR JOSÉ LAÉRCIO FAVARIN

E PAULA SALGADO

TÉCNICAS DE PRODUÇÃO

EM 25/07/2007

5 MIN DE LEITURA

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Em fevereiro de 2007 o IPCC (Painel Intergovernamental de Mudança do Clima) divulgou um relatório sobre as mudanças climáticas e os impactos sobre o planeta Terra. A grande preocupação é em relação ao aquecimento global, que caracterizará, num futuro próximo, um cenário de clima mais extremo com secas rigorosas, inundações, ondas de calor entre outras ocorrências. Em resposta a essas alterações a agricultura poderá sofrer influências negativas na produtividade.

As perspectivas dos pesquisadores são de um aumento de temperatura na ordem de 4ºC nas próximas décadas. Ao considerar os prognósticos de aumento de temperatura e do avanço tecnológico para amenizar essas alterações pode-se admitir a possibilidade de atenuar agronomicamente os efeitos prejudiciais de um aumento de temperatura nas culturas, sem evidentemente, resolvê-los.

No caso do cafeeiro, os parâmetros climáticos para o zoneamento da espécie Coffea arabica são fundamentados naqueles da região de origem, a Etiópia. O café arábica é uma espécie adaptada a região equatorial de altitude, embora possa vegetar e frutificar muito bem em planaltos tropicais, como o centro-sul brasileiro. Nessas condições, temperaturas médias térmicas consideradas satisfatórias à cafeicultura arábica, estão entre 18ºC e 22ºC. Níveis de temperatura entre 28ºC e 33ºC provocam redução na produção de folhas e na atividade fotossintética do cafeeiro (Drinnan & Menzel, 1995).

Segundo Assad et al. (2004) o zoneamento do café em função dos cenários de mudanças climáticas será modificado. Com base nessa perspectiva, as regiões produtoras como, Minas Gerais, Goiás, Paraná e São Paulo, diminuirão a área cultivada em 73,4%, 35,4%, 45,2%, 72,7%, respectivamente, para uma expectativa de aumento da temperatura em até 5ºC.

Neste contexto, caberia a seguinte pergunta: como a engenharia agronômica poderia contribuir no sentido de atenuar os efeitos das mudanças climáticas sobre a produção agrícola? A resposta a essa indagação passa, inevitavelmente, pela nutrição mineral do café e pelo sistema de produção, em particular o uso de arborização.

Nutrição mineral x cafeeiro

A fotossíntese é o principal processo realizado pelas plantas, em que transforma a energia luminosa em energia química processando o dióxido de carbono (CO2), água (H2O) e elementos minerais em compostos orgânicos, com formação de matéria orgânica (96% da planta) e liberação de oxigênio (O2). Entre os nutrientes mineirais, o nitrogênio (N) tem papel principal na utilização da energia luminosa e no metabolismo fotossintético do carbono (Marschner, 1995). Numa adubação nitrogenada de acordo com a nova situação em foco poderia aproveitar, em parte, o excesso de energia luminosa, o que reduziria o risco de danos fotoxidativos.

Plantas em ambiente com alta intensidade luminosa apresentam fotoxidação, processo que causa danos celulares e pode provocar morte de células comprometendo a produção final do cafezal. Quando a absorção de energia luminosa, transformada em elétrons, captada pela planta, ultrapassa a capacidade de utilização desses elétrons, durante a fotossíntese, há a formação de espécies reativas de oxigênio (O2-, H2O2, OH-), que são tóxicos às células e destroem a clorofila, as membranas, DNA e outras organelas.

Da mesma forma que o N, as deficiências de magnésio (Mg) e de potássio (K) aumentam a sensibilidade das plantas a danos fotoxidativos, por diminuir o metabolismo fotossintético do carbono, bem como a translocação de fotoassimilados (açúcares) da fonte para o dreno. Nesse caso haveria acúmulo de carboidrato na fonte (folha) inibindo por "feed-back" a continuidade da assimilação de CO2, o que, também, resultaria na presença de mais elétrons e formação de espécies reativas de oxigênio.

Os micronutrientes boro (B) e zinco (Zn) participam efetivamente na fixação fotossintética de CO2 e na translocação de fotoassimilados (açúcares). Deste modo, a deficiência desses nutrientes pode potencializar o dano fotoxidativo, assim como a deficiência de manganês (Mn) responsável pela reposição de elétrons ao fotossistema II.

Será que os níveis de interpretação, desses nutrientes serão os mesmo para a futura situação ambiental?

Há evidências de que o Cálcio (Ca) está envolvido no processo adaptativo das plantas ao estresse por altas temperaturas. Foi observado em plantas nutridas com Ca um aumento da atividade das enzimas envolvidas na destoxificação de H2O2. Entretanto, em relação a essa nutrição, o benefício poderia ser maior não tanto pelo aumento da dose, mas pela sua aplicação em profundidade.

De maneira geral, a fotossíntese é responsável pela produção de açúcares necessários para o crescimento vegetativo e reprodutivo da planta. Uma vez diminuída a taxa fotossintética da planta por estresses ambientais a produção do cafeeiro também é afetada. Neste caso, o acompanhamento nutricional da planta se faz necessário para manter e/ou aumentar a produtividade, fato que reforça a importância da análise foliar.

Sistema de produção - café arborizado

A arborização proporciona um sombreamento moderado para amenizar os extremos térmicos e reduzir o depauperamento do cafeeiro, resultante das altas produções.

A implantação de árvores no interior do cafezal resulta em benefícios ao cafeeiro, em regiões climaticamente limítrofes e, principalmente, com as novas perspectivas do aquecimento. De maneira geral, a arborização contribui para amenizar os efeitos do vento sobre o café, atenuar os extremos térmicos (redução da temperatura máxima e aumento da temperatura mínima), e redução da radiação global, além de diminuir a radiação emitida pela superfície, fato que impede o resfriamento noturno.

O cafeeiro arborizado durante o dia intercepta parte da radiação, uma vez que o dossel formado pelas árvores exerce uma cobertura parcial sobre o cafeeiro, sem que haja um resfriamento em excesso à noite, pois a perda de calor é amenizada pelas árvores. Se o cafeeiro a pleno sol, nas condições atuais, apresenta elevada alternância de safras (bienalidade), com seca de ramos, pode-se esperar que no futuro esses problemas sejam intensificados, assim, uma arborização com redução de 20% a 30% de irradiância poderá viabilizar a cafeicultura nas mesmas zonas, sem a necessidade de reduzir a área cultivada.

Tanto a nutrição mineral como a arborização são técnicas que podem ser utilizadas pelos produtores, sendo que, somente a arborização, poderia representar à primeira vista, alguma dificuldade à sua adoção.

Referências bibliográficas

ASSAD, D. A.; PINTO, H. S.; JUNIOR, J. Z.; ÁVILA, A. M. H. Impacto das mudanças climáticas no zoneamento agroclimático do café no Brasil. Pesq. agropec. bras., Brasília, v.39, n.11, p.1057-1064, nov. 2004.

DRINNAN, J.E.; MENZEL, C.M. Temperature affects vegetative growth and flowering of coffee (Coffea arabica L.). Journal of Horticultural Science, v.70, p.25-34, 1995.

MARSCHNER, H. Mineral nutrition of higher plants. Academic Press, San Diego, 1995.

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ZENIDIO

PALMARES PAULISTA - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 17/07/2014

bom dia amigo. venho a le dizer que estou a procura da semente de gliricidia por favar min comunique onde encontro obrigado...
EDILSON LISBOA CORDEIRO

ALFENAS - MINAS GERAIS - ESTUDANTE

EM 11/09/2007

sou estudante de agronomia,e gostaria de ter mais informaçoes,sobre a cultura do cafe.
FRANCISCO DELLA TORRE CHAGAS

RIBEIRÃO PRETO - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 26/07/2007

O artigo realmente é muito bom, e relata o que já começamos a sentir no clima.

A quebra de safra na região de Franca, SP, está em torno de 70% comparado com 2006. Essa quebra foi ocasionada principalmente pelo veranico ocorrido de abril a setembro do ano passado (praticamente 6 meses sem chuvas significativas) e também pelo excesso de temperatura nos meses do verão passado.

E agora, neste ano, tivemos boas chuvas no final de maio, e 70 mm de chuvas em julho, o que não ocorria há muitos anos.

O problema é a nova florada querendo abrir e, ainda restam algumas áreas para colher.

O clima realmente parece ser cada vez mais inconstante!

EUDAIR FRANCISCO MARTINS

BAURU - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 25/07/2007

Muito bom este artigo do professor da ESALQ, tendo em vista que o aquecimento é facilmente notado pela escaldadura nas folhas do cafeeiro especialmente na face oeste.

A fundação Procafé em Varginha tem trabalhos sobre arborização em café que podem ser consultados, como o cafeeiro é planta arbustiva de sub-bosque ela se adapta a arborização, sendo que temos que lembrar que no caso de colheita mecanizada as árvores irão dificultar ou mesmo impedir a passagem da colhedeira.

Com relação a nutrição mineral solicito ao professor me informar onde posso encontrar publicações de pesquisa referente ao assunto para uma consulta.

Parabéns professor, continue escrevendo pois o setor está precisando de informações sobre o tema aquecimento global.

Engº Agrº Eudair Francisco Martins
JOSE CARLOS DO NASCIMENTO

PASSOS - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 25/07/2007

Boa tarde. Gostei muito dessa matéria. Já faz bastante tempo que tenho vontade de arborizar meu cafezal para atenuar essas diferenças entre as temperaturas máximas e mínimas.

Só que tenho muitas dúvidas de como fazer corretamente para que não haja problemas de produção. Gostaria de uma orientação melhor a esse respeito e que tipo de arborização seria recomendada.

Grato.

<b>Prezado José Carlos do Nascimento,</b>

A arborização no cafeeiro busca um sombreamento moderado para amenizar os extremos térmicos e reduzir o depauperamento causado pelo excesso de produção. Em geral, árvores associadas a cafezal podem competir com a lavoura, dependo da espécie, do manejo e da densidade de sombreamento.

Desta maneira, a escolha das espécies a implantar no cafezal é muito importante para o sucesso da arborização. O primeiro passo é analisar as condições climáticas que devem ser atenuadas. Em locais, onde a geada é o principal problema, as espécies devem apresentar características de crescimento rápido e de manter a copa enfolhada no inverno. Já em regiões em que o risco de competição por água é maior, ou seja, a seca no inverno é pronunciada, recomenda-se utilizar espécies que perdem folhas no inverno.

O segundo passo é identificar o produto principal de renda. O café sendo o produto prioritário a preferência são as leguminosas, uma vez que a fixação de nitrogênio das leguminosas contribui para reduzir o custo de produção. Se o produtor tem como objetivo diversificar a fonte de renda opta-se por árvores frutíferas, para serraria, entre outras.

Além da escolha da espécie outro ponto importante é o número de árvores por hectare. Estudos indicam que sombreamento moderado, na faixa de 20 a 30% é adequado para a cultura, pois não reduz a produtividade do cafeeiro e propicia a melhor qualidade do café.

A título de ilustração, algumas espécies utilizadas na arborização do cafeeiro são apresentadas:

Grevílea (<i>Grevillea robusta</i>) - sistema radicular pivotante e profundo, baixa competição com os cafeeiros, recomenda-se de 50 a 70 árvores por hectare;

Leucena (<i>Leucaena diversifolia</i>) - produz muitas sementes, o que necessita de pelo menos uma capina por ano. Em área onde a deficiência hídrica é um problema, a leucena pode ser contra-indicada, pois é bastante competitiva por água;

Bananeira - excelente opção, desde que bem manejada, recomenda-se 3 a 4 covas de bananeira nanica, espaçada a cada 6 a 8 metros.

Acácia manjo (<i>Acacia mangium</i>) - leguminosa pioneira, com copa grande; rápido crescimento, produz serrapilheira com baixa relação C/N, a madeira apresenta valor comercial;

Gliceridia (<i>Gliceridia sepium</i>); Seringueira (<i>Hevea brasiliensis</i>).

Paula Salgado
Msc. Engenheira Agrônoma

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