Nestes dois últimos anos está difícil plantar café, pois as chuvas estão escassas, exatamente na época em que se efetua os plantios, de novembro a março. Períodos de veranico e de estresse hídrico têm levado à morte das plantas, exigindo replantios custosos e que levam à desuniformidade da lavoura.
Como a falta de chuvas tem ocorrido em janeiro e fevereiro, os plantios mais cedo, em novembro e dezembro, acabam pegando período de altas temperaturas e de falta de umidade, com plantas ainda muito sensíveis. Em plantios mais tarde, em março, embora apresentando maior sucesso nesses últimos anos, existe o risco de ocorrer pouca chuva, em seguida, devido já ao final do período normal mais chuvoso.
Uma das maneiras de evitar perdas nos plantios é através da molhação das mudas no pós-plantio, sempre que necessário. Para isso é preciso adotar alguns cuidados.
Primeiro, antes de plantar, é preciso contar com mudas bem aclimatadas e com aplicação hormonal, através do uso de Triadimenol um mês antes do plantio (1,5 ml de Premier Plus a cada 100 mudas, em rega) para ‘’amadurecer’’ a folhagem e aumentar a quantidade de raízes finas da muda.
Segundo, também antes de plantar, é necessário planejar e contar com sistema adequado de molhação, se possível colocando um suprimento de água junto à lavoura, em canos e mangueiras (o ideal) ou tanques para transporte da água.
Terceiro, novamente, antes do plantio, preparar bem o sulco/cova, deixando uma depressão no sulco, mais funda, ou na cova, não enchendo-a totalmente, assim deixando um lugar para depositar a água de molhação.
No pós-plantio, sempre que as mudas começarem a murchar (murcha permanente), iniciar rapidamente a molhação, sendo suficientes cerca de 2 litros de água por muda. Não se deve esperar que a muda inicie a secagem de suas folhas, pois, nessa condição, sua recuperação é mais difícil, já que o torrão da muda, muito seco e duro, é difícil de ser molhado.
Dar preferência para a molhação com bomba jogando a água, encanamento de distribuição e terminal de mangueiras, para molhação bem feita, podendo as mangueiras terminar em tubos furados, para distribuir água lentamente junto ao sulco/linha de plantio. No caso de não ter sido deixada uma depressão no sulco/cova, deve-se fazê-la com enxada, de forma que a água aplicada fique contida junto à muda, ao contrário vai escorrer sem infiltrar. Na molhação com tanque deve-se usar mangueiras levando 4 linhas, com 4 trabalhadores operando, por vez. Na terminal da mangueira colocar uma espécie de chuveiro ou lepa caipira, para espalhar melhor a água.
Uma forma de evitar escorrimento da água é usar o cano terminal aprofundado no solo solto, assim molhando de baixo pra cima, lá junto do torrão da muda.
Fica aqui um último conselho: Como em outras coisas, no plantio do café é melhor prevenir do que remediar. Replantar custa caro e prejudica a formação uniforme da lavoura. Portanto, investir um pouco na molhação, sempre que necessária, compensa bastante.
Muda em bom estado, mostrando uma depressão no solo, para depósito da água de molhação
Muda já muito judiada pela seca. Não se deve deixara chegar a este ponto, no qual já ocorre seca de folhas, pois será de difícil recuperação
Detalhe de um chuveiro ou lepa caipira, no terminal da mangueira, pra distribuir melhor a água.
Junto à muda o operador enfia a ponta do cano no solo, para que haja uma molhação de baixo pra cima