A técnica consta da abertura de terraços, com cerca de 1,5 m de largura, nas ruas ou no espaço entre-linhas do cafezal, para ali formar caminhos mais planos onde possam transitar tratores estreitos. Estes que, com seus implementos, venham facilitar os tratos da lavoura, no controle do mato, na adubação, nas pulverizações, nas podas e até na colheita.
Um trabalho extensivo de micro-terraceamento em cafezais pode ser observado na Fazenda Sertãozinho, em Botelhos (MG). Ali, dois tratores munidos de lâminas traseiras trabalham continuamente na abertura de terraços. Uma área de cerca de 70 ha de lavouras já foi terraceada, tanto em cafezais já implantados, como em áreas antes do plantio do café. A orientação da Fazenda é a de preparar, com micro-terraços, todas as áreas cafeeiras onde a topografia não permita a mecanização normal.
Com esse trabalho de terraceamento, o cenário mudou completamente. As operações de trato das lavouras, que eram efetuadas manualmente, passaram a ser feitas de forma mecanizada, com maior rapidez e menor custo.
É fato que o micro-terraceamento adiciona investimentos iniciais, na sua implantação. A experiência na Fazenda tem mostrado que o rendimento e os custos dessa prática variam conforme a declividade do terreno. Em áreas menos declivosas se gasta cerca de 10 hs por ha e naquelas muito íngremes, onde o corte precisa ser mais profundo, pode-se gastar até 40 hs de trator com lâmina por ha. Assim, o custo para a Fazenda pode ficar entre R$ 500 e R$2.000 por ha, um investimento que, rapidamente, será compensado pelo menor gasto nos tratos mecanizados da lavoura.
Outras observações efetuadas mostram que é possível construir o terraço mesmo em lavouras com 2,5 m de rua, no entanto, uma distância de 3 m é melhor. Já se verificou maior retenção de águas de chuvas pelo terraço, restando verificar, a prazo mais longo, o efeito do corte de raízes, que ocorre junto à parte baixa da linha de cafeeiros. Parece que este corte vai ser compensado por um maior desenvolvimento radicular na parte superior da linha de plantas.
Com as dificuldades e o custo crescente da mão-de-obra, a mecanização tem sido a melhor alternativa para a redução de custos de produção do café. Como a cafeicultura de montanha ocupa uma área de cerca de 700 mil ha no Brasil, o uso do micro-terraceamento se torna muito importante, para viabilizar a competitividade dessa extensa área de lavouras cafeeiras, que representa uma produção anual de cerca de 15 milhões de sacas e envolve a sobrevivência econômico-social de muitas regiões.
Detalhe da área anterior, com a linha de cafeeiros recém-plantada entre dois terraços.
Área micro-terraceada em cafezal com 8 meses de idade, espaço de 3 x 0,5m.
Após uma pequena chuva, pode-se ver a boa retenção de água pelos micro-terraços
Área terraceada em cafezal 2,5 x 0,5m, do segundo pro terceiro ano, já consolidada a retomada do mato no terraço.