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Mercado de Cafés Especiais, paralelos entre o Brasil e a Colômbia

POR EDUARDO TREVISAN GONÇALVES

TÉCNICAS DE PRODUÇÃO

EM 28/07/2010

3 MIN DE LEITURA

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Após décadas de investimentos na produção de cafés de qualidade e marketing, a Colômbia associou a imagem de sustentabilidade ao seu café, conquistando um importante espaço no mercado mundial e garantindo preços diferenciados aos seus produtos.

A tradicional figura do Juan Valdez1, criado por uma agência de propaganda, está muito associada aos pequenos produtores colombianos que fazem colheita seletiva em harmonia com a natureza.

Além disso, há a Federação Nacional dos Cafeicultores da Colômbia, entidade que mistura política, assistência técnica e comércio e que possui um interessante sistema de capacitação e acompanhamento técnico dos produtores, especialmente os familiares. Esta entidade viabiliza o acesso dos produtores familiares, através da formação de grupos, às principais certificações, o que aliado ao certificado de Indicação Geográfica é um verdadeiro aparato para garantir reconhecimento internacional.

Segundo dados da Federação Nacional dos Cafeicultores da Colômbia, as exportações de cafés sustentáveis tiveram um aumento de 1257% entre 2004 e 20092:



Embora seja um programa bem desenhado, a baixa da produção ocorrida nos últimos anos devido a fatores climáticos e a renovação dos cafezais na Colômbia, ocasionou escassez dos grãos e elevação substancial dos preços dos cafés suaves (despolpados), preocupando os torrefadores de todo o mundo. Segundo Judith Chase, presidente da J. Ganes Consulting, "Torrefadores que buscam cafés de qualidade estão tendo dificuldades para assegurar os volumes que necessitam, forçando-os a pagarem maiores prêmios"1.

A baixa oferta de cafés colombianos no mercado mundial abriu uma janela de oportunidades para produtores de cafés especiais, especialmente do Brasil, o maior produtor mundial do grão.


Foto: Eduardo Trevisan Gonçalves, 2006

Este panorama tem favorecido os cafés brasileiros a se afirmarem com maior intensidade no mercado mundial, acessando mercados e preços diferenciados. Prova disso, é o interesse de empresas como Nespresso e Starbucks que têm buscado mais intensamente os cafés brasileiros de qualidade, aumentando a competição com outros tradicionais compradores de especiais, como a Illy.

Todavia, estas empresas globais estão buscando criar vínculos com seus fornecedores de cafés de qualidade, especialmente cooperativas e exportadores, solicitando que as áreas de produção estejam em conformidade com aspectos legais e padrões sócio-ambientais, utilizando as certificações internacionais como ferramentas de garantia.

A Nespresso, por exemplo, possui metas públicas para aquisição de cafés com o selo Rainforest Alliance Certified e a Starbucks exige que seus fornecedores estejam inscritos no seu próprio programa, chamado CAFÉ Practices. A Sara Lee internacional dá preferência pelo Utz certified, embora não seja restrito ao segmento de qualidade.

Especialmente com relação à certificação RAS (Rede de Agricultura Sustentável) - selo Rainforest Alliance Certified -, nos dois últimos anos, houve um aumento expressivo das vendas de cafés brasileiros com o selo, resultado direto da busca das grandes empresas e do compromisso dos produtores:

Gráfico 1: evolução da quantidade de café brasileiro vendido com o selo Rainforest Allaince Certified (em sacas de 60 Kg)1.



Em temos mundiais, segundo Daniele Giovannucci1, o mercado de cafés diferenciados têm crescido muito mais que os convencionais:



Outro fator que chama a atenção, é que atualmente 16% de todo o mercado norte americano de cafés, constitui-se de cafés certificados, como mostra o gráfico abaixo. Vale a pena salientar que CAFÉ Practices não é um sistema aberto, é aplicável somente para fornecedores da Starbucks



Segundo as informações apresentadas, a diminuição da oferta de cafés colombianos está facilitando o acesso dos produtores brasileiros a mercados diferenciados de café, todavia, as empresas estão buscando também produtos de origem e sustentabilidade comprovada.

No mundo, toda esta consciência com as questões sociaombientais é significante. Segundo relatório do "Green Brands Survey 2009" e Natural Marketing Institute (NMI) 2009 Survey1:

- No Brasil, 62% das pessoas pensam que o meio ambiente é mais importante que a economia.
- Na França, 41% da população planeja gastar mais com "produtos verdes" nos próximo anos sendo que apenas 10% planejam gastar menos;
- Nos estados Unidos, mais de um quarto da população não compra produtos verdes porque não estão disponíveis.

Esta conjuntura reforça a tendência e envia um claro sinal para a cadeia brasileira do café a respeito da necessidade de diferenciação por qualidade e por aspectos socioambientais. O Brasil possui uma grande oportunidade de se firmar ainda mais nesses mercados.


1Juan Valdez é um personagem que simboliza os cafeicultores da Colombia, criado em 1959 com a finalidade de dar identidade ao café da Colombia, diferenciá-lo de outras origens e promover seu consumo no mercado internacional. https://www.juanvaldezcafe.com/procafecol/quienesjv/default.asp.
2 Fonte: Apresentação de Carlos Alberto Gonzalez em: https://www.segmentoactivo.net/clientes/cafesostenibles/colombia2010/
3 Fonte: The Specialty Coffee Chronicle, 2010
4 Fonte: Rainforest Alliance Marketplace adaptado por Imaflora, 2010
5 Daniele Giovannucci- Differentiated Coffee, World Coffee Conference 2010, Guatemala.
6 Fonte: https://www.psbresearch.com/green_2009.htm e https://www.nmisolutions.com/

EDUARDO TREVISAN GONÇALVES

Engenheiro agrônomo, Gerente de Projetos do Imaflora.

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