A Região das Matas de Minas, situada no leste do Estado de Minas Gerais, é composta por 63 municípios que, juntos, produzem cerca de 5 milhões de sacas de café anualmente, uma quarta parte do total produzido em Minas, o principal estado produtor brasileiro. São 240 mil hectares de lavoura de café, situados em 36 mil propriedades cafeeira, 35% do total de propriedades que produzem café no estado. Vide figuras a seguir:
Desde 1830, quando se acentuou a ocupação humana e econômica das Matas de Minas, a cafeicultura é a mais tradicional e a mais importante atividade econômica desenvolvida na Região. Atualmente, a produção de café representa cerca de 90% do valor total da produção agrícola regional e quase 20% do Produto Interno Bruto total, ou seja, de toda riqueza que é produzida nessa região. Portanto, um fundamental gerador de emprego, de renda e de bem estar para toda a sociedade local, estimada em 1 milhão de pessoas.
Em 2010, o Sebrae – MG, a Secretaria de Agricultura e a FAEMG, cientes da importância fundamental da atividade cafeeira nas Matas de Minas, entenderam oportuno mobilizar os cafeicultores e as instituições regionais na busca de encontrar soluções que promovessem os necessários avanços da cadeia produtiva regional do café. Duas variáveis fundamentavam esta preocupação. Olhando-se para dentro da região, verificava-se que, por suas características de relevo acidentado e pela predominância de pequenos produtores, essa atividade regional apresentava vulnerabilidades de produção e de mercado. Um olhar para o ambiente externo, mostrava a necessidade do enfrentamento de mercados cada vez mais globalizados e exigentes. Em conjunto, essas duas características, indicavam a crescente importância de preparar os pequenos empresários cafeeiros das Matas de Minas para, de maneira organizada, participarem dessa nova realidade comercial e de produção, para se apropriarem da devida parcela de benefícios que são conquistados nessa nova relação comercial.
Ao buscarem apoio da comunidade cafeeira regional, a resposta foi imediata. Logo os cafeicultores e as instituições públicas e privadas se mobilizaram e participaram com dedicação na busca de soluções inovadoras para o setor. Os trabalhos tiveram início com a implantação da metodologia participativa do “Foco Competitivo”. Com a colaboração de inúmeros cafeicultores e representantes institucionais, após diversos encontros e debates bem orientados, foram definidas e planejadas quatro linhas de ação, pilares que deveriam orientar todo o trabalho: Qualidade do café, Identidade da Região, Governança e Mercado.
As ações que buscavam identificar a qualidade dos cafés produzidos na Região das Matas de Minas tiverem início em 2011. Após a realização de levantamento da qualidade dos cafés comercializados no mercado atacadista da região, foram iniciadas atividades para apoiar e incentivar a melhoria da qualidade na forma de cursos e palestras com foco nas adequadas tecnologias de pós-colheita e na classificação física e análise sensorial do café em diversos municípios. Valorizando também os aspectos vinculados à produtividade da lavoura, foram ministrados cursos sobre adubação, controle de pragas e doenças e manejo da lavoura cafeeira aos técnicos que prestam assistência técnica à lavoura de café e aos cafeicultores, com o apoio da UFV, Epamig e Emater. Essas ações continuam sendo executadas até a presente data, com a proposta de proporcionar aos cafeicultores das Matas de Minas, um ponto de partida com base na adoção de inovações produtivas, gerenciais e organizacionais, compatíveis com as condições geográficas e naturais características dessa região e com as exigências contemporâneas de mercado.
As ações visando criar uma governança regional para a cadeia produtiva do café tiveram início em 2012, com reuniões mensais das lideranças da cafeicultura e de representante das principais instituições privadas a ela vinculadas. Como resultado dessa busca para identificar o melhor modelo de governança regional, em junho de 2013 foi criado o Conselho das Entidades do Café das Matas de Minas, que a partir de então tem liderado os trabalhos e criado novos horizontes para a cafeicultura regional.
As ações voltadas para o pilar de mercado, foram também iniciadas em 2012, quando técnicos do Sebrae – MG, de outras instituições e representantes dos cafeicultores participaram de feiras internacionais e de visita a diversos compradores do mercado mundial, com o intuito de verificar as exigências e as principais tendências que impactam o comércio do café no presente e no futuro. Dando sequência aos trabalhos com foco na ampliação das alternativas mercadológicas para a cafeicultura da região, em 2013 e 2014 foram realizadas “Rodadas de Negócio” durante o tradicional Simpósio de Cafeicultura de Montanha, realizado em Manhuaçu.
Dentre as ações que buscam melhorar a identidade dos cafés produzidos, destaca-se o mapeamento da qualidade do café das Matas de Minas, realizado em 2013, oportunidade em que foi identificada a qualidade sensorial do café produzido em diversas alternativas dos microclimas prevalecentes. Os resultados deste estudo mostraram que o relevo irregular das Montanhas das Matas de Minas proporciona microclimas especiais, onde os cafeicultores, usando tecnologias predominantemente manuais, são artesãos aliados da natureza favorável na produção de cafés de alta qualidade e identidade distinta, com a predominância de cafés com doçura acentuada, acidez equilibrada, encorpado, aroma floral e diversidade de sabores cítricos e achocolatados. Outra importante atividade iniciada em final de 2013 foi a construção da marca “Região das Matas de Minas”. Nessa, o Conselho das Entidades do Café das Matas de Minas liderou o esforço para identificar, de forma participativa, uma marca para representar a cafeicultura regional, expressando toda sua pujança e as qualidades intrínsecas de um produto aprimorado pela tradição centenária de convivência harmônica do homem com a natureza, proporcionando a produção de cafés de altíssima qualidade e diversidade de aromas e sabores inigualáveis. O resultado desse esforço coletivo é apresentado a seguir.
Este é, sem dúvida, um momento importante na caminhada por uma cafeicultura de sucesso. Contudo, os desafios não se encerram aqui. Novas conquistas serão necessárias. O Conselho, com o apoio do Sebrae e de diversas instituições públicas, está iniciando os trabalhos para reconhecimento da Indicação Geográfica – IG para as Matas de Minas, valorizando o cultivo do café arábica na região, para que ele continue a proporcionar emprego, renda e bem-estar para milhares de famílias que tradicionalmente se dedicam a ele de forma direta ou indireta.