Colher a lavoura de café, derriçando os frutos com as próprias mãos, está ficando cada vez mais raro depois que surgiram as “mãozinhas” mecânicas, as derriçadeiras motorizadas de operação manual. Elas vêm sendo adotadas em grande escala e de forma crescente, a cada ano e em todos os lugares. Ao vê-las operar, por trabalhadores com elas habituados, verifica-se que esse equipamento faz um bom trabalho, quase um milagre, substituindo uma operação, antes lenta e penosa, da colheita por derriça manual.
As derriçadeiras e as “mãozinhas” são de diversas marcas, modelos e materiais. A da esquerda tem sido bem aceita por colhedores
As derriçadeiras motorizadas tem apresentado um bom rendimento na derriça, sendo que, normalmente, podem substituir dois a três trabalhadores na derriça manual. Este é o rendimento normal, no entanto, operadores bem treinados e trabalhando bem podem substituir mais, até quatro colhedores na colheita manual. O usual é um colhedor, com a máquina, colher 20-25 medidas (de 60 litros) por dia, mas tem alguns que colhem até 40 medidas.
A máquina derriçadeira possibilitou a criação de turmas profissionais de colhedores motorizados, que trabalham terceirizados, assim atendendo aos cafeicultores. Também nas propriedades foram adotados sistemas que garantem o melhor funcionamento do maquinário. Eles podem ser de dois tipos - Ou o proprietário compra o maquinário e destaca alguém para supervisão ou manutenção no dia a dia, ou, mais adequadamente, tem havido a aquisição pelo próprio colhedor, muitas vezes com adiantamento do recurso pelo proprietário. Deste modo, sempre o operador vai ter mais cuidado com o seu equipamento.
Com o maquinário o trabalhador aumentou os seus ganhos. Nesta safra tem gente ganhando até mais de R$200 por dia. Para o proprietário também trouxe vantagens, pois pode viabilizar com mais tranquilidade a colheita de suas lavouras, podendo contratar menos pessoas, já que estava difícil conseguir toda a mão-de-obra, antes necessária.
A derriçadeira motorizada beneficiou, especialmente, a cafeicultura de montanha, que vinha passando dificuldades na contratação de pessoal, em quantidade e custos compatíveis. Facilitou, ainda, para o cafeicultor familiar, vez que este e sua família podem, eles mesmos, fazerem sua própria colheita sem a necessidade de desembolsar recursos para a contratação externa. Também, ultimamente, a derriçadeira de operação manual passou a ser usada no repasse de derriça após o trabalho das colhedoras mecanizadas, automotrizes ou tratorizadas.
Finalmente, um comentário complementar de ordem econômico-social,na forma de uma pergunta que paira no ar. Estaria o maquinário desempregando pessoas? A resposta é negativa, pois essas pessoas, que eventualmente não seriam mais empregadas, já não vinham sendo encontradas. Assim, ao contrário, a maior viabilização da atividade da cafeicultura, em áreas montanhosas e em condições de pequenas propriedades, na realidade, gera mais renda e, com ela, mais pessoas dela usufruirão.
*José Braz Matiello é engenheiro agrônomo da Fundação Procafé