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Manejo Integrado da Mancha de olho pardo do cafeeiro

POR ANTONIO FERNANDO DE SOUZA

TÉCNICAS DE PRODUÇÃO

EM 28/02/2007

6 MIN DE LEITURA

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No artigo de dezembro de 2006 - "É tempo de prevenir a cercosporiose", da Jornalista do CBP&D - Café e Embrapa Café - Cibele Aguiar, vimos os principais sintomas desta doença e algumas medidas adotadas no seu controle. Neste artigo, iremos abordar especificamente os fatores que predispõem o cafeeiro ao ataque do patógeno e como podemos manejar a doença dentro da filosofia da Produção Integrada de Café.

Até poucos anos atrás, a mancha de olho pardo era considerada uma doença de importância secundária, mas, atualmente, está presente em todas as regiões produtoras de café do País. A cada ano que se passa, vem sendo observado um aumento significativo de sua intensidade no campo, em função de diversos fatores.

A ocorrência da doença é favorecida por fatores ligados ao hospedeiro e ao ambiente, tais como ausência de genótipos resistentes ao patógeno, temperatura variando de 10 a 25oC, cafeeiros expostos ao excesso de insolação, ventos frios, nutrição deficiente ou desequilibrada, alta umidade e deficiência hídrica severa.

Ainda não existem variedades resistentes e seu manejo é feito basicamente por meio de práticas culturais associada à aplicação de fungicidas protetores e sistêmicos.

Manejo da doença no viveiro:

Os ataques mais severos da doença ocorrem quando as mudas estão ainda na fase do viveiro, sendo comum observar várias manchas espalhadas pelo limbo foliar (figura 1). Isto faz com que as folhas atacadas caiam mais rapidamente, provocando intensa desfolha das plantas. O desenvolvimento das mudas fica prejudicado e elas ficam inadequadas para o plantio no campo.


Fonte: Antônio Souza

Figura 1 - Viveiro de café com alta intensidade de mancha de olho pardo nas mudas.

No viveiro, substrato pobre em matéria orgânica, sem as devidas correções químicas ou em proporções desequilibradas dos nutrientes, utilizando solo com textura inadequada (muito argiloso ou muito arenoso); crescimento das mudas em pleno sol e excesso de umidade são os principais fatores que predispõe as mudas ao ataque da doença.

Assim, maiores cuidados na formação das mudas, como instalação de viveiros em local bem drenado e arejado, utilização de substratos balanceados em nutrientes, com boas propriedades físicas, controle adequado da irrigação e do excesso de insolação nas mudas, constituem as principais medidas a serem adotadas visando evitar perdas quando as mudas ainda estão no viveiro.

Pulverizações preventivas com fungicidas a base de cobre devem ser iniciadas a partir da formação dos primeiros pares de folhas definitivas nas mudas e prorrogadas até a fase de aclimatação, antes das plantas serem levadas ao campo. Um ponto que deve ser levado em consideração é que o excesso de pulverizações com cobre, neste período, pode causar sintomas de fitotoxidez.

Em viveiros já infestados, as pulverizações devem ser feitas utilizando fungicidas sistêmicos, visando o controle curativo da doença. Existem vários produtos disponíveis no mercado que são eficientes no controle da mancha de olho pardo, desde que os demais fatores que predispõem as mudas ao ataque da doença sejam devidamente observados. Para escolha do produto e da dosagem a ser usada consulte o responsável técnico pelo viveiro.

Manejo da doença no campo:

a) Fase de plantio e pós-plantio

Nas culturas recém implantadas, as mudas saem de um ambiente controlado dos viveiros e vão para condições adversas do campo. Muitas das vezes, são plantadas em terrenos de baixa fertilidade ou com adubações desequilibradas; em solos muito arenosos ou muito compactados; com sistema radicular pouco desenvolvido (causado por adensamento de substrato) ou com "pião torto"; em plantios realizados no final do período chuvoso e em áreas que recebem insolação intensa no período da tarde.

Além disso, com a expansão da cafeicultura para áreas de solos de baixa fertilidade natural do cerrado e o plantio de cultivares de alta capacidade produtiva, o ataque da doença tem sido mais severo, principalmente nas três primeiras safras, levando a intensa queda de folhas, frutos e indiretamente a seca de ramos laterais.

A desfolha reduz drasticamente a relação folha/fruto (figura 2). Os frutos presentes nos ramos ficam mais expostos à ação dos raios solares e são invadidos pelo fungo, acelerando o processo de maturação, caindo antes que os demais frutos atinjam o ponto de colheita. Isso implica na redução da produção, do rendimento, depreciação do tipo e da bebida do café. Se as folhas do cafeeiro caírem prematuramente em função do ataque de doenças, ocorrerá um depauperamento das plantas, o que influenciará negativamente na produção dos anos seguintes.


Fonte: Laércio Zambolim.

Figura 2 - Desfolha causada por Cercospora coffeicola

Experimento realizado na região de Coimbra-MG, com o objetivo de avaliar o efeito de diferentes fungicidas no controle da mancha de olho pardo, sob condições altamente favoráveis a doença: lavoura implantada numa encosta que recebia intensa insolação no período da tarde, solo com alto teor de argila, com nutrição deficiente e com manejo inadequado do mato, demonstrou que de dez fungicidas recomendados para o controle da doença, nenhum foi eficiente em reduzir a intensidade da doença na área. As plantas apresentaram intensa desfolha, seca de ramos e produtividade inferior a 15 sacas de café beneficiadas por hectare (média de três anos). Isto confirma que controle químico sozinho, não é suficiente para evitar perdas de produtividade, quando outras práticas não são feitas de forma adequada, além aumentar o custo de produção da propriedade.

Daí a importância de associar o controle químico às práticas culturais visando o manejo integrado da doença, como implantação de quebra vento em áreas de encosta exposta à alta intensidade luminosa; construção de curvas de nível no terreno para conter a água das chuvas; adição de matéria orgânica no solo; acompanhamento da nutrição das plantas por meio da análise química de solo e foliar; recomendação da adubação baseada nos resultados da análise de solo; manejo adequado do mato de forma a evitar a exposição do solo nas áreas de encosta e pulverizações preventivas na época de maior intensidade da doença no campo.

b) Em lavouras Adultas:

A época de maior incidência da Mancha de olho pardo em lavouras adultas corresponde aos meses de dezembro a maio, em várias regiões do estado de Minas Gerais. Pesquisas recentes sugerem que as pulverizações devem coincidir com o início da granação dos frutos, que ocorre justamente nesta época. Como este período também coincide com época de controle da ferrugem, um bom programa de manejo envolvendo fungicidas cúpricos ou sistemas mistos (preventivos mais sistêmicos foliares) pode controlar satisfatoriamente a mancha de olho pardo, com menor custo.

Vários trabalhos vêm demonstrando que o uso integrado de fungicidas sistêmicos (via solo ou foliar) com aplicação foliar de fungicidas cúpricos promove melhor controle das doenças do cafeeiro, além de significativos aumentos de produtividade, quando comparado à testemunha e as parcelas apenas tratadas com cúpricos.

Alguns fungicidas sistêmicos têm ação tanto no controle da ferrugem quanto no controle da mancha de olho pardo. Outros fungicidas, principalmente aqueles aplicados via solo, são eficientes no controle da ferrugem, mas não atuam no controle da mancha de olho pardo. Daí a estratégia interessante de utilizar estes produtos em alternância ou mistura com os cúpricos ou optar pelas formulações prontas de sistêmicos com cúpricos.

Nos anos de alta carga e lavouras que usam intensivamente granulados via solo (fungicida + inseticida), maior atenção deve ser dada no equilíbrio das adubações e no controle químico da mancha de olho pardo do cafeeiro. Devido à alta produtividade obtida nestas áreas, tem sido observado que as plantas ficam mais suscetíveis ao ataque desta doença nas folhas e nos frutos, exigindo aplicações complementares com fungicida sistêmico via foliar, nos meses de fevereiro ou março.

Atualmente existem 40 marcas comerciais de fungicidas registrados no Ministério da Agricultura Pecuária e Meio Ambiente (MAPA), sendo que:

- 23 marcas têm cobre na sua formulação (hidróxido de cobre, óxido cuproso e oxicloreto de cobre sozinho ou oxicloreto de cobre misturado a outros fungicidas);

- 9 marcas pertencem ao grupo químico dos triazóis (tebuconazol, difenoconazol, propiconazol e as misturas tebuconazol + triadimenol e ciproconazol + oxicloreto de cobre);

- 5 marcas têm estrobirulina em sua formulação, podendo ser encontrada em formulações isoladas (azoxystrobina e piraclostrobina) ou em mistura com alguns triazóis (trifloxistrobina + ciproconazol; azoxistrobina + ciproconazol e piraclostrobina + epoxiconazol);

- 3 marcas pertencem aos grupos químicos: ditiocarbamato (mancozebe); isoftalonitrila (clorotalonil); benzimidazol (tiofanato-metílico) e mistura destes dois últimos grupos.

Vários trabalhos de pesquisa já comprovaram a eficiência destes produtos no controle da doença, desde que outras práticas tenham sido feitas de forma adequada. Caso contrário à eficácia dos produtos pode ficar comprometida. A escolha do principio ativo a ser utilizado depende da recomendação de um Engenheiro Agrônomo.

ANTONIO FERNANDO DE SOUZA

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MARCOS ANTÔNIO PIMENTA MENEZES

LUIS EDUARDO MAGALHÃES - BAHIA - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 03/03/2007

Parabéns pela brilhante matéria, na qual o autor utiliza uma linguagem que os produtores entendam.


Att.


Marcos Pimenta.
Eng. Agrônomo.
Consultor Café Irrigado

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