Frequentemente, nas fazendas de café, torna-se necessária a substituição de cafezais que se tornam improdutivos por diferentes razões. Nessa substituição, seja com novo cafezal ou com outra cultura, a primeira etapa consta a eliminação da lavoura antiga, ou seja, a erradicação dos cafeeiros velhos, para deixar a área livre para início da preparação do terreno para receber o novo cultivo.
Existem diferentes sistemas de erradicação de cafeeiros, seja mediante arranquio e amontoa, seja por poda de esqueletamento prévio, seguida de arranquio e aproveitamento de lenha, sempre com o uso de maquinário, munido de lâmina ou de corrente, com dificuldades no manuseio do material erradicado.
No presente trabalho avaliou-se o uso na erradicação de cafeeiros de um equipamento na forma de uma trincha pesada, munida de laminas cortantes, chamada de Ecotritus, de fabricação da empresa Himev. O estudo foi feito na Fda Sta Helena, em Areado (MG), sobre 2 tipos de lavouras: a primeira da cultivar Mundo Novo, com 24 anos de idade, e a segunda da cultivar Icatu Vermelho, com 28 anos de idade, ambas no espaçamento de 3,7 X 0,8 m. Foram erradicados 14 ha de lavouras.
O equipamento Ecotritus utilizado foi do modelo HP 240, tendo 2,10 m de largura e sendo usado acoplado em um trator de 110 CV de potência, com redutor de velocidade, que operou em marcha a ré, com velocidades variadas.
Na lavoura de 24 anos e diâmetro do tronco menor (até 15 cm), a operação ocorreu a 700 m por hora e o equipamento operou sobre o pé de café inteiro, fazendo um bom serviço, deixando todo o material completamente triturado, cortando o pé quase rente ao solo.
Na lavoura com troncos mais grossos e com grande massa (lavoura de Icatu com mais de 28 anos de idade), foram observadas dificuldades de operação com esse equipamento, no modelo e potência de trator utilizados. O equipamento era capaz de triturar os cafeeiros, porém, com a grande massa de ramos, o caminhamento do trator de ré ficava embolado, provavelmente pela pequena distância entre pés de cafeeiros nas linhas, não dando tempo para a trituração no curto espaço entre um pé e outro.
Então foi feita uma adaptação de manejo na erradicação, a qual deu bons resultados. Colocou-se um trator cafeeiro comum decotando os cafeeiros (a cerca de 1,5 m de altura) e logo trinchando o material fino. Em seguida, vinha a operação com o Ecotritus, triturando toda a parte grossa e pesada do cafeeiro. Nesse caso ganhando-se em rendimento e, nessa condição, podendo operar com maior velocidade, de até 1,5 km/h.
Com base nos resultados obtidos, foi possível alcançar o rendimento, respectivamente, nas duas condições de operação teórica, de 3,8 horas e de 1,9 hs/ha, o que deve ser acrescido de cerca de 10% e 15% para manobras e paradas de abastecimento. O custo aproximado, por há, ficou em RS$ 1500.
No final do trabalho ficavam somente pequenos tocos com menos de 5 cm de altura pra fora do solo. Em seguida, no preparo para aproveitamento da área, no caso de plantios de café, quando observado o mesmo espaçamento de rua, bastaria sulcar e plantar no espaço entre duas linhas antigas de café. Deste modo, os pequenos tocos, algumas brotações que neles aparecem, seriam cortados por roçadeiras ou trinchas normais até morrerem, isto ao mesmo tempo em que se faz o controle do mato. Então, os tocos e suas raízes ali apodrecerem rapidamente.
No caso de mudança de espaçamento no novo cafezal ou cultivo, em rotação de um cereal, como deve ocorrer no caso em estudo, onde vai ser dado um descanso de um ano na área, aproveitando com cultivo de soja/milho, foi possível arrancar os tocos facilmente com o uso de um subsolador, fazendo-se catação e amontoa dos tocos com seu sistema radicular primário.
Detalhe da trincha especial Ecotritus, com o trator operando em ré, triturando o pé de café
Detalhe de como ficam os resíduos na linha de antigos cafeeiros após a operação com o Ecotritus – Fda Sta Helena - Areado (MG). Ago/18
Quando a massa de cafeeiros é muito densa, se indica fazer um decote prévio dos cafeeiros (como nas 2 linhs da esquerda) para depois operar com a Ecotritus, agora podendo-se operar com maior velocidade e rendimento