Observamos que as discussões sobre este tema vêm sendo recorrentes ao conilon, ultimamente, vivemos a velha história "o produtor não faz qualidade porque não tem preço, a indústria não paga a mais porque não tem volume". Sendo assim percebemos que o desafio é romper este paradigma.
No presente artigo abordaremos um estudo de caso realizado no município de Nova Venécia onde buscamos levantar os custos relativos ao café CD - cereja descascado. Cabe aqui salientar que há outras possibilidades em se fazer qualidade, porém o café CD representa uma agregação de valor importante principalmente por possibilitar a separação do café verde do maduro.
Os custos que serão apresentados são relacionados à propriedade em questão, para cada propriedade poderá se adequar um modelo de tamanho de equipamento e o rendimento do café CD em relação ao verde, coquinho e bóia poderão ser maior ou menor de acordo com a lavoura (material genético) e com o momento da colheita. O produtor tem conseguido fazer 65% do seu café como CD, qualquer mudança neste rendimento poderá aumentar ou diminuir a lucratividade em se fazer o café CD. Acreditamos que com os novos materiais genéticos plantados em linha como o café Vitória o rendimento no CD será muito superior.
Tabela1: Custos com o processamento do café conilon CD- Cereja Descascado - Sítio Boa Sorte.
Verificamos, portanto, que para o caso em questão o despolpamento se torna um bom negócio em função do preço superior deste café no mercado. Montamos dois cenários de preço para que o leitor possa avaliar melhor. O primeiro cenário é do preço do café convencional tipo 7, de R$ 162,00 e no segundo com o preço de R$ 200,00. Na COOABRIEL - Cooperativa Agrária dos Cafeicultores de São Gabriel, o café CD tem no preço de tabela 12% a mais que o convencional, além do acréscimo em se fazer um tipo 4, que é o tipo que o produtor vem conseguindo fazer.
No contexto do custo de produção buscamos abranger os itens do C.O.E. - Custo Operacional Efetivo ( Energia, mão-de-obra e manutenção) e no C.T - Custo Total contemplamos o C.O.E., acrescido da depreciação dos equipamentos e das benfeitorias, bem como da remuneração de capital destes fatores a taxa de 6% a.a. Verificamos que o maquinário trabalha com certa folga, pois o mesmo é usado somente durante 24 dias no ano, assim sendo o produtor possui possibilidade de aumentar o volume produzido o que reduziria o custo fixo.
Consideramos no item lucratividade todo o volume produzido de café, pois com o CD (65% da produção) o produtor agrega R$ 23,00 por saca em relação ao convencional tipo 7, enquanto com o restante da produção (35% que é o verde, bóia e coquinho) ocorre deságio de R$ 3,00 por saca.
Concluímos desta forma que o despolpamento nesta propriedade vem agregando nos preços de hoje R$ 9,34 por saca. Dessa forma produtores que possuam esta mesma escala de produção possuem viabilidade para realizar este processo. Para produtores de menor porte, a solução é a união em associações e/ou a adequação com equipamentos de menor custo e porte, portanto possibilitando ao produtor criar o volume de café desejado pelo mercado.