A correta identificação das causas de lesões no tronco de cafeeiros jovens tem sido objeto de muitas dúvidas dos técnicos que assistem aos produtores, pois, de fato, descobrir o tipo e a origem das lesões é difícil.
Lesões por vento em cafeeiros jovens, vendo-se a gravidade, que chega a quebrar o tronco (primeira foto) e as brotações, que podem ocorrer abaixo da lesão, as quais devem ser conduzidas pra formar um novo tronco
As lesões no tronco de cafeeiros, ainda jovens, normalmente aparecem em plantas no primeiro ano de campo. Elas se localizam no terço inferior do tronco, na parte mais próxima ao solo.
O conhecimento disponível, pela pesquisa e observação a campo, mostra que as lesões de tronco podem ser provocadas por cinco causas distintas:
1- A primeira causa, menos comum hoje em dia, é pelo efeito mecânico, com lesão provocada por ferimentos, por enxada ou outro implemento. Nas capinas e outros tratos, em condição semelhante, pode haver lesões por eventuais resíduos de adubos químicos, que podem queimar o tronco. Chuva de granizo, também por efeito mecânico, podem causar pequenas lesões no tronco.
2- A segunda causa, também menos frequente atualmente, é o tipo de lesão provocada por frio, por geada leve, conhecida como canela de geada. Ela mostra uma lesão mais longa e na forma de uma queima da casca do tronco da planta.
3- A terceira causa, hoje a mais comum, é a lesão provocada por vento, conhecida por canela de vento. Ela aparece, inicialmente, como um engrossamento do tronco, formando uma espécie de cortiça na casca, ocorrendo mais junto ao solo ou pouco acima. Cortando-se o caule, junto à lesão, podem ser vistos os tecidos internos frouxos (fadiga dos tecidos), pelo movimento constante, pelo vento. Junto ao solo pode-se ver, ainda, um pequeno buraco, deixado pelo deslocamento da planta, no dia a dia, pelo vento. Em casos graves ocorre até quebra do tronco junto à lesão. As observações de campo mostram que plantios em sulcos com terra não compactada, mudas/plantas com poucas raízes, nessa condição se fixando (firmando) menos ao solo, parecem mais susceptíveis a essa ação dos ventos.
4- A quarta causa, menos comum, são as de lesões provocadas por doenças tardias, podendo ser a rizoctoniose e, também, a Ascochyta, cujos ataques iniciais ocorreram no viveiro, nas mudas, e que, sob condições de umidade, podem reaparecer no campo.
5- Por último, pode haver, ainda, em poucos casos, a lesão por calor, estas aparecendo junto ao solo, em plantios muito profundos e, especialmente, em solos arenosos. O contato do caule com o solo quente pode causar lesões e até a morte das plantas, mais comuns em plantas bem jovens.
É preciso destacar que as lesões do tronco, no geral, ao interromperem o fluxo de seiva, especialmente a elaborada, costumam provocar o apodrecimento da parte inferior do tronco e, ainda, do sistema radicular da planta. Na parte aérea as plantas ficam amareladas e até secam, podendo haver rebrota no tronco, abaixo da lesão. Alerta-se que esse apodrecimento, onde ocorrem micro-organismos saprófitas e até insetos, como cupins e larvas de outros insetos, é secundário e isolamentos de fungos, nessa situação, não têm validade para caracterizar infecções.
Plantas com lesões no tronco, pela interrupção da seiva, acabam apodrecendo sua parte baixa e até as raízes, no final do processo, levando plantas à morte
Para diagnosticar os tipos e causas das lesões deve-se verificar o histórico da situação. Como era a muda, como foi feito o plantio e os tratos em seguida, verificar os fenômenos climáticos ocorridos na área (geada ou frio severo), e se existe condição de vento constante.
Na solução do problema, após constatadas as lesões, deve-se verificar se ocorrem brotações e aproveitá-las, cortando a parte da planta acima delas, formando-se, assim, novo caule. Em casos de morte, fazer a replanta o quanto antes. Preventivamente e de modo suplementar, manter condições que evitem as causas aqui levantadas através, por exemplo, de quebra ventos, de uso de mudas sadias, cuidados nas práticas culturais, etc.
Lesão no tronco por provável efeito de rizoctoniose tardia, pois as mudas tiveram problema dessa doença no viveiro