A cafeicultura de montanha, pela elevada declividade do terreno, apresenta dificuldades para a mecanização dos tratos, os quais são feitos manualmente, elevando os custos de produção de café.
Uma das alternativas, que vem se mostrando viável para possibilitar a mecanização dessas áreas montanhosas, tem sido a construção de pequenos terraços, nas ruas do cafezal, para viabilizar a entrada de tratores estreitos, com seus implementos, que passam a transitar sobre esses micro-terraços.
A construção dos terraços com maquinário tratorizado onera os custos, oferece riscos operacionais e, assim, se torna menos adequada às pequenas propriedades.
O sistema que foi adaptado para a prática de micro-terraceamento de cafezais, usa a tração animal, com um pequeno arado, puxado por um boi ou burro, no corte/revolvimento da terra que, em seguida, precisa ser removida. Essa operação, de acerto do terreno, vinha sendo feita com o uso de enxadas ou de vaca de madeira, com dificuldades de custo e no manuseio do dispositivo.
Para facilitar e reduzir o custo do trabalho desenvolveu-se uma lâmina, também de tração animal, para limpar e acertar/nivelar e alargar o piso do terraço, fazendo a pista de transito. Esta lâmina foi idealizada à semelhança de modelo existente nas máquinas que patrolam as estradas.
A lâmina é de aço, côncava, leve, com 20 cm de altura por 1,2 m de comprimento. Ela foi acoplada a uma estrutura de um arado metálico de tração animal, no qual foi retirada a aiveca. Foi mantido o talão do arado e, logo acima, foi soldada uma chapa, onde foi feito um orifício, para receber, através de um pino móvel, o acoplamento da lâmina. Para esse acoplamento, a lâmina recebeu, em sua parte posterior, 3 pequenas porções de tubos, ali soldados, um no centro e dois nas extremidades da lâmina, os quais possibilitam, conforme a necessidade, o posicionamento da lâmina, quando em trabalho, podendo ficar centralizada ou deslocada, para a direita ou esquerda, permitindo a angulação ideal para a remoção da terra, no seu movimento de ida e vinda, sempre posicionada para deslocar a terra para baixo,em relação ao declive.
A sustentação da lâmina, na posição de trabalho, é feita través de uma chapa, com vários furos, que permite a angulação desejada, a qual fica presa, com pinos móveis, um na extremidade da lâmina, outro no chassi do arado.
Após o corte da terra, feito através de 4-5 passadas do arado, a lâmina é usada em 2 passadas, começando de cima para baixo. Ela pode ser usada, ainda, para acertos futuros do piso dos micro-terraços, ou, caso necessário, até para capina/controle do mato que ali venha a crescer no cafezal.
O desenvolvimento e o teste da lâmina foi feito trabalhando em lavoura de café no município de Bom Jesus do Itabapoana, no estado do Rio de Janeiro, em terreno com solo lva, com declividade de cerca de 40%.
Com base nos bons resultados operacionais obtidos verificou-se que o dispositivo da lamina pode auxiliar, com maior rendimento e menores custos, a prática de micro-terraceamento, em cafezais de montanha, em pequenas propriedades.