ESQUECI MINHA SENHA CONTINUAR COM O FACEBOOK SOU UM NOVO USUÁRIO
FAÇA SEU LOGIN E ACESSE CONTEÚDOS EXCLUSIVOS

Acesso a matérias, novidades por newsletter, interação com as notícias e muito mais.

ENTRAR SOU UM NOVO USUÁRIO
Buscar

Gerenciando os custos e as ilusões da cafeicultura

POR RODRIGO TICLE FERREIRA

TÉCNICAS DE PRODUÇÃO

EM 07/06/2006

3 MIN DE LEITURA

16
0

Tem-se falado que a cafeicultura é hoje um dos setores mais lucrativos da agricultura brasileira. Certamente, se analisarmos o atual ano agrícola, não só comprovaremos tal afirmativa como também promoveremos uma nova corrida em busca de investimentos nesta atividade.

No entanto, em uma análise mais ampla o que se observa é a quase total descapitalização desse setor produtivo, caracterizado ultimamente pelo sucateamento das máquinas e das benfeitorias existentes nas propriedades, além do endividamento crescente de produtores de café.   

A euforia em relação à atividade é justificada se considerarmos apenas a safra de alta produtividade que será colhida neste ano em conjunção com os valores pagos pelo produto, que chegaram a mais de R$ 300,00/ saca. Dessa forma, todos os cálculos mostrarão a boa e também ilusória lucratividade da cafeicultura.

Vale ressaltar que, hoje, o produtor quase não se beneficia do momento pelo qual passa a cafeicultura, pois grande parte de sua safra está comprometida com financiamentos e/ou pagamento de insumos adquiridos para condução da atividade, os quais deverão ser saldados após a colheita.

São vários os fatores que levaram os produtores a esta situação. Dentre esses, a crônica instabilidade dos preços da saca de café, que dificulta sua comercialização, e os problemas climáticos que recentemente afetaram negativamente as produtividades das lavouras. Associado a estes fatores, tem-se finalmente como maior agravante o baixo valor médio pago pelo produto ao longo dos últimos anos que, aliás, esteve em geral, abaixo do custo de produção.

As dificuldades encontradas pelos cafeicultores podem ser justificadas ao analisarmos os custos de produção das duas últimas safras. Para uma produtividade média1 de 26,52 sacos por ha o custo total da saca foi de R$ 258,67 e o custo operacional efetivo dessa mesma saca foi de R$ 197,29 (Quadro 1).

Quadro 1 - Indicadores médios nas safras 2003/2004 e 2004/2005

Nota: COE - Custo operacional efetivo (desembolso ex: mão de obra, insumos, manutenções,colheita e outros); COT - Custo Operacional Total (COE + depreciação das lavouras, máquinas e benfeitorias + Pró labore); CT - Custo Total (COT + remuneração do capital empatado).
Fonte: Projeto Educampo Café Capal/Sebrae - Valores corrigidos pelo IGP-DI, base dez. 2005.

Considerando-se o valor médio de venda para o período de R$ 219,89 por saca (Quadro 2), o saldo obtido em relação ao custo total foi negativo, R$1.028,44 por ha. As depreciações das máquinas, benfeitorias e lavouras não foram pagas. Porém, a margem bruta2 foi de R$ 599,00 por ha. Dessa forma, foram pagos apenas os custos operacionais efetivos, reforçando-se a ilusão da lucratividade.

Quadro 2 - Preços médios pagos pela saca de café em reais ao longo dos últimos anos

Fonte: Central de Inteligência do Café (CIC) - Valores corrigidos pelo IGP-DI, base dez. 2005.

A análise dos valores apresentados acima corrobora, inclusive, o fato das propriedades não estarem adquirindo e/ou substituindo máquinas e implementos. Percebe-se, atualmente, que as poucas aquisições que vêm sendo efetuadas, são viabilizadas, na sua maioria, por meio de financiamentos, demonstrando, portanto, a frágil capacidade da atividade em manter ou até mesmo modernizar seus bens do inventário.

 Certamente políticas públicas são essenciais para reverter a situação descrita. Nesse sentido, cabe destacar as prorrogações das dívidas dos produtores e a manutenção de planos de custeio e de financiamento para o setor cafeeiro.
Porém, parte desse insucesso deve ser debitada da conta do produtor. Raramente sabe-se o valor correto gasto para se produzir uma saca de café e consequentemente o preço ideal de venda para que se obtenha lucro, mesmo que este seja pequeno. Além disso, muitas vezes são feitos investimentos infundados, seja na aquisição de máquinas e implementos ou até mesmo na implantação de novas áreas.

A Cafeicultura é um bom negócio. Dentre os valores que resultaram na média apresentada há inúmeros casos de sucesso e estes são creditados àqueles produtores que souberam administrar seus custos frente às adversidades da atividade. Coube a eles, e cabe ao produtor em geral, cada vez mais, se profissionalizar e gerenciar sua atividade de forma que ela se torne economicamente viável. Estes casos de sucesso serão abordados nos próximos artigos.

______________________________________________________________
1
 Dados referentes a região do Alto Paranaíba-MG. Considerou-se uma produtividade acima da média do País que é de 15 sacos por ha.

2 Margem Bruta = Renda Bruta - Custo Operacional Efetivo

16

DEIXE SUA OPINIÃO SOBRE ESSE ARTIGO! SEGUIR COMENTÁRIOS

5000 caracteres restantes
ANEXAR IMAGEM
ANEXAR IMAGEM

Selecione a imagem

INSERIR VÍDEO
INSERIR VÍDEO

Copie o endereço (URL) do vídeo, direto da barra de endereços de seu navegador, e cole-a abaixo:

Todos os comentários são moderados pela equipe CaféPoint, e as opiniões aqui expressas são de responsabilidade exclusiva dos leitores. Contamos com sua colaboração. Obrigado.

SEU COMENTÁRIO FOI ENVIADO COM SUCESSO!

Você pode fazer mais comentários se desejar. Eles serão publicados após a analise da nossa equipe.

ALEXANDRE MIRANDA LEÃO TEIXEIRA

VARGINHA - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 11/06/2008

Caro Rodrigo,

Parabéns pelas colocações, acredito fielmente que estes dados estão quase coerentes, a única coisa é que cada região (aliás, cada propriedade) possui seu custo, diferente uma das outras. Por isso não podemos criar um modelo único: as fazendas possuem custos diferentes para se produzir a mesma quandidade de sacas por hectare.

Não acredito em fórmulas prontas para chegar ao custo de uma propriedade, dadas as muitas variáveis na cafeicultura. Não adianta fazer um trabalho de planejamento em lavouras antigas com espaçamentos fora de uso e perfil produtivo totalmente abalado, como os da região de Minas Gerais. É a mesma coisa que planejar uma fábrica em decadência, com maquinários velhos que não produzem tão bem como os novos. Precisamos renovar, mudar conceitos, mudar nossa produtividade, para depois termos uma condição digna para amenizar o sofrimento dos produtores.

Aí sim teremos um planejamento sustentável!

Atenciosamente,
MARÍLIA STÉPHANIE BASTOS

POÇOS DE CALDAS - MINAS GERAIS - INSTITUIÇÕES GOVERNAMENTAIS

EM 23/02/2008

Olá Rodrigo!!!

Eu sou estudante de administração e tenho muito interesse pelo agronegócio, especificamente o café, durante o meu curso, estarei analisando, estudando tudo desde o plantio até a venda, as preferência, Afinal, estarei estudando tudo, o seu artigo é bem interessante e me ajudou..... Quero entender mais do café por isso me cadastrei neste site....

Obrigado, espero estar sempre lendo mais publicações e artigos seus....

M.S.B
RUBALDO PATRESI JUNIOR

POÇOS DE CALDAS - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 12/10/2007

Parabéns Rodrigo!

Na realidade, este seu artigo vem mostrar como é necessário a boa administração de custo, ou seja, devemos ser críticos quanto ao custo x benefício em nossas lavouras, olhando quadra a quadra antes de fazermos investimentos, este é o raciocínio que norteia nossa propriedade hoje.
ALDO D´ANGELO RODRIGUES ALVES

PATROCÍNIO - MINAS GERAIS - ESTUDANTE

EM 08/10/2007

Gostaria de parabenizar o Rodrigo pelo trabalho frente ao grupo de extensionistas do projeto Educampo. E dentro deste impactante título "...ilusões da cafeicultura", ressaltar certas incoerências que ainda norteiam o setor, muitas vezes ressaltadas pela paixão de produzir sem verificar as interdependências da cadeia e outros fatores de travamento produtivo.

Muitos ainda permanecem na idéia de aumentar a receita em detrimento dos custos das lavouras, caminho que ainda, atualmente, é mais difícil para os produtores, pois este depende de uma perfeita verticalização de toda cadeia produtiva e seus "cluster´s" envolvidos pela busca de um melhor preço para o café, o que capitaliza a atividade e motiva ainda mais o setor.

Abraço!!
OSMANE NUNES SODRÉ

VITÓRIA DA CONQUISTA - BAHIA

EM 12/02/2007

Perfeita a sua colocação em relação à cafeicultura. Isto faz com que nos tornemos mais atentos quanto à nescessidade de gerenciarmos melhor nossa atividade.
JULIANA ZACCARO PAGOTTO MONTEIRO

ARAXÁ - MINAS GERAIS

EM 06/02/2007

Oi Rodrigo,

Parabéns por tudo que você já fez pela cafeicultura da nossa região. Seu profissionalismo é realmente fantástico, tendo o Educampo um Excelente Profissional e os produtores, um grande parceiro e conselheiro que os ajuda grandemente na execução e nas tomadas de decisões em suas lavouras.

O artigo foi perfeito!

Grande Abraço,

Juliana
MARCOS DE OLIVEIRA BETTINI

UBERLÂNDIA - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 03/01/2007

As produtividades mencionadas no artigo demonstram que a cafeicultura precisa de muita tecnologia e capacitação!

Os números apresentadas compravam que a atividade não remunera bem a tão baixos níveis produtivos.

São conhecidas e comuns produtividades médias de 50sc/ha em café irrigado. Sabe-se também que o potencial é ainda bem maior, com relatos de 140sacas/ha.

Cabe a nós técnicos e produtores perceber a dura realidade dos números e fazer bem o que está a nosso alcance.

Melhorar muito a produtividade, a qualidade da produção e a gestão de custos.
EDUARDO CARDOSO VIEIRA

SALVADOR - BAHIA - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 21/11/2006

Política agrícola o País não tem. O produtor tem que caminhar sozinho ou agrupado em algumas associações ou cooperativas que funcionam melhor, no Sul.

O custo de produção subiu muito nos últimos 10 anos: adubos, defensivos, energia, combustível, mão de obra, etc. e o preço médio da saca se manteve.

A tecnologia empregada e a gestão da propriedade têm que ter como meta produtividades médias acima de 40 a 60 sacas/ha de café de boa qualidade e, a depender do sistema de produção e do modelo de cada fazenda/empresa, ainda dispor de reservas para enfrentar períodos de preços aviltantes.
JOSÉ ANTONIO PADIAL POSSO

MONTE CARMELO - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 21/10/2006

Parabéns Rodrigo!

Uma das maiores ameaças aos resultados é, sem dúvida, um aumento exagerado da oferta. Num momento em que se alardeia que na agricultura brasileira vão bem apenas a citricultura a cana e o café, torna-se bem oportuna a divulgação de dados com esses, que refletem a pura realidade do setor. Faço o controle dos custos e posso afirmar que com produtividade como as mencionadas a atividade não se sustenta. Também me interesso pelo comparativo entre lavouras de sequeiro e irrigadas, se você tiver disponível.

Um abraço.
ARNILDO MORAIS

ARAXÁ - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 13/07/2006

Parabéns, Rodrigo, pela matéria, pois, ela mostra o cenário em que se encontra a cafeicultura atual e desperta novos rumos para tomadas de decisões, tanto dos produtores rurais, como também dos nossos dirigentes políticos.

JOSÉ AUGUSTO RIZENTAL

MONTE CARMELO - MINAS GERAIS - INSTITUIÇÕES GOVERNAMENTAIS

EM 06/07/2006

Gostaria de parabenizar o Eng. Agrônomo Rodrigo Ticle pela feliz colocação.

Primeiro no sentido de gestão que considero o ponto chave da cafeicultura. Este aspecto recebe de pouca atenção, mas deveria ser mais divulgado, antes de qualquer outro assunto relacionado à cafeicultura.

Em segundo lugar, no sentido do produtor não levar em consideração os custos com depreciações e dessa forma ter uma ilusão da lucratividade.

Gostaria também de saber o ponto de equilíbrio médio para lavouras de sequeiro e irrigadas, com produtividades médias, nas diversas áreas do Cerrado Mineiro, acreditando que o pessoal do Sebrae, através do projeto Educampo disponibilize essas informações.
GUILHERME RANDO DE OLIVEIRA

OLÍMPIA - SÃO PAULO

EM 15/06/2006

Rodrigo, meus parabéns!

Gostei muito do seu artigo, e vale ressaltar o último parágrafo, onde você cita que há sucesso de produtores, em momentos de adversidades. Mas o sucesso ocorre somente para produtores profissionais, que se preocupam com os custos de sua produção.

Isso ocorre também no ramo da cana-de-açúcar, onde atuo, há 5 anos, que hoje é a "bola da vez", mas esteve em baixa, há tempos atrás. E quem sobreviveu foram os produtores profissionais que citei acima.

Um forte abraço e muito sucesso.







CESAR GALLI

CAMPINAS - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 14/06/2006

Caro Rodrigo,

Seu artigo é bem realista. Apenas os produtores que conseguirem melhores condições de produção (e de comercialização) permanecerão na atividade, após as "peneiradas" que, por certo, virão pela frente. Temos que ser sensatos e responsáveis no trato com nossas lavouras.
FABIANO FLUMIAN ARCAS PLAZZA

MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 14/06/2006

<p align=justify>Gostaria dar os parabéns para Rodrigo por esta reportagem sobre a realidade da cafeicultura atual.

Sou do Educampo de Araguari/MG. Nesta cidade, uma boa parte dos produtores se encontra na mesma situação mencionada acima.

Se todos os consultores, economistas e pesquisadores em café relatassem a atual situação da cafeicultura de modo detalhado, futuramente teríamos a chance de o nosso presidente entender a atual situação, não desmerecer tanto a classe agrícola produtiva de nosso país e, sim, proporcionar uma política agrícola adequada e honesta para a classe que sustenta nossa economia.</p>
JOSÉ MARCOS UNES TICLE

LAVRAS - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 14/06/2006

Prezado Dr.Rodrigo

Esta análise, realista e dura para nós produtores, vem mostrar que não há reconhecimento do valor da atividade e ela está longe de ser valorizada pelos administradores públicos. Visto que, a carga tributária embutida nos preços dos insumos e a vinculação dos mesmos às moedas fortes nos mantêm em constante desvantagem.

Artigos como este, claro e direto, servem para alertar o produtor de que realmente não existe mar de rosas.

Um grande abraço e que você continue nos proporcionando gotas de café que nos despertem.
WILLIAM AVILA

ARAXÁ - MINAS GERAIS - ESTUDANTE

EM 14/06/2006

<p align=justify> Achei o artigo bem atual e bastante realista. Ele caracteriza justamente a ilusão da maioria dos produtores ligados ao setor primário. A maioria desses agropecuaristas imagina que custos se referem somente aos diretos, aos desembolsos do dia-a-dia.

Na ilusão de uma onda de bons preços, acham que estão ficando ricos, compram logo uma caminhoneta do ano, adquirem um chapéu de lebre e se esquecem que, além de não ter caixa para a época das vacas magras, ainda não vão ter condições de investir na renovação e ampliação de seu imobilizado.

Assim, sempre o governo é o culpado e os bancos são os oportunistas. Também, no banco tem tanto dinheiro, que eles até emprestam. Então, pra que se preocupar com custos indiretos?

Abraço</p>

Assine nossa newsletter

E fique por dentro de todas as novidades do CaféPoint diretamente no seu e-mail

Obrigado! agora só falta confirmar seu e-mail.
Você receberá uma mensagem no e-mail indicado, com as instruções a serem seguidas.

Você já está logado com o e-mail informado.
Caso deseje alterar as opções de recebimento das newsletter, acesse o seu painel de controle.

CaféPoint Logo MilkPoint Ventures