Tendo em vista que o cafeeiro é uma planta de crescimento contínuo e que só produz em ramos novos, e levando-se em consideração que uma alta produção requer maior demanda nutricional e consome parte das reservas das plantas, caso não haja o devido fornecimento de nutrientes e dos demais tratos a planta conseguirá sim produzir muito, mas não terá condições para crescer e produzir na mesma proporção na safra seguinte. No caso do café conilon, entretanto, é perfeitamente possível tecnicamente a manutenção da produtividade entre uma safra e outra.
Percebemos que a maioria dos produtores não visualiza que o resultado dos tratos culturais e de manejo de adubação é para dois anos, portanto a safra colhida agora foi resultado do que o cafeicultor fez no período de julho de 2006 a julho de 2007 e não do que ele fez de julho de 2007 a julho 2008, que é o resultado que o mesmo terá em termos de produção e rentabilidade no ano de 2009.
Portanto, já é prática comum entre os cafeicultores a desmotivação e a crença errônea de que o melhor caminho é visar à diminuição de custos, principalmente com insumos, visando assim maior lucratividade. Mostraremos abaixo qual será a conseqüência da diminuição de adubação no "bolso" do produtor e como a grande maioria poderá perder a boa fase de preços da cultura e deixar de obter maior rentabilidade.
No quadro abaixo, temos a produtividade associada ao atual preço praticado no mercado com o café conilon que gera a renda por hectare. De outro lado temos o custo com adubação, baseado na produtividade e nas quantidades médias de nutrientes indicadas pelo manual de recomendação de adubação e calagem para o ES e no preço de adubo do dia 07/08/2008.
Por fim, temos a porcentagem da renda que será atribuída por faixa de produtividade e a relação custo/benefício que sintetiza quanto o investimento em adubação proporciona em retorno, ou seja, uma relação de 6,67 significa que para cada R$ 1,00 investido são gerados R$ 6,67 reais, e assim por diante.
Quadro 1: Indicadores de custos para adubação na safra 2008/2009.
Desta forma, como exemplo de análise, imaginemos um produtor que tem uma lavoura com projeção de 60 sc/ha para a safra 2008/09. Suponha que que ele resolva reduzir seus custos na faixa de R$ 465,00, fazendo assim uma adubação para 40 sc/ha.
O que ocorrerá que na safra colhida em 2009 é que o produtor obterá as 60 sacas, no entanto na safra de 2010 ele voltará para as 40sc/ha, perdendo assim R$ 4000,00\ha de renda. Levando-se também em consideração os demais custos com colheita e pós-colheita que ocorreram para as 20 sacas a mais colhida, teremos um custo adicional de R$ 600,00.
Portanto, o produtor que no nosso exemplo decidiu economizar com adubos, deverá deixar de ganhar R$ 2935,00\ha (R$ 4000,00 - R$ 465,00 - R$ 600,00) com a colheita em 2010, caso a saca seja vendida a R$200,00. Cabe aqui ressaltar que além da adubação correta, o produtor deve efetuar todas as demais atividades para que se obtenha tal resultado.
No gráfico 1, temos a projeção da produtividade do cafeicultor relacionada à porcentagem de sua renda que deverá ser utilizada para cobrir despesas com a adubação de solo.
Gráfico 1: Produtividade do cafezal relacionada à porcentagem da renda projetada para adubação na safra 2008\09
Verificamos assim que com o aumento da produtividade se tem um aumento de renda que por consequência diminui a percentagem de gasto com adubação de solo. Vale salientar que o custo da adubação por ha aumenta, só que a renda aumenta em maior proporção.
O que o cafeicultor deve analisar é a relação custo/beneficio da adubação pois na atual conjuntura, mesmo com a elevação do custo com adubo ainda é interessante a busca pela maior produtividade.
Para melhor análise dos dados é de fundamental importância o conhecimento do custo de produção que é inerente a cada produtor e respectiva propriedade, proporcionando assim uma adequada análise e busca do custo equilibrado, sem perda de renda.
Por fim podemos deixar como reflexão a seguinte frase do autor Peter Drucker: "O que não se mede não se gerencia", que em suma, significa que quem não conhece seus custos com precisão não terá ferramentas para ter o melhor retorno econômico da atividade.